Lugar_RSI

AvatarLugar do Real, do Simbólico e do Imaginário
Aqui não se fala dos conceitos de Lacan e a palavra lugar deve ser pensada em sua definição matemática

Apetite voraz

Alô, alô, marciano, aqui quem fala é do Lugar_RSI. A coisa aqui está preta, tá ficando russa. Estou na maior fissura, até com diversos assuntos na cabeça porém meio desmotivado - não vou dizer completamente down, como a Elis Regina, uma das rainhas da canção brasileira, ao interpretar a composição da Rita Lee.

Reparem que o último artigo aqui publicado foi do Haroldo Barboza. Ele me socorre novamente. Aliás, fica definida a terça-feira como o dia para os seus artigos, se bem que ele me envie outros durante a semana. Nunca é demais repetir - o Haroldo transita pela prosa, poesia ou humor com a mesma desenvoltura. Porém minha preferência é pelo estilo contestador apresentado abaixo onde ele desafia os petistas, lulistas, companheiros em geral e corruptos de todos os matizes a mostrarem a cara diante do atual grau de corrupção que grassa no país.

Apetite voraz

Haroldo Barboza

Quem tem esperança (como eu) que alguma entidade respeitável da sociedade venha empunhar a bandeira da cruzada pelo resgate da moralidade pública, mais uma vez fica decepcionado. Como se não bastasse o silêncio de antigos conglomerados de verdadeiros patriotas (agora dominados), neste momento se soma a este contingente a UNE, que na metade do século XX atuava (algumas vezes atabalhoadamente por força da impetuosidade da juventude) na luta pela preservação de algum ideal concreto.

Mas o tempo passou, os líderes foram banidos ou corrompidos e o grupo atual que a integra deve estar sendo afetado pelos efeitos da falta de valores morais e éticos dentro dos próprios lares. A entidade acaba de ser “agraciada” com uma doação (imposto nosso) federal de R$ 10 MI para atender seus projetos”(?).

Desta forma, sem seus membros mais aguerridos para formar opiniões com argumentos saudáveis, quem acredita que ela se manifeste para exigir um processo digno de educação para nossos jovens desnorteados que em breve estarão em idade para começar a produzir projetos úteis à sociedade?

O que vemos atualmente? Trotes em faculdades onde calouros são afogados em piscina. Jovens drogados que queimam índios no planalto central. Médicos jovens (mal formados e mal assessorados) que operam o lado direito do crânio de uma moça que bateu com o lado esquerdo na pia de casa. Residentes que transitam entre o hospital e o restaurante com o mesmo guarda-pó onde vírus se aconchegam.

O processo para desmoralizar poderosas vozes de credibilidade segue em ritmo acelerado. Sobram poucas resistências entre as forças armadas e membros da Justiça. Verbas que deveriam ser aplicadas em programas sociais para aprimorar a nossa qualidade de vida e crescimento real da produção são usadas para farras dos cartões corporativos, mensalões e agrados.

E o exemplo logo é absorvido nas escalas inferiores. O Governador do Rio está pronto para adquirir um helicóptero francês (Carla Bruni fez lobby?) de R$ 12 MI para uso próprio. Este valor daria para manter ativas as unidades de ortopedia que foram suspensas nas UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) nesta 1ª. Semana de março de 2009!

Este descaso com a saúde popular efetivamente representa um ato de traição (este foi seu trampolim eleitoral) que é a característica comum destes políticos que há mais de 20 anos se locupletam com nosso dinheiro na certeza de que nossa acomodação nada produzirá para terminar com a confortável impunidade reinante.

Os freqüentadores regulares das frias filas das madrugadas em busca da vergonhosa senha (já tem mercado negro nisto) estão entregues ao bom humor de seus anjos protetores. Ou ao apetite dos micróbios que infestam os imundos corredores hospitalares. Talvez com uma fome menor do que a dos devoradores de nossos impostos. E de nossas paciências.

Celular da felicidade

Você escreve bem, escreve bem mesmo? Então não custa nada fazer uma pesquisa na internet por CONCURSOS LITERÁRIOS. Eu escolhi três títulos que me pareceram interessantes: Concursos & Prêmios Literários, Guia de Concursos Literários e A Garganta da Serpente. Essas páginas, dentre inúmeras outras, divulgam os diversos concursos literários existentes.

Você leva fé no seu taco, digo, na sua pena, ou no seu mouse? A Academia Brasileira de Letras oferece uma premiação de R$ 30 mil para autor de livro inédito ou publicado depois de 10 de janeiro de 1999, sobre a vida ou a obra de Euclides da Cunha. Esse concurso faz parte das comemorações do centenário de nascimento do autor de Os Sertões.

Não é fácil, mas não se desespere. Há outros concursos mais "fáceis". Uns têm limitação de tema, outros têm limitação de idade, uns admitem todas as categorias literárias: romance, conto, poesia, crônica, etc, outros se restringem à poesia ou ao conto. O importante é participar.

Haroldo Barboza certamente conhece o caminho das pedras. Falo isso porque ele foi, virtualmente, ao Rio Grande do Sul e se inscreveu no 1o Concurso Literário Castro Alves, instituído pela Academia Rio-Grandina de Letras. E ficou com o terceiro lugar. Como diz o outro: eu queria ter um filho assim.

Celular da felicidade

Haroldo Barboza

Zanata, professor aposentado de Matemática, viúvo com mais de 94 anos e sem filhos, vivia sozinho no seu médio e confortável apartamento de último andar, à beira da praia. Sua aposentadoria lhe permitia pagar bem a uma empregada para efetuar a limpeza da casa, lavagem de roupa e preparação do almoço. À noite, tomava uma lata de cerveja com biscoitos amanteigados.

Tinha boa visão e todo dia fazia sua caminhada matinal ao longo da areia, o que lhe ajudava a não ultrapassar os 108 quilos. Era bem quisto por todos os vizinhos da região. Quando solicitado, ajudava aos estudantes atrapalhados com as frações e equações ameaçadoras. Nas épocas festivas, distribuía comida e brinquedos entre as crianças mais pobres do bairro. Nas festas natalinas, ele se fantasiava de Papai Noel há mais de 15 anos. Nas reuniões do condomínio, sempre opinava com equilíbrio e moderação. Participava de qualquer mutirão para obras de conservação do edifício ou do bairro. Os moradores do prédio admiravam sua disposição, em função das diversas doenças que lhe atormentavam desde os 60 anos : tuberculose, cirrose, artrite, úlcera, quatro ataques cardíacos, tendinite e rins. E mesmo assim, não dispensava fumar dois maços por dia, uma garrafa de conhaque por semana, feijoada, vatapá, maionese e comidas apimentadas. Sua esposa Dora falecera aos 75 anos, esbanjando saúde. E ele, aí estava, apesar de todo seu descuido.

No primeiro domingo de agosto, pela manhã (folga da empregada) nublada, ao sair para seu passeio matinal, abaixou-se para pegar o envelope azul sobre o tapete em frente à porta da cozinha (não usava a porta social, obstruída pela mesa que abrigava o micro e a impressora). Tinha seu nome e endereço. Não havia indicação do remetente. No seu interior, uma tira de papel com letras tipo courier new dizia :

"Querido Zanata : hoje você está recebendo o primeiro algarismo (2) do número de um telefone especial. Antes do início de outubro, você receberá os demais algarismos. Assim que receber o décimo, telefone. Temos uma ótima notícia para lhe dar."

Guardou a tira no bolso e desceu. Perguntou ao porteiro se ele havia colocado algum envelope sob sua porta. A resposta foi negativa. Imaginou tratar-se de alguma brincadeira de alguma adolescente que também gostava de Matemática e estava lhe preparando algum enigma. Esqueceu do assunto e foi ao passeio na beira da praia quase deserta.

E como anunciado no 1º bilhete, os demais foram chegando a cada semana. Os oito algarismos seguintes, foram: 9, 9, 4, 9, 2, 0, 2 e 4. Faltava um. No último domingo de setembro, acordou com o ruído das fortes trovoadas.
Levantou-se, fez sua higiene pessoal e abriu a porta sanfonada da varanda da sala. Como o envelope azul conseguiu chegar até a cadeira de balanço? Depois pensaria nisso. Desceu o toldo, pegou seu celular, sentou-se na cadeira e abriu o envelope, com o coração palpitando de curiosidade, sem se importar com os pingos da chuva que lhe atingiam devido ao vento. Leu o último bilhete da série:

"Querido Zanata : conforme combinado, aqui está o último algarismo (2) prometido. Agora, faça contato."

Assim que digitou o último algarismo do número 2-994-920-242, aguardou apenas um toque. Do outro lado, surgiu a voz inconfundível de Dora. Também lhe pareceu sentir o aroma de gardênia, que ela usava.

"- Querido Zazá: apesar do seu relaxamento com sua saúde, você foi preservado por ser útil à humanidade. Mas sua missão já foi cumprida. Este número que você acaba de discar, corresponde à quantidade de segundos de alta qualidade que você viveu nestes quase 95 anos! É a senha para chegar até onde estou. Venha, meu bem, pois há mais de 15 anos eu o espero para vivermos nossa felicidade eterna."

Um raio desceu pela antena do celular e Zanata morreu fulminado com um doce sorriso nos lábios.

Um PAC com Dilma

Publiquei, recentemente, uma literatura de cordel de Miguezim de Princesa. Alguns dizem que ele também se assina como Zé Piaba, são o mesmo poeta. Vi o presente cordel em algumas páginas por aí, inclusive no blog da Dilma. Como há pessoas que são a favor do "falem mal mas falem de mim"... Essa do cofre do Adhemar foi mal!

Miguezim de Princesa está presente no Recanto das Letras. Qualquer verso seu é bálsamo para o fígado. Ele quer ser diretor no Senado de qualquer maneira ("Eu quero a minha diretoria"). Não há mais vagas? Sem problemas!
"Eu topo qualquer lugar,
Até mesmo pra escovar
O bigode do Sarney".

Zé Piaba

Quando vi Dilma Roussef
Sair na televisão
Com o rosto renovado
Após uma operação,
Senti que o poder transforma:
Avestruz vira pavão.

De repente ela virou
Namorada do Brasil:
Os políticos, quando a veem,
Começam a soltar psiu,
Pensando em 2010
E nos bilhões que ela pariu.

A mulher, que era emburrada,
Anda agora sorridente,
Acenando para o povo,
Alegre, mostrando o dente,
E os baba-ovos gritando:
É Dilma pra presidente!

Mas eu sei que o olho grande
É na montanha de bilhões
Que Lula botou no PAC
Pensando nas eleições
E mandou Dilma gastar,
Sobretudo nos grotões.

Senadores garanhões,
Sedutores de donzelas,
E deputados gulosos,
Caçadores de gazelas,
Enjoaram das modelos,
Só querem casar com ela.

Eu também quero uma lasquinha
Uma filepa de poder
Quero olhar nos olhos dela
E, ternamente, dizer
Que mais bonita que ela
Mulher nenhuma há de ser.

Eu já vi um deputado
Dizendo no Cariri
Que Dilma é linda e charmosa,
Igual não existe aqui,
E é capaz de ser mais bela
Que Angelina Jolie.

Dilma pisa devagar
Com seu jeito angelical,
Nunca deu grito em ninguém
Nem fez assédio moral
Ou correu atrás de gente
Com um pedaço de pau.

Dilma superpoderosa:
Oito bilhões pra gastar
Do jeito que ela quiser,
Da forma que ela mandar,
Sem contar com o milhão
Do cofre do Adhemar .

Estou com ela e não abro:
Viro abridor de cancela,
Topo matar jararaca,
Apagar fogo na goela,
Para no ano vindouro
Fazer um PAC com ela.

A cinco meses ou há cinco meses?


Aqui neste blog você encontrará pequenos erros: a troca de x por s, de z por s, e vice-versa, e até equívocos de acentuação, que ainda não me adaptei à reforma ortográfica e, bem antes dela, acentuação sempre foi meu calcanhar de Aquiles. Erro de digitação não pode me justificar já que reviso tudo que escrevo.

Agradeço a quem encontrar uma distração minha, nessas mal traçadas linhas, avisar-me "discretamente", sem expor minha ignorância à execração pública.

Dia após dia me deparo na internet com maneiras erradas de tratar o vernáculo. A ocorrência mais frequente é a confusão entre o modo de se referir a fatos passados e a acontecimentos futuros. É comum lermos, mais em comentaristas de blogs: isso aconteceu a muito tempo. Ou ainda: isto acontecerá daqui há dois anos. Explicação definitiva: passado - isso aconteceu há muito tempo -, usa-se o verbo haver. Futuro: isto acontecerá daqui a dois anos - usa-se a preposição a.

Eu tenho muitas dúvidas a respeito da "última flor do Lácio, inculta e bela", o problema é não tê-las. Se você tem dúvidas sobre o tempo de um verbo, regência verbal, etc, tudo se encontra na internet. Por exemplo: sobre a cedilha há coisas interessantes. No castelhano antigo Cícero soava Kíkero, então foi colocado um pequeno Z por baixo do C para abrandar-lhe o som. Este Z passou a ser chamado zedilla e, posteriormente, cedilla e depois adicionado à letra sob a forma de uma vírgula. Em 1536, Fernão d'Oliveira, nosso primeiro gramático, ainda escrevia "çidadão" e "Çíçero", prática criticada em 1576 por Duarte Nunes de Leão, que recomendava usar cedilha apenas antes de A, O e U.
No entanto, alguns blogueiros ainda escrevem criançinha como diminutivo de criança. Lamentável!

Tenho insistido na publicação de posts enfatizando a diferença entre há muito tempo e daqui a algum tempo. É tudo uma questão de raciocínio. Há pessoas que se confundem no emprego de uma simples crase. A crase é a contração da preposição a com o artigo a. Por exemplo: entrega a domicílio. Domicílio é masculino, então não há crase.

Entrega a domicílio encerra outra polêmica - alguns "puristas" da língua inventaram a entrega em domicílio, do mesmo modo como trocaram risco de vida por risco de morte. Achei a explicação definitiva no Recanto das Letras. E continuarei entregando a domicílio. Mas quem quiser pode entregar em domicílio, é uma questão de interpretação.

Isto posto e decidido a dar minha contribuição para que as pessoas evitem falar e escrever coisas como "estou meia perdida (mulher)" e "estou usando menas quantidade", deixarei aqui no blog, na primeira sidebar, alguns pares de termos onde um, erradamente, é usado no lugar do outro.

Para mais exemplos pode clicar em Revista Língua Portuguesa, de onde saiu inclusive a ilustração acima.

Notícias bizarras ou sonhos recorrentes?

Este resumo não está disponível. Clique aqui para ver a postagem.

Carteira da Paz


O amigo Haroldo Barboza é viciado em escrever. Ele empresta seu talento a blogs e sites diversos como o Recanto das Letras, Para Ler e Pensar, Jornal da Besta Fubana (recomendo a leitura), e outros. Sempre é matéria de relevância, embora no presente artigo eu tenha sentido falta da citação de uma fonte para se comprovar que não se trata do humor apresentado no artigo anterior, que encontrei pesquisando essa maluca dessa carteira do torcedor.

Haroldo Barboza

Um "alumiado" figurão do poder que se locupleta no planalto com nossos impostos elevados, acordou com uma "brilhante" idéia! Criar uma carteira para ser adquirida pelos frequentadores dos estádios de futebol e a ser passada numa catraca. Deve ser o projeto "piloto". Depois deve ser expandido para ginásios de basquete, vôlei, skate, circuito de corridas de carros e talvez igrejas (onde corre a sacolinha para quem não quiser ser excomungado).

Segundo o autor da idéia, de posse desta carteira o torcedor terá garantia para adquirir ingresso (será que o cambista vai exigir este documento?) e a violência entre as torcidas será reduzida, pois a polícia facilmente identificará os brigões.

Quatro perguntas para começar a polêmica:
1 - como deve proceder um turista paraguaio para comparecer ao estádio?
2 - como a tal carteira evitará que valentões em grupos se esfaqueiem a duas quadras do estádio?
3 - num país onde a impunidade está disseminada, a tal carteira vai garantir a prisão dos condenados considerando que muitos são da linha filhos das elites queimadores de índios Pataxós"?
4 - se a carteira tiver um mecanismo para impedir a entrada do incauto isto vai evitar que ele use a carteira de um primo ou dê 20 pilas ao roleteiro para entrar pela porta dos fornecedores e jornalistas?

Tal medida está cheirando a alguma armação para plastificar um pedaço de papelão com foto e implantação de catracas para dar dinheiro a alguma empresa fabricante de crachá de propriedade de algum gajo ligado à FIFA e que deverá vencer a licitação "honesta". Sem esquecer de ratear a diferença do superfaturamento, é claro.
Caso um ser normal crie um "banzé" num restaurante pelo bife duro e pise no pé do garçon, é processado por danos físicos. Um arruaceiro de estádio que depreda as instalações locais e coloca um torcedor em coma ou na cova, filmado, identificado e capturado é levado à mesa do Delegado. Se tiver cabelos louros e olhos azuis, é liberado com a seguinte mensagem aos pais que vão buscá-lo:
- "não faça mais isso que é muito feio!".
Se for mulato, tiver emprego e título de eleitor, é levado à presença do Juiz que o condena a pagar 5 cestas básicas e o libera para novos confrontos. Se for escuro, maltrapilho, desempregado e bêbado, dorme uma noite no corredor da delegacia e no dia seguinte é chutado para as ruas.

Conclusão: temos muitos cadastros e controles mas não executamos o básico: CADEIA neles!
Para evitar desperdício de recursos (tempo, dinheiro e futura CPIzza), sugiro que cada torcedor, ao atravessar a roleta do estádio, passe seu título de eleitor numa leitora ótica que simultaneamente fotografa seu rosto.

Desta forma, este atual inútil documento passará a ter alguma serventia. Se fosse bem usado (e com transparência do sistema) formaríamos uma legião decente de políticos.
E poderíamos freqüentar os estádios com a família em paz. Sem carteira.

Novaes - A carteira

Encontrei o presente artigo no JB online, pesquisando uma certa carteira do torcedor, objeto do post da autoria de Haroldo Barboza.

Carlos Eduardo Novaes

De férias no Rio o baiano Edvaldo aproveitou para assistir a um Fla-Flu e mostrar o Maracanã ao amigo argentino Juan Facundo. Os dois chegaram em cima da hora, compraram os ingressos e ficaram presos na roleta. O funcionário da Suderj foi a Edvaldo.
– Passa a carteira!
O baiano sabendo da onda de assaltos no Rio pegou a carteira de dinheiro e entregou ao funcionário.
– Não é essa. O senhor tem que passar a carteira de torcedor na catraca.
– Deixei em Salvador. Sou torcedor do Bahia.
– O senhor não torce por algum time do Rio?
– Tenho simpatias pelo Flamengo.
– Infelizmente ainda não temos carteira de simpatizante. No futuro quem sabe? Preciso de sua carteira de torcedor.
– Serve a de sócio do Bahia?
– Sócio nem sempre é torcedor. Quem me assegura que o senhor não é um mutuário, um jogador, um contribuinte, um pedestre querendo se passar por torcedor?
– Quer que eu cante o hino do Bahia?
– Quero que o senhor me mostre a carteira de torcedor. Se não tem vai precisar tirar segunda via. Só que a segunda via como disse o doutor Ministro, é paga.
– Onde é que eu pago?
– No banco! O senhor compra um Darf , vai ao banco, depois junta duas fotos, CPF, carteira de identidade e comprovante de residência. Dentro de uma semana receberá a carteira de torcedor em casa.
– Mas hoje é domingo! Eu quero ver esse jogo! Eu volto para Salvador amanhã.
O funcionário foi perguntar ao seu superior como resolver aquela situação.
– Esta situação não está prevista nos Estatutos – disse ele ao baiano. – Mas vamos quebrar esse galho para o senhor. Vamos lhe dar um cartão de "torcedor provisório".
– Muito obrigado.
– Mas antes o senhor terá que preencher um formulário na salinha do Ministério do Esporte. Fica do outro lado do estádio. Vai logo. Aproveita que a fila está pequena.
– E quanto ao meu amigo aqui?
– Ele é torcedor?
– Ele detesta futebol.
O funcionário retornou ao seu superior para saber o que fazer diante daquele caso não previsto nos Estatutos. Como é que um cara que tem horror a futebol vai ter carteirinha de torcedor?
– Sinto muito, ele não vai poder entrar. A carteira é de torcedor! Se ele não é torcedor não tem direito. É como um titulo de eleitor entende? Se o cidadão não é eleitor para que o titulo?
Edvaldo chamou Juan a um canto, confabularam e o baiano voltou ao funcionário:
– Ele disse que já foi a um jogo do Boca Juniors em Buenos Aires!
– Um jogo? Não basta. O Estatuto diz que para ser considerado torcedor o cidadão precisa no mínimo ter assistido a três partidas oficiais!
Edvaldo apelou:
– Dá um jeitinho aí, meu camarada. Ele veio da Argentina só para conhecer o maior estádio do mundo.
– Vou ver o que posso fazer.
Foi ao seus superior e voltou com uma solução:
– Ele poderá entrar como "acompanhante de torcedor". Mas veja bem ele não terá direito a pular, gritar nem xingar o juiz. Se for apanhado agindo como torcedor será posto para fora do estádio.

Edvaldo nem precisou contornar o Maracanã. Logo ali próximo à entrada havia um cambista vendendo carteiras de torcedor.

Bizarrice demais: Clinton x Obama

Desculpe, Bill, prefiro beijar meu novo chefe!

A Excomunhão da Vítima

Recebido por e-mail

(Por Miguezim da Princesa *)

I
Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria,
Inteligência e razão,
Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração.

II
Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão.

III
Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.

IV
Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.

V
O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.

VI
Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.

VII
É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.

VIII
Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.

IX
Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.

X
E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.


(*) Poeta popular, Miguezim de Princesa,
é paraibano radicado em Brasília.

TSE concede prazo para DEM e PSDB contestarem defesa de Lula e Dilma

da Folha Online
O que está em azul é comigo (com a atenção dos amigos do Lula)

O ministro Arnaldo Versiani, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), concedeu prazo de 48 horas para que o DEM e o PSDB se manifestem sobre a defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).

A oposição ingressou no TSE com representação contra Lula e Dilma. O DEM e o PSDB sustentam, na ação, que eles usaram o encontro nacional de prefeitos realizado em Brasília para divulgar a pré-candidatura da petista ao Palácio do Planalto.

A defesa dos companheiros, como sempre, tem por orientação procurar enquadrar a oposição em crime de igual monta. E citaram a reunião de Serra, também com prefeitos.

O DEM questiona o fato de Lula e Dilma terem anunciado, no evento, um "pacote de bondades" aos prefeitos tendo a ministra como sua principal divulgadora.

Como o evento foi patrocinado pelo governo federal, o DEM e PSDB sustentam que o ato assumiu viés "tipicamente eleitoreiro" - especialmente pelas sucessivas citações de Lula a Dilma. A oposição menciona, na ação, a fotomontagem montada do lado de fora do evento pela qual os prefeitos podiam inserir suas imagens ao lado de Lula e Dilma, numa espécie de "santinho eleitoral".

Lula, mais uma vez, não sabe de nada sobre esse buchincho das fotomontagens. Para quem não sabe o que é buchincho, ou bochinche, vamos ao Houaiss:
1 baile das classes menos favorecidas; arrasta-pé
2 espécie de batuque ou divertimento próprio da plebe
3 perturbação da ordem; arruaça, desordem, briga
4 empresa, oficina etc. mal administrada; anarquia, bagunça

Lula é mais falso que uma nota de três reais. Esse post é uma homenagem aos seus amigos que insistem em defendê-lo dizendo que está fazendo um bom governo - quem sabe o que é um bom governo?
Só não sabem explicar o motivo de tantos escândalos e de tanta impunidade. Lula não escolhe seus colaboradores pela competência, escolhe pela folha corrida. Não pode dar certo.

Não lembro nem o que almocei ontem

Isso é o que dizem aquelas pessoas que são cobradas a respeito de algo dito no curto prazo. Eu pelo menos não esquecerei o bonito prato caseiro que degustei no dia de hoje, tão bonito que fiz questão de fotografar.

Arroz, lentilha, aipim, carré e os seguintes salgados dentro da lentilha: carne seca, bacon, costela e linguiça. Uma códea de pão e 600 ml da cachaça artesanal Rampini, degustada com muita moderação, como pede o Ministério da Saúde, em três pequenas doses, para complementar. Após a refeição me servi de duas cervejas para dar o grau. Grau de quê? De satisfação, de fechamento da euforia, sei lá!

Antigamente, há 25 anos, por aí, eu frequentava o Bar Brasil, perto dos Arcos, no Rio de Janeiro. E comia basicamente o que almocei hoje, sendo que o carré era eufemisticamente chamado de kassler. A bebida era o chope bem tirado. Voltei no tempo.

PS: Devido a ter causado uma certa comoção em alguns leitores, principalmente no burninglove-satoshi, à vista das fotos acima, resolvi fornecer informações adicionais. Então, para quem vier ao Rio, a trabalho ou a passeio, convém examinar os bares situados na Lapa e amplamente divulgados no site Lá Na Lapa. É um guia dos botecos e restaurantes do bairro e também uma lição sobre o Rio Antigo, seus costumes e arquitetura. Alguns bares, como o Luiz e o Brasil, tinham nomes alemães. Durante a guerra houveram por bem ostentar títulos mais patrióticos, caso do Bar Brasil, que se chamava Zeppelin.

Aproveitei também para colocar as tags comida e bebida e revisitar um post antigo, Descobrindo a boa mesa, onde corrigi a localização da narrativa. Onde estava Bar Luiz lê-se agora Bar Brasil.