Lugar_RSI

AvatarLugar do Real, do Simbólico e do Imaginário
Aqui não se fala dos conceitos de Lacan e a palavra lugar deve ser pensada em sua definição matemática

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O mapa do labirinto


Este é mais um artigo de *Haroldo Barboza, e muitos mais ele irá escrever até outubro do presente ano. "Se você está FULO da vida, não se acanhe, vote NULO", é sua mensagem de encerramento. Desde já faço um convite ao Haroldo para que desdobre essa mensagem e mostre a todos os seus leitores, de todos os sites e blogs em que escreve, quais as perspectivas do voto nulo, consequências e alternativas.

Particularmente creio que votar nulo não leva a nada. Forma de protestar? Os políticos estão se lixando para protesto de eleitor. Eles já tem seus "clientes" tradicionais, que votam neles em troca de alguma coisa.

Haroldo, ajude-nos a sair do labirinto!


Um dia você leu que Brizola estava com Lula, pois ambos condenavam o sistema que FHC conduzia e estava levando o povo à falência. No dia seguinte, Brizola estava apoiando Ciro. Mas Ciro foi Ministro da Fazenda e se vangloriava em ter colaborado na implantação do Real. Até foi estudar (ou receber orientação?) nos EUA no final dos anos 90. E se uniu a Collor (nem sabia, coitado) que nos esfaqueou pelas costas.

Em outra oportunidade você observou que Serra e FHC armaram esquema envolvendo a bagatela de R$ 1,3 milhão para derrubar Roseana e retirá-la da corrida eleitoral para a presidência. Foi um recado do tipo: “permaneça em seu feudo no Maranhão e deixe Brasília para os ratos grandes”. O pai Sarney ficou uma fera e prometeu que iria revelar dezenas de fatos que somados devem acumular bilhões de Reais pertencentes ao povo e que foram mal gerenciados (ele quis dizer: desviados). Ficamos na expectativa de que a sujeira sob o tapete viria à tona para limpar a dignidade da pátria. Finalmente o dossiê dele seria aberto (já que o de ACM na época das fraudes no painel do Senado não foi). E na semana seguinte, Sarney viajou para uma missão “diplomática” e retornou dócil e calminho como se nada tivesse acontecido.

Então nos lembramos que ACM ao ser ameaçado de perder o mandato de Senador também esbravejou que possuía um dossiê parrudo que derrubaria o poder do planalto com as denúncias que viriam a público. Ele saiu quieto e até agora não vimos suas anotações estampadas na imprensa. Deve estar esperando Bush mostrar as armas químicas de Saddam Hussein. Ou Bin Laden vir à Bahia passar uma temporada em Itapuã a convite de alguma ONG “humanitária”.

No início do século 21, Itamar (MG) deu uma de valente mineiro dizendo que não pagaria as dívidas para com o governo federal, pois as mesmas eram absurdas, obscuras e suspeitas. Foi aplaudido por outros Governadores que estavam sendo pressionados. E logo depois lá estava Itamar se abraçando com FHC num jantar com a elite patrocinadora das campanhas eleitorais.

Serra surgiu como candidato do poder central para 2002. Mas colocou como vice a Rita, que regularmente "irrita" FHC pelas suas posturas antagônicas. Com a queda da popularidade de Serra, FHC começou a voltar os olhos para Ciro (na verdade este roteiro da farsa já estava escrito há meses).

E o veemente Luiz Inácio começou a trajar belos ternos para freqüentar as sedes dos magnatas. Passou a usar textos mais moderados em relação aos projetos futuros e baixou a voz. Baixou seu índice também. Baixou a confiança de antigos correligionários.

Garotinho era aliado de Brizola e a seguir foi buscar apoio com a turma dos evangélicos. Melhor seria continuar fazendo merenda no Palácio Guanabara, que abandonou com uma "bomba-relógio" para Benedita.

Os analistas políticos dizem que eles fazem negociações. É quase isto. Seria isto num país onde os candidatos a cargos públicos estão interessados em melhorar o nível social da comunidade, até porque um ser humano lúcido não se sente bem em habitar uma região deprimida sob todos os aspectos e cercada de miséria que contamina a saúde orgânica e espiritual. Na verdade estão todos entrelaçados por negociatas escusas montadas anteriormente e que cada um tem alguma atitude desabonadora que não interessa que seja explorada publicamente. Cada um deseja pelo menos manter seu território, coisa que Maluf faz com maestria em São Paulo apesar de todas as falcatruas já denunciadas.

E para culminar, quase chegamos às lágrimas (de pena ou de tanto rir) ao ouvirmos as declarações dos bens dos candidatos à Presidência. Cada um mais pobre do que o outro. Quem tem dois apartamentos, um carro com dois anos de uso ou mais de R$ 30 mil na poupança é magnata. Só faltou dizer que estavam pagando a moradia pelo SFH. Aí já seria deboche demais. Como será que estes pobres senhores com patrimônio tão pequeno conseguem viajar pelo mundo com tanta freqüência, sustentar vários filhos (próprios e adotivos) e usufruem mordomias de causar inveja aos mais abastados milionários do mundo árabe?

Em resumo: em quem vamos votar se o Enéas abandonou a arena enlameada e Bin Laden está ocupado em infernizar a vida dos EUA? Seria melhor colocar logo Elias Maluco ou Fernandinho Beira-mar no comando. No entanto, Marcola, mesmo sem nosso voto já está mandando sem resistência. Já deve ter costurado alianças com a turma da Bolívia e pode até nos fornecer gás mais barato em troca de algumas mordomias nas celas de seus comparsas. Do jeito que vai, o tal poder paralelo assume aqui (oficialmente) ANTES que a FARC na Colômbia, o ETA na Espanha e o IRA na Irlanda.

Enquanto os suprimentos de novelas, Big Brocha Brasil, banheiras do Gugu e reportagens sobre o hexa de futebol estiverem garantidos, o povo pouco estará preocupado com o futuro de seus filhos e netos. Não voltará sua atenção para o picadeiro do pleito, onde cada um de nós é o palhaço que chora para divertir a elite do poder e ainda paga para isto! E os intelectuais de plantão continuarão afirmando (honestamente iludidos) que podemos mudar isto através do voto. Só quando a tv “lobo” for penalizada pela compra fraudulenta de sua rede em São Paulo através de documentos falsos já noticiados pela Tribuna da Imprensa desde 1999 e cujo processo a todo instante é solicitado para “vistas” pelos advogados do conglomerado.

O tempo passa e novos pleitos consomem fortunas dos cofres públicos. Os candidatos são os mesmos há 30 anos. Eventualmente surge um “novo”, trazendo em sua folha corrida (eles chamam de currículo) o envolvimento em 3 ou 4 escândalos que deram prejuízos irreparáveis à nação. No Brasil as barbaridades produzidas pelos pilantras do poder servem de tema para os programas humorísticos e a população ri e aguarda a semana seguinte para se “divertir” com novos escândalos. Na China, pela metade de crimes do mesmo porte, os facínoras das canetas são fuzilados e a população reza para que a justiça (pode até ser rígida para nossos padrões “humanitários”) permaneça atenta, ao contrário da nossa, que usa vendas quando é convenientemente “amaciada”.

Devido a esta sucessão de fatos grotescos que cada vez mais aumenta a ocorrência, nosso pântano da imoralidade se alastra em alta velocidade e a maioria da população anestesiada não percebe que a podridão já está na soleira de cada lar. Eles chamam de “coligações políticas”. Nós sabemos que são ramificações de quadrilhas.

Resumindo: estamos diante de uma cesta de doces embalados com todas as datas de vencimento já expiradas. O vencimento mais recente foi há 15 dias. Qual deles você vai “saborear”?

Mas se você reativou sua memória com estes entrelaçados e da vida está FULO, não se acanhe: vote NULO.


Haroldo Barboza*

Nossa sociedade é um colosso. Sobrevive no fundo do poço.
Referendo de sucesso será o que propuser expurgo no Congresso.
Haroldo P. Barboza - RJ/Vila Isabel
Matemática (infantil) / Informática (adulto)
Autor do livro: Brinque e cresça feliz.

Que inveja dos bolivarianos!


Há uma diferença semântica entre mim e Lula: enquanto eu não gosto da palavra democracia ele não gosta da democracia mesmo.

Desde 1988, quando me candidatei a vereador na minha cidade, meu discurso tem sido o de desconstruir o termo democracia, para a contrariedade dos dirigentes do partido.

Ninguém sabe o que é democracia. Quando eu "colaborava" com a Justiça Eleitoral, trabalhando em uma seção eleitoral, apareceu um cidadão querendo informações de onde deveria votar. Eu não tinha como saber, mas ele insistiu, como se eu fosse o alcáide-mor da região. Por mais que eu explicasse que estava isolado naquela seção sem as informações que ele desejava, não se conformava. Por fim, muito irritado, decidiu ir-se, não sem antes me dizer muito "ironicamente": Muito obrigado! O senhor é um grande democrata!

Para alguns, democracia é quando eu mando em você; se você manda em mim é ditadura. Muitos gostam também da democracia da raposa que possui a chave do galinheiro. Eu acho que se torna muito difícil saber o que significa a palavra democracia desde quando se diz que na Venezuela, por exemplo, há democracia até demais. Esta democracia se espalha por outros países bolivarianos onde se fecharam ou ainda se intenta fechar jornais e televisões desalinhados com a opinião do governo.

A democracia, aquela do dicionário, aceita a palavra oposição. Lula gosta de bola no pé e goleiro amarrado. Pra que essa oposição "imbecil"? Uma das definições do vocábulo no Houaiss é: [sistema político cujas ações atendem aos interesses populares]. O sistema político que atende apenas aos interesses do Lula, como se chama? Ah, que inveja dos bolivarianos!

O Cara e a Coroa, ficção ou realidade?


- Castelo de Windsor, bom dia.
- Bom dia, mamãe. Sou eu, seu filho mais velho.
- Qual o problema, para você ligar tão cedo num sábado?
- Nada urgente. Só queria voltar a falar sobre a foto. Lembra? A foto da reunião do G20.
- Filhinho querido. Cá entre nós, quando você trocou Diana por Camilla, pensei que não me daria mais aborrecimento. Agora você quer que eu pose ao lado dele? Assim não dá!
- Mas, mãezinha, trata-se apenas de uma foto. Não vai durar nada. Poucos segundos e pronto. Não vai doer, posso garantir.
- Com tanta gente importante e perfumada, você quer que eu saia ao lado de quem falou mal dos brancos de olhos claros?
- Ora, mamãe, ele estava falando dos banqueiros americanos e não de nós, pobres integrantes da realeza. Até porque, Diana é quem tinha olhos claros, não nós. Ou não?
- Teu argumento terá que ser muito convincente.
- Está bem. Vou contar, porque a culpa é mesmo sua. Por obrigar-me a estudar, descobri que quando protegemos de Napoleão a família real portuguesa em sua fuga para o Brasil, encontramos uma gente frágil, subornável e para a qual Pátria não representa valor pelo qual se deva sacrificar. A partir dessa constatação, tenho usado a mesada que a senhora me dá para financiar ONGs inglesas que atuam na Amazônia e para subornar autoridades brasileiras. Desde o governo Collor faço isso. Não lhe contei antes para não aborrecê-la. Mas papai, que não faz nada, sabe de tudo. Ele sabe até que estive no Brasil na semana em que o STF votou o caso da Raposa Serra do Sol, a fim de dar uma pressãozinha na turma. Tive inclusive que, ridiculamente, sambar. Mas deu certo. O futuro do nosso Reino e a mordomia da nossa família estão garantidos por mais alguns séculos. Agora é preciso demonstrar o nosso reconhecimento aos brasileiros por nos terem entregue uma das províncias minerais mais ricas do mundo. É fundamental que Mr Presidente saia bem na foto. Você nem imagina a repercussão que isso terá no Brasil.

- Barack não ficará chateado?
- Já conversei com ele. Temos uma estratégia. Durante um dos intervalos da reunião, na frente de todos e, principalmente, da imprensa, ele revelará quem é o “cara”. Não esqueça de que os americanos são extremamente profissionais. Aí, estará fechado o circuito. Para completar, mandarei um agradinho para Brasília: uma caixa do nosso melhor scotch. A senhora sabe que, embora tenha cara de bobo, sou muito esperto (só bobeei no caso de Diana).
Sugiro que mamita faça uma pesquisa no google a fim de saber o que representa o nióbio e onde se encontram suas maiores reservas. Verá que estou cheio de razão.
- Ok, filhinho querido. Tudo pela Coroa. Mas, por favor, nunca mais peça nada parecido. Já estou velha demais para tanto sacrifício.

P.S.: Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com pessoas e instituições reais terá sido mera coincidência. Ou não?

Notícias de Israel

Repassaram-me um e-mail cuja autoria era questionada; o suposto autor poderia ter fornecido um nome fictício. 

Hoje mesmo ouvi a entrevista de um dos vários brasileiros residentes há muito em Israel. Ele reside em um kibutz (esse da foto é o próprio paraíso - cliquem para apreciar melhor) e narra as coisas do lado de lá.

Na página LINKEDin pude verificar que existe em Israel um Marcelo Treistman, profissional do judiciário, o possível autor da mensagem que segue. Não pude entrar em contato com ele porque o LINKEDin oferece apenas o InMail para isso, com uma taxa assaz salgada para os meus parâmetros. Se fosse o preço para evitar tanto derramamento de sangue eu pagaria. O texto é um pouco longo. Espero que traga o mínimo de esclarecimento.

Estou morando em Israel e gostaria de tecer alguns comentários verdadeiros sobre o recente conflito.
Tenho lido O Globo diariamente e fico estupefato com as noticias que chegam até vocês e principalmente com os comentarios deixados pelos leitores.

Gostaria que vocês somassem a estas opiniões o que vou lhes relatar. E como consequencia, que vocês tenham uma opinião mais imparcial.
Em primeiro lugar estou bem. A vida é normal. Universidade, trabalho e diversão.
Israel desocupou a faixa de gaza em 2000 (importante ressaltar que esta ocupação não foi a causa de tantos anos de conflito, foram consequencia direta deles). Israel saiu desta região e deu autonomia para o governo palestino. Desde o 2o dia em que Israel não estava lá, misseis eram lançados TODOS OS DIAS em direção a Israel. Este ano cairam em territorio israelense 6.000 misseis kassam nas cidades que fazem fronteira com a faixa de gaza. 6.000 MISSEIS.

Há algum tempo Israel ja vinha tentando o diálogo com o governo eleito Hamas, para que parassem os ataques.
O Hamas, diga-se de passagem, não possui o menor interesse de diálogo, e sequestra a causa palestina (Causa esta, justa. Todo povo, merece um lugar para desenvolver sua cultura, lingua, tradiçao. Assim como o povo judeu possui Israel, o povo palestino MERECE o pedaço de terra deles). O HAMAS está mais interessado na destruição de Israel do que na criação do estado palestino.
É muito difícil apertar a mão de quem não estende o braço.

Há alguns meses, vivíamos uma falsa calmaria com uns dois ou tres misseis caindo TODOS os dias. Estávamos com um cessar fogo declarado.
Ha alguns dias o prazo deste cessar fogo acabou. Ao invés de prolongar o cessar fogo, o HAMAS mandou 50 MISSEIS em um dia para dentro do território israelense. Matou um civil. Destruiu algumas dezenas de casa.
O que o governo israelense poderia fazer? Era hora de um basta e por isso estamos vendo as cenas lamentáveis de destruição em Gaza. Os terroristas se escondem em meio a população civil. Ontem Israel destruiu uma plataforma de lançamento de misseis que ficava em UMA ESCOLA PRIMÁRIA.

Não acredito que esta ação por parte do exército de Israel vai resolver o conflito. Mas era hora de destruir as instalaçoes terroristas.  Imaginem vocês se o Uruguai mandasse um missel para dentro do Brasil. Ou o México nos Eua. O que estes países iriam fazer?
Leio nos jornais que a reação de Israel foi desproporcional. Parto do principio então, que as pessoas entendem e respeitam que Israel tinha que ter uma reação! Se foi desproporcional ou não é outra discussão. Mas reação tem que existir.

Leio assustado os comentarios dos leitores. Ser contra Israel estar estabelecido na região é uma opinião. Ser contra a reação israelense em Gaza é uma opinião. 
Pedir a morte dos judeus e a volta de Hitler não é uma opinião. É uma declaração deplorável, mas que nestes dias começam a pipocar nos jornais. FIQUEM ATENTOS. ISTO É ANTI-SEMITISMO.
Li acusaçoes de que os judeus são culpados dos problemas do mundo: da fome, miséria, somos "donos" do banco mundial, somos "donos" de Hollywood, "roubamos" a terra dos palestinos....
Cada vez que Gaza explode na imprensa internacional — e só explode quando, finalmente, há uma reação israelense —, por trás da notícia, subsistem centenas de ataques prévios palestinos, cuja bondade jornalística não mobiliza nenhum interesse. Isso significa que toda reação israelense é justificada? De forma alguma, e vou aos fatos.

Creio que Ehud Olmert, em sua necessidade de demonstrar que é um líder forte — depois da acumulação dos erros da guerra do Líbano —, tomou decisões que, se bem têm uma lógica militar, não têm uma lógica democrática. Não se pode justificar, de nenhuma maneira, o isolamento total de uma população civil. Inclusive, ainda sabendo da implicação dessa população na fustigação permanente contra Israel.
Entretanto, tal defesa, não significa que se esqueça a crítica situação em que vive Israel, em guerra declarada ou latente desde há décadas, rodeado de milhões de inimigos que querem fazê-lo desaparecer, demonizado por quase todos, vigiado até o delírio pela imprensa internacional, e é o país único de todo o mundo que não pode perder a guerra nem um só dia.

Não tenho dúvida alguma que, apesar de sua notável inteligência militar e de seu armamento, Israel é o país mais frágil da região. À diferença de seus inimigos, que podem permitir-se a ditaduras temíveis, apoio logístico a todo tipo de grupos terroristas e até ameaças de destruição, Israel mantém uma sólida democracia, aporta avanços científicos à humanidade e, além disso, é obrigado a dedicar o volume mais substancial de seu PIB à urgente necessidade de defesa. É o único país do mundo que vive numa situação de tormenta extrema desde que existe e, no entanto, é o único que tem que pedir perdão para sobreviver.
O que ocorre, pois, em Gaza, é o enésimo capítulo do capítulo de sempre, cujo percurso previsível não implica, infelizmente, que não se repita. O Hamas mantém a violência cotidiana, mantém a ameaça global, e mantém o adestramento no ódio antiisraelense. É claro, mantém também o elogio público ao martírio. Toda esta bomba-relógio, que explode periodicamente, como explodiu a bomba do Hezbolá, e acabou na guerra do Líbano, não merece nem a reprovação da Liga Árabe, que só se reúne para demonizar Israel, nem a crítica da ONU, nem o repúdio internacional.
Pelo contrário, todos os movimentos de defesa israelenses são demonizados na hora, e aí temos a corte dos intelectuais pró, erguendo sua indignação ao sol. Parece-me bem a crítica democrática a Israel. Mas, para ser crível, seria bom escutar alguma solidariedade com as vítimas israelenses, alguma denúncia ao terrorismo islâmico palestino, algo de indignação pelo uso corrupto das ajudas internacionais, e algo de preocupação pelo papel bélico dos países da região. 

E, entretanto, há o silêncio. O que leva a uma conclusão inevitável: que, com respeito a Israel, a fronteira entre a crítica democrática e a criminalização maniqueísta, é tão tênue que se viola na maioria dos comentários. Sobre Israel não se faz análise política. Perpetuam-se as velhas artes da difamação e da propaganda.

Parece-me lógico e exigível que o mundo exclame quando morrem inocentes em Gaza.
Mas já não me parece tão lógico que não se intente saber o que aconteceu, o teor da convulsão e complexidade que apresenta o conflito. Não existem terroristas que manipulam todo o tipo de explosivos? Não existe o uso de uma violência generalizada que não tem problemas em utilizar adolescentes para perpetrar matanças? Não caem diariamente dezenas de mísseis nas proximidades de Ashkelon (Israel)?

De maneira que antes de transformar o exército israelense numa espécie de esquadrão assassino, sem escrúpulos nem moral, seria necessário tentar conhecer os fatos. Mas não é o caso. De fato, nunca é o caso quando se trata de Israel. Com um automatismo que não se gera em nenhum ou fato lamentável, a imprensa dá por fato que é normal Israel ir fazendo matanças indiscriminadas de civis palestinos.

As manchetes eram explícitas: "outra matança de civis nas mãos do exército", "o exército volta a matar civis", "como é habitual, Israel…" E assim, o habitual é dar uma imagem distorcida, perversa e criminosa do exército democrático de um estado democrático, sem nenhuma vontade de conduzir-se pelos códigos deontológicos da profissão.

É provável que a imprensa acredite que esteja a favor das vítimas, e sacrifique o bem superior da solidariedade ao bem público da informação. Certo? Então, por que não fala nunca dos palestinos, vítimas da loucura fundamentalista? Por que não fala das mães que são proibidas de chorar a morte de seus filhos suicidas? Por que não consideram vítimas os palestinos que apóiam o Islã totalitário? 

E, num contexto mais geral, por que não falam das muçulmanas que lutam por sua liberdade, das que querem escolher os seus maridos, as que querem emancipar-se profissionalmente, as que querem ser tratadas como seres humanos dignos? Por que, esta imprensa que acredita que está ao lado das vítimas, não se interessa pelos massacres islâmicos no Sudão, com seus milhares de assassinatos? Por que não nos explica a aterradora asfixia que sofrem os cidadãos do Iêmen? Por que não consideram vítimas os pobres iraquianos massacrados pelos terroristas fundamentalistas? De fato, por que falam de insurgência e não de terrorismo?...Não. Não é correto. Porque a motivação não é a solidariedade, mas um estágio ideológico superior — ainda que moralmente inferior —: o que realmente interessa é poder usar as vítimas para estruturar, com convicção, o antiocidentalismo que é latente. Relativismo moral camuflado sob a crosta do esquerdismo.

Obrigado pela atenção.
Marcelão Treistman