Lugar_RSI

AvatarLugar do Real, do Simbólico e do Imaginário
Aqui não se fala dos conceitos de Lacan e a palavra lugar deve ser pensada em sua definição matemática

A dama de vermelho (the woman in red)

Kelly LeBrock

Ela ainda é um mulherão

O Pergunte ao Urso, pelo Twitter, foi muito cruel dizendo que a natureza foi mais que cruel com Kelly LeBrock. E enviou as duas fotos acima, o antes e o depois. Aproveitei para rever no You Tube alguns trechos dessa comédia deliciosa, The Woman in Red, com fundo musical de Stevie Wonder.

E eu me lembro da canção cantada por Vicente Celestino (já ouviram falar dele?) intitulada Talento e Formosura, cuja autoria foi atribuída a Catullo da Paixão Cearense. Catullo, apesar de tocar violão e ter trânsito entre presidentes da República e personalidades ilustres da vida brasileira, como Rui Barbosa, era tão somente um poeta. Assinava as músicas como sendo suas quando apenas escrevia os versos, sem dar nenhum crédito aos verdadeiros músicos. Numa relação de faixas gravadas pelo tenor Vicente Celestino, Edmundo Octávio Ferreira aparece como autor de Talento e Formosura.

Mas é o caso, a formosa deve ter esnobado o poeta, recusado uma contradança e, entre uma e outra volta o poeta engendrou sua vingança. Não se aplicaria à dama de vermelho, que até queria dar para o aloprado Gene Wilder quando, de repente, antes do bem-bom, o marido entra em cena. Abaixo, os versos de Catullo. E se quiser ouvir a voz do tenor brasileiro e sentir a atmosfera das melodias que inebriavam a juventude num tempo distante, é só clicar no player.

Finalmente: a LeBrock ainda está muito bonita, ostenta a beleza própria da terceira idade. Penso que a patada do Urso não a atingiu.







TALENTO E FORMOSURA

Tu podes bem guardar os dons da formosura
Que o tempo, um dia, há de implacável trucidar
Tu podes bem viver ufana da ventura
Que a natureza, cegamente, quis te dar

Prossegue embora em flóreas sendas sempre ovante
De glórias cheia no teu sólio triunfante
Que antes que a morte vibre em ti funéreo golpe seu
A natureza irá roubando o que te deu

E quanto a mim, irei cantando o meu ideal de amor
Que é sempre novo no viçor da primavera
Na lira austera em que o Senhor me fez tão destro
Será meu estro só do que for imortal

Terei mais glória em conquistar com sentimento
Pensantes almas de valor e alto saber
E com amor e com pujança de talento
Fazer um bardo ternas lágrimas verter

Isto é mais nobre é mais sublime e edificante
Do que vencer um coração ignorante
Porque a beleza é só matéria e nada mais traduz
Mas o talento é só o espirito e só luz

Descantarei na minha lira as obras-primas do Criador
Uma color da flor desabrochando à luz do luar
O incenso d'água que nos olhos faz a mágoa rutilar
Uns olhos onde o amor tem seu altar

E o verde mar que se debruça n'alva areia a espumejar
E a noite que soluça e faz a lua soluçar
E a estrela d'alva e a estrela Vésper languescente
Bastam somente para os bardos inspirar

Mas quando a morte conduzir-te à sepultura
O teu supremo orgulho em pó reduzirá
E após a morte profanar-te a formosura
Dos teus encantos mais ninguém se lembrará

Mas quando Deus fechar meus olhos sonhadores
Serei lembrado pelos bardos trovadores
Que os versos meus hão de na lira em magos tons gemer
E eu, morto embora, nas canções hei de viver

2 comments:

6 de abril de 2009 às 17:14 Balinha de Menta disse...

Nossa, Luiz, arrasou no post! A verdade é que músicas e letras como essas não se fazem mais!
Tudo hoje é muito sucinto e sensual demais!
Agora quanto a Kelly LeBrock, concordo com vc ainda dá pro gasto. Afinal, essas mulheres vivem da sua própria imagem!
Bjs, Balinha de Menta.

21 de setembro de 2011 às 21:45 Anônimo disse...

realmente,é uma linda obra do parnasianismo brasileiro.a cultura atual não alcança a profundidade destas palavras tão habilmente construidas.é uma pena alimentar a dúvida se é de catulo ou não, pois até agora eu o tinha como um dos maiores poetas do cancionismo brasileiro.isto não deixa de ser uma ELEGIA.
ALMIRO SILVA- BAURU- MULTFLAMULAS@HOTMAIL.COM

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