A princípio estava em dúvida sobre se publicava este assunto no Borrocando ou aqui no Lugar; acabou saindo no Borrocando. Mas o texto ficou um pouco longo e um pouco com a cara deste espaço. E como não há regulamento nenhum que impeça sair em dois lugares...
Na última terça-feira meu compromisso principal era almoçar com determinados amigos, os cardeais, como os denomino. Lamentei não ter levado a câmera pois visualizei cartões postais que há muito não via, começando pela estação ferroviária em Nilópolis. Há 25 anos não punha os pés em um trem e eu adoro trens. Por todos os lugares vejo estradas abandonadas e trens desativados e fico muito triste. Por isso mesmo não levo muito a sério o trem bala nem acredito nele; além do mais nossa topografia não ajuda.
Atravessando o Campo de Santana a passos lentos fui enquadrando outros objetivos, a água coruscante onde deslizavam gansos à sombra de árvores centenárias, os preguiçosos gatos esparramando-se na relva, um monumento ao longe e as pessoas sentadas nos diversos bancos esperando o tempo passar. O fotógrafo lambe-lambe já fez parte dessa paisagem, eu mesmo tenho fotos tiradas nesse parque aos quatro, cinco anos. A profissão foi extinta à medida que a tecnologia avançava. Estranhei a não-existência de pintores ao ar livre captando toda a magia do lugar.
Na última terça-feira meu compromisso principal era almoçar com determinados amigos, os cardeais, como os denomino. Lamentei não ter levado a câmera pois visualizei cartões postais que há muito não via, começando pela estação ferroviária em Nilópolis. Há 25 anos não punha os pés em um trem e eu adoro trens. Por todos os lugares vejo estradas abandonadas e trens desativados e fico muito triste. Por isso mesmo não levo muito a sério o trem bala nem acredito nele; além do mais nossa topografia não ajuda.
Atravessando o Campo de Santana a passos lentos fui enquadrando outros objetivos, a água coruscante onde deslizavam gansos à sombra de árvores centenárias, os preguiçosos gatos esparramando-se na relva, um monumento ao longe e as pessoas sentadas nos diversos bancos esperando o tempo passar. O fotógrafo lambe-lambe já fez parte dessa paisagem, eu mesmo tenho fotos tiradas nesse parque aos quatro, cinco anos. A profissão foi extinta à medida que a tecnologia avançava. Estranhei a não-existência de pintores ao ar livre captando toda a magia do lugar.
Antigamente eu era o rei das ruas do Rio, conhecia a localização do ramo de comércio que me interessava, as lojas de materiais de construção, material eletrônico, discos, livros, papelarias, som e até coisas mais inusitadas como cortiça e afins. Eu precisava comprar rolhas e tive que me informar. Comprei duzentas. No caminho entrei numa casa de som usado e admirei um velho Pioneer funcionado perfeitamente, segundo o vendedor, e custando 520 reais.
Finalmente a Casa Cruz, já recuperada do incêndio e repleta de fregueses. Comprei duas folhas de papel medindo 0,75 x 0,55 a 8 reais a unidade; havia papel custando 40 reais a folha mas isso por enquanto não cabe no meu orçamento. Comprei ainda dois pincéis e um godê (godet) decente, para misturar os pigmentos.
Dez para o meio-dia, hora do almoço. Quinze minutos a pé. Fui pensando nos preços que um excelente aquarelista cobra por um quadro – duzentos, trezentos dólares. Há quem ache caro, a exemplo daquele marajá das Arábias que encomendou um retrato a óleo do seu galo de estimação e perguntou ao pintor pelo preço e pelo prazo. Preço: 10 mil reais; prazo: um mês. Passaram-se os dias e nada de o pintor dar início à obra. Apenas no vigésimo oitavo dia começou a pintar. No dia da entrega e do pagamento foi contestado pelo marajá. Havia cobrado por um mês de trabalho mas fez o quadro em apenas três dias.
- E os 27 dias em que fiquei, exaustivamente, estudando todos os detalhes da exótica ave?, retrucou o mestre.
Pensem bem: papéis caros, moldura, pincéis e tintas de qualidade, o tempo dispensado à aprendizagem, mais o preço de um artista renomado. Me aguardem: quem quiser que eu pinte seu gato de estimação, não vai sair barato!
Para concluir, a história de um amigo que comprou dois ou três quadros oferecidos por um pintor lá mesmo no local de trabalho. Com o passar do tempo o artista tornou-se petulante e sugeriu que ele comprasse toda a coleção.
- E observe o seguinte, meus quadros só tendem a valorizar, principalmente após meu passamento. E eu lhe prometo morrer muito em breve, arrematou, rindo gostosamente.
- E observe o seguinte, meus quadros só tendem a valorizar, principalmente após meu passamento. E eu lhe prometo morrer muito em breve, arrematou, rindo gostosamente.
O almoço foi muito bom apesar da presença de apenas quatro companheiros, quando o habitual são doze, quinze. A conversa ficou mais concentrada, disseram. Muita cerveja, pouca comida, que estou de dieta. A cerveja foi tomada com moderação e ajudou na fluidez do verbo. O Nunes “esqueceu” um compromisso e se apresentou como uma pessoa desprovida de quaisquer problemas, pelo menos naquele momento. E eu me sentia muito leve, descansado e também não vislumbrava qualquer perturbação no horizonte; e não era por causa da loira gelada.
2 comments:
Quando estudei no Internato, eu trabalhava na vigilância, e muitas vezes ficava sentado no mourão da cancela para ver e contar os vagões.
Quando morei em Formigas-MG, na primeira semana, paramos numa esquina para ver o trem passar, e que agonia: foram 3 locomotivas e mais de 60 vagões... foram quase uma hora vendo o trem passar.
Adão Braga
Gostei da sua aquarela! As cores das frutas ficaram boas!
Falando em arte, você gosta de caricatura? Tem interesse em ganhar uma? Se quiser, passe no meu blog e veja o meme. Um abraço!
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