Lugar_RSI

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Aqui não se fala dos conceitos de Lacan e a palavra lugar deve ser pensada em sua definição matemática

Um professor de Português politicamente incorreto


Tive bons professores no curso ginasial. No ano da graça de 1953 era essa a nomenclatura. Eu era bom aluno e, no fim do ano, era dispensado, por alguns professores, de fazer a prova oral.

Else - esse era o nome da professora de Francês - perguntava meu nome e dizia: "Vai com Deus, meu filho". Também era assim com os professores de Português, Inglês, Latim e Desenho.

Eu era um dos três melhores alunos da turma mas o Arísio, professor de Matemática, não gostava nada de mim. No mês em que tive o primeiro lugar ele, na cara dura, deixou escapar entre dentes: "Não mereceu"! Dane-se! Tirei DEZ nas outras matérias...

"Seu" Paulo, o professor de Português, era uma figura. Aliás, ele ficava bravo quando o chamavam de "seu" Paulo. "Seu" Paulo é o quitandeiro, dizia. Eu sou o professor Paulo... Com ele aprendi a desenvolver o estilo de escrever que conservo até hoje. Nessa época, com 14 anos, lia muito, José de Alencar, Machado de Assis, Humberto de Campos e Eça de Queiroz.

O professor Paulo lia na classe principalmente trechos de José de Alencar. "Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira". Eu prestava atenção ao modo como ele fazia a leitura, as pausas nos pontos e nas vírgulas. E quando ele pedia alguma redação à turma eu procurava fazer colocando os pontos e as vírgulas à moda de José de Alencar, imaginando que ele fosse ler meu trabalho, o que, efetivamente, acontecia.

Paulo era um professor irreverente. Nos textos exemplos de suas aulas uma vítima era o aluno Benjamim. Ele dizia: "Eu, como o Benjamim, não faria isso". E perguntava à turma: "O que é esse "como"? E concluía: "Neste caso é verbo mesmo"...

Minha avó veio de Pernambuco para morar no Rio de Janeiro. Num 7 de Setembro ela manifestou seu desejo de assistir ao desfile militar, principalmente para ver o Getúlio. Ela queria ver o presidente Getúlio Vargas. Meu tio a levou, eu fui junto. Ao final do desfile passou o velho, acenando para a multidão, e minha avó não cabia em si de contente. Talvez pela minha avó eu, que tinha 13 anos e nenhum entendimento de política, passei a gostar de Vargas.

Entendi que o professor de Português era um admirador do jornalista Carlos Lacerda quando ele propôs à turma um dos seus exemplos politicamente incorretos: "Quando o presidente Getúlio Vargas se suicidou, dei uma cagada. O que é esse quando"?

Passados 57 anos da morte de Getúlio Vargas eu me lembro dessa pequena falha de caráter do professor de Português e já me decidi. Se o câncer que atormenta a laringe de um conhecido político lograr êxito prometo ser mais respeitoso.

Uma festa real num lugar virtual


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O Paulo me apresentou as pessoas mas esqueci os nomes, lá se vão 23 anos. Fomos a um magnífico sítio e ele me contou maravilhosas histórias, de uma encarniçada luta entre uma cobra e um lagarto na piscina vazia do lugar, do velho proprietário com um canivete chupando laranjas ao lado das laranjeiras, do desgosto que ele teve ao dar parte do sítio ao filho e vê-lo vender essas terras, da beleza de sua filha, o que ainda pude testemunhar. Mas eram outros tempos. Ela ponderou que ele estava sumido, mas eram compromissos do trabalho, ele respondeu. Agora que estávamos em campanha política dispúnhamos de tempo para visitar os amigos.

O Paulo era meio galinha, logo veio com uma conversa enviesada pra cima da "jovem", que lhe respondeu: "seu Paulo, meu tempo já passou".

Numa outra vez em que lá estive ela me convidou para uma festa no sítio. Cheguei na minha Brasília e estacionei ao longo de inúmeros carros que estavam no caminho de acesso ladeado por bouganvílias de variados matizes. Muita gente compareceu. 

Eu me lembro, quando mais novo, de ter passado por esse sítio, cujas terras iam até o final da rua numa extensão de quase duzentos metros por cem, contra os quarenta metros que tem agora. 

Nunca mais passei por lá e tenho visto no Google Street View apenas ruínas. Quando estiver com mais tempo perguntarei aos vizinhos o que aconteceu aos moradores. Pude ver também uma faixa reclamando do lixo deitado em frente ao desmoronado muro por vizinhos desclassificados. 

As bouganvílias e os jardins foram destruídos, a casa principal foi demolida. Não consigo enxergar muito mais coisas até o final dos 100 metros de terreno, mas fotografei (comprovei) a faixa. Ela diz: "Se você tem vergonha na cara, não jogue lixo ou entulho neste local pois será processado judicialmente. Estamos de olho em você".

Como falei, há um muro em ruínas e um portão fechado a cadeado. O que desapareceu do muro foi completado com madeiras velhas e arame farpado, afora galhos de árvores abatidas. Completo descaso. O atual dono não tem muita moral para reclamar dos porconildos.


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Giacomo Girolamo Casanova

A menos de uma centena de metros do colégio ele colocava sua banca de revistas usadas - gibis e livros. Após as aulas a molecada, dos 13 aos 17 anos, passava por ali e comprava uma literatura... juvenil. Lembro que, para aprimorar meu inglês, comprei um livro com o título Doomed Demons. Eram narrativas de aviadores durante a guerra. Tradução: Demônios Condenados. Esse livro eu o emprestei ao professor de inglês mas quando fui pedir de volta ele perguntou: Você quer o livro de volta? Fiquei sem graça de dizer que só tinha emprestado.
Para os fregueses mais chegados o "livreiro" oferecia as revistinhas do Carlos Zéfiro. Eu comprei um livreto do Casanova. Falava sobre a juventude do galanteador e os ensinamentos libidinosos dados pelo seu preceptor. Narrava sua primeira decepção amorosa, com Bettina, uma menina de 13 ou 14 anos, com quem marcou um encontro mas, chegando lá, já tinha outro consumando o "ato". 

O Gilton me pediu esse livro emprestado. Não fiz caso de que ele era evangélico. O problema não era meu. Emprestei. Não demorou batem no meu portão. Era sua mãe. Muito educada, me perguntou se eu tinha emprestado o livro ao seu filho. Diante da afirmativa (ela tinha lido todo o livro, eu suponho) passou a dissertar sobre as (más) qualidades morais da Bettina, uma garota tão nova e já tão pervertida. Não lembro se tentou me dar alguma lição de moral, sei que me devolveu o livro.

Dizem que Casanova era feio, tinha olhos de touro. Seu preceptor, Malipiero, o iniciou em uma seita secreta, onde aprendeu conhecimentos cabalísticos, de numerologia, de feitiçaria e magia negra. Após entrar nesta seita, Casanova usou os conhecimentos da numerologia para ganhar nos jogos e para conquistar mulheres.

Quem souber que seita era esta, por favor, cartas à redação. Pode ser que ainda dê para mim...

O último feijão de coco - tempo de rir, tempo de chorar

Era Natal ou Ano Novo, não lembro bem, mas a menina, minha namoradinha, chorava. Indignação da minha parte, "eu estou aqui, meu bem"... Seu pensamento estava longe. A mãe dizia que eram recordações. Não seriam por certo do pai que ela não conhecia. Talvez fosse pela desagregação da família, achei o mais provável.

Numa hora de desabafo, muito antes desse dia, ela tinha me dito que não conhecia o pai, nem fazia questão de conhecer. De repente poderia até ser um cara que na rua estivesse lhe dando uma cantada. Que estranho... Ainda bem que não entrei para essa família, muita complicação.

Quantas vezes você chorou no carnaval? É provável que, vestido de Pierrot, tivesse lamentado a perda de uma Colombina. Felizmente quando isso acontece a perda é tão efêmera quanto os poucos dias de folia.

São João, Santo Antonio, São Pedro. Sua batata já assou enquanto o cumpadre Fulgêncio contava uma historinha para a Ritinha, aquela caipira por quem você nutria enorme simpatia? Tudo não passa no entanto de fatos corriqueiros, com ferimentos leves.

Eu queria falar da data atual, Sexta-feira Santa, Sábado de Aleluia, Páscoa. Não são datas alegres, nem mesmo o dia de malhar o Judas. O costume, nas grandes cidades, está completamente abandonado. Antigamente era uma tristeza aparecer no longo testamento do Judas. Ou você era corno, suas filhas, piranhas, seu filho, gay ou você era um amigo do alheio. O período que antecedia a malhação do traidor de Cristo muitas das vezes dava polícia, era só aborrecimento.

A Sexta-feira da Paixão sempre foi um dia em que apenas se comia peixe; carne era uma enorme heresia. O padre também contava suas historinhas. Aquela família tinha feito bife no dia santificado. Quando o homem cortou a carne esta começou a sangrar que não parava mais. Peraí, seu padre, o senhor quer que um menino de 10 anos, um menino com padrões morais já em desenvolvimento acredite nessa léria?

Minha família foi educada na crença católica. Nunca fui de quebrar paradigmas então, mesmo não acreditando muito, sempre segui os dogmas cristãos. Sexta-feira Santa era peixe e acabou-se.

Não lembro das comidas que a mãe fazia, mas o feijão com coco na Semana Santa era inesquecível, de se comer ajoelhado. Acompanhava um bacalhau no coco de primeiríssima. Muito me espanta que tanta gente não conheça esse maravilhoso prato do nordeste.

Neste ano não comi o feijão com coco. Não tinha quem fizesse. Procurei por restaurantes que servissem a iguaria mas só encontrei as receitas. Vou negociar com a mulher para que quebre a rotina. Providenciarei um bom vinho para a ocasião. E algumas lágrimas...

Cotas, cotas e... mais cotas


Liberté, égalité, fraternité foi o lema da Revolução Francesa, mas há certos detalhes que escaparam ao consenso. A norma antiga, fruto dos iluministas da Revolução Francesa, dizia que os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. São iguais também em relação aos deveres.

Andou por aí uma propaganda enganosa feita pelo governo, na esteira da eleição de uma presidente, dizendo que agora elas podem tudo, ser engenheiras, aviadoras, médicas, tudo que quisessem. Ada Rogato, Anésia Pinheiro Machado, Thereza di Marzo e outras mulheres brevetadas nos anos 20 sempre souberam disso, mas não basta querer, é preciso poder, ter competência.

Pais orgulhosos diziam que, graças ao presidente analfabeto, seus filhos seriam doutores, arquitetos, advogados... Abriram as portas das faculdades aos burros do Brasil - só dizendo assim. Daqui a pouco qualquer um vai dizer que tem direito a uma vaga no corpo da Orquestra Sinfônica Brasileira. E olha que lá já está havendo confusão até demais. O maestro Roberto Minczuk quer modernizar a orquestra, fazer provas de avaliação em músicos que estão há anos em atividade.

As pessoas não são iguais. Fui colega de turma de um gênio que chegou a ser Reitor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica. Nunca me passou pela cabeça competir com ele. Faltavam-me meia dúzia de neurônios, percebem? Como é, então, que qualquer boquirroto pode pensar em chegar a qualquer faculdade, arrebentar as portas e entrar como num estouro da boiada? Não é assim.

O governo encontrou um modo de facilitar a vida de quem não possui uma estrutura intelectual adequada: inventou as cotas. Onde estão as pessoas com pouca oportunidade para pagar um ensino de qualidade? Entre os negros e os indígenas. Não importa quão pouco aquinhoados eles sejam de inteligência, eles têm direito a uma cota.

As mulheres estão chegando, cada vez com mais força. Há uma reclamação de que recebem menor salário que um homem na mesma função. Talvez numa pequena empresa isso aconteça, numa grande, jamais. Estão aí as grandes capitãs da indústria, do agronegócio, as musas da política. No entanto, são poucas, coitadas, vamos protegê-las. Há uma cota de mulheres na política e ai do partido que não respeitar. Falta combinar com o eleitor. Será que elas serão votadas?

Chegamos finalmente ao esporte, a um esporte específico, o jogo de damas, o esporte intelectual. Nunca aceite o desafio de uma menina de São Paulo para disputar uma partida; elas são abusadas e competentes. Você vai perder e vai demorar pra cair sua ficha. 

Também no que se refere ao jogo de damas, São Paulo é um país dentro do Brasil. Lá a prática do esporte está a anos-luz em relação a outros Estados  e a tendência é melhorar. O jogo de damas é praticado em diversas escolas. 

Agora vem o desfecho.

Apesar de competentes, as mulheres são discriminadas no jogo de damas. Então o dirigente da Federação, não vou dizer seu nome, exigiu que toda equipe que disputasse campeonatos regionais tivesse uma mulher atuando nas partidas. Deu confusão. Vocês sabem, garotas novas, tendo que viajar para outras cidades na companhia de marmanjos, não é todo pai ou mãe que vai deixar. Mas o dirigente se manteve irredutível.

Um indignado damista sugeriu uma solução inusitada e debochada: ia alugar prostitutas para compor sua equipe. Houve uma grita geral entre as meninas, e mais de uma sugeriu que o cidadão levasse a mãe dele para jogar. Não sei como terminou a comédia. Se e quando souber, volto aqui para contar.

Trens, trens e trens


A antiga e bela Estação Ferroviária de Vassouras

Nunca tive a curiosidade mórbida de conferir tragédias, de olhar os mortos. Por isso mesmo me arrependi naquele dia, após a aula, com dez anos de idade, de ter acompanhado a malta que foi olhar o menino atropelado pelo trem. Estava lá o buraco na testa, seu corpo estendido ao final da plataforma, no caminho aberto à travessia das pessoas. 

Há muito tempo, neste local, foi construída uma passagem subterrânea ligando as ruas que margeiam a ferrovia, que está agora toda protegida por altos muros. Não há mais passagens de nível para automóveis. Construíram um viaduto e para os pedestres há uma nova passarela mais as duas antigas, que servem de acesso às estações do trem.

Soube do atropelamento de uma senhora, que eu conhecia, antes da construção do muro. Era um trecho em curva e a pessoa, um tanto surda, não ouviu o barulho do trem. Além das duas passagens de nível para veículos haviam pelo menos mais cinco passagens por onde circulavam pedestres. Quantas vítimas fatais não teriam aí sucumbido?

As populações se desenvolvem ao longo dos rios, das rodovias e das ferrovias. O que era uma pacata fazenda transformou-se num centro habitacional de crescimento vertiginoso dividido pelos trilhos da ferrovia. Com o tempo as coisas se organizam. Constrói-se um viaduto sobre os trilhos ou um pequeno túnel sob os mesmos. Mas nem tudo é tão fácil. Quem já não viu o vídeo do trem que passa dentro de uma feira livre em Bangcok? O mesmo ocorre em Maceió na famosa feira do Rato ou do Passarinho. Lá os vendedores já estão sendo retirados apesar da resistência de alguns. O viaduto e o muro são a solução.

O Brasil não tem vocação para o trem. Já se foi o tempo em que se podia ir a Minas ou a São Paulo pelos trilhos. Mesmo no Rio de Janeiro eram incontáveis as localidades servidas por esse meio de transporte. Mas é como diz meu amigo de Miguel Pereira, acabou o ciclo do café, acabou o ciclo da laranja, acabou o milho, acabou a pipoca; quem irá subsidiar o trem? O governo é que não é. Aliás, quase toda a malha ferroviária do país está destruída.

Há informações que o último trem de passageiros deixou a estação de Vassouras em 30/11/1970. Atualmente ela abriga departamentos administrativos da Fundação Educacional Severino Sombra. Abaixo vai a foto. Uma época romântica. Parece coisa fora do contexto mas eu não podia deixar de incluir essa informação. Vassouras é um lugar por onde passo semanalmente.


O Brasil não gosta de trens. Vamos deixar esse "trem", como dizem os mineiros, para civilizações mais adiantadas, a França, por exemplo, a maior malha ferroviária do mundo. Confiram aqui.

É bem verdade que agora nos acenam com o trem bala. Mas querem saber? Acho que vislumbraram apenas mais uma oportunidade de "negócio", se é que me entendem...

Novas Cantoras do Brasil (3) - Manu Santos


Nascida no Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa. Fez seu primeiro show aos 16 anos, e a partir daí, efetivamente, dedicou-se à arte de cantar. Possui uma voz exuberante, um carisma único, uma gentileza infinita, e domina seu palco como pouquíssimos artistas!

Ouvir a voz de Manu é uma experiência maravilhosa. Assisti-la no palco é um evento incomparável.

Copiei as linhas acima do blog Multiply da Manu. 
Outros sites da Manu Santos:


Manu Santos é nossa amiga no Twitter. Você pode seguí-la em @manusantosmpb ou em @manusantos
Ela vai seguí-lo de volta.

Além dos vídeos encontrados nos blogs e sites acima, gostei particularmente deste, Acontece, do Cartola.

No Muro Das Lamentações

Que estaria pedindo D. Marisa Letícia? 

Que o manguaceiro desse um tempo na marvada?

Piadas não têm prazo de validade, então não hesite (os assassinos da língua escrevem "exite") em tirar do fundo do baú aquela velha anedota. Confie na falta de memória de seus amigos. Se alguém rir amarelo é porque, já quase no finzinho, se lembrou da trama.

"No muro das lamentações" me chegou por e-mail. O remetente foi enfático, é repeteco. Eu, de fato, já conhecia a história, mas enquanto lia, imaginava como seria se houvesse um muro igual a esse no Brasil, onde as pessoas fossem fazer as suas queixas e desejar que nossos deputados, senadores, governantes em geral e até a raia miúda, apaniguada nos escalões inferiores, parasse de roubar. Bem, assistam ao final do filme...

Sub-título: O velho judeu

Uma jornalista da CNN ouviu falar de um judeu muito velhinho que ia todo dia ao Muro das Lamentações para rezar, duas vezes por dia, e lá ficava por muito tempo. Decidiu verificar. Foi para o Muro e lá estava ele, andando trôpego, em direção ao local sagrado. Observou-o rezando por uns 45 minutos, quando ele resolveu sair, vagarosamente, apoiado em sua bengala.

Aproximou-se para a entrevista.
- Desculpe-me, senhor, sou Rebecca Smith, da CNN. Qual o seu nome?
- Morris Feldman - respondeu ele.
- Senhor, há quanto tempo o senhor vem ao Muro orar?
- Bem, há uns 60 anos.
- 60 anos! Isso é incrível! O que o senhor pede?
- Peço que os cristãos, os judeus e os mulçumanos vivam em paz. Peço que todas as guerras e todo o ódio terminem. Peço que as crianças cresçam em segurança e se tornem adultos responsáveis. Peço por amor entre os homens.
- E como o senhor se sente, pedindo isso por 60 anos?
- Me sinto como se estivesse falando com uma parede...

Novas Cantoras do Brasil (2) - Belô Velloso


Conheci a sobrinha da Bethânia em 28/08/09, no Twitter (@belovelloso). Foi amor à primeira tuitada. Depois é que eu soube que ela era de uma família de artistas famosos. Como fã e seguidor no Twitter, sempre que a vejo compartilho seus posts, dou RT em suas mensagens.

Quem é Belô Velloso? Mais do que eu poderia dizer está aqui a biografia que consta de seu site oficial. 

Vamos aos vídeos. Gostei deste duo com Sandrá de Sá, O Que Vai Ser De Mim.



Gostei também deste outro, Por Te Querer.



Próximo post: Manu Santos, @manusantos

Novas Cantoras do Brasi (1) - Verônica Ferriani

Estou iniciando uma pequena série com jovens cantoras. Algumas são minhas amigas no Twitter, no Facebook ou no Orkut. Outras, existe apenas a mão daqui pra lá. Não importa. Também rasgo elogios a Anna Netrebko, a Carmen Monarcha, e elas sequer rastrearam os links que conduzem ao meu blog. Diga-se, de passagem, que tenho minha recompensa. Carmen Monarcha é um dos assuntos que mais trazem visitas ao Lugar_RSI.

Tenho uma sequência para as apresentações. A primeira será Verônica Ferriani, que foi a primeira que conheci. Antiguidade é posto, como se diz entre os militares. 

Eu a conheci no My Space e continuei a acompanhá-la no You Tube. Escolhi um delicioso frevo "Na Volta Da Ladeira" para apresentá-la a vocês. Clique aqui para ouvir suas músicas no My Space.



Próximo post: Belô Velloso, @belovelloso

Harvard x Stanford


Harvard University

Stanford University


Há posts que se transformam em e-mails e e-mails que viram posts. O assunto compartilhado quase sempre é anônimo. Eu, teimosamente, vou em busca da autoria, somente para descobrir que o assunto já foi o assunto de uns 399 blogs e que nenhum autor foi citado. Mais: a coisa é tratada até como lenda. Seria talvez uma espécie de fábula, com o ensinamento de que, a partir da aparência das pessoas, não se deve antecipar julgamentos. 

O remetente, meu amigo Luzardo, tem plena certeza de que muito poucos têm conhecimento do episódio que segue. 

Malcolm Forbes conta que uma senhora, usando um vestido de algodão, já desbotado, e seu marido trajando um velho terno feito à mão, desceram do trem em Boston, EUA, e se dirigiram timidamente ao escritório do presidente da Universidade Harvard. Eles vinham de Palo Alto, Califórnia e não haviam marcado entrevista.

A secretária, num relance, achou que aqueles dois com aparência de caipiras do interior, nada tinham a fazer em Harvard.
– Queremos falar com o presidente – disse o homem em voz baixa.
– Ele vai estar ocupado o dia todo – respondeu rispidamente a secretária.
– Nós vamos esperar.

A secretária os ignorou por horas a fio, esperando que o casal finalmente desistisse e fosse embora. Mas eles ficaram ali, e ela, um tanto frustrada, decidiu incomodar o presidente, embora detestasse fazer isso.
– Se o senhor falar com eles apenas por alguns minutos, talvez resolvam ir embora – disse ela.

O presidente suspirou com irritação, mas concordou. Alguém da sua importância não tinha tempo para atender gente desse tipo, mas ele detestava vestidos desbotados e ternos puídos em seu escritório.
Com o rosto fechado, ele foi até o casal.

– Tivemos um filho que estudou em Harvard durante um ano – disse a mulher. Ele amava Harvard e foi muito feliz aqui, mas, um ano atrás ele morreu num acidente e gostaríamos de erigir um monumento em honra a ele em algum lugar do campus.
– Minha senhora – disse rudemente o presidente – não podemos erigir uma estátua para cada pessoa que estudou em Harvard e morreu; se o fizéssemos, este lugar pareceria um cemitério.
– Oh, não – respondeu rapidamente a senhora. Não queremos erigir uma estátua. Gostaríamos de doar um edifício à Harvard.

O presidente olhou para o vestido desbotado da mulher e para o velho terno do marido, e exclamou:
– Um edifício! Os senhores têm sequer uma pálida ideia de quanto custa um edifício? Temos mais de sete milhões e meio de dólares em prédios aqui em Harvard.
A senhora ficou em silêncio por um momento, e então disse ao marido:
– Se é só isso que custa para fundar uma universidade, por que não termos a nossa própria?
O marido concordou.

O casal Leland Stanford levantou-se e saiu, deixando o presidente confuso.
Viajando de volta para Palo Alto, na Califórnia, eles estabeleceram ali a Universidade Stanford, em homenagem a seu filho, ex-aluno da Harvard.

"A única instituição que se confunde com o Homem é seu caráter!"
Por isso não generalize, nem emita pareceres e conceitos precipitados sem conhecer toda a verdade, mas acima de tudo, jamais confunda um homem com a Instituição que ele pretende representar, ainda que ele considere esta possibilidade.

Em um dos inúmeros blogs que divulgaram o relato acima há uma correção do roteiro. As coisas não teriam sido bem assim. Leiam "Cheque a veracidade antes de escrever ou falar". 

Lisa Stansfield


Há quase quatro anos a Stansfield apareceu neste blog, cantando com o admirável barítono-baixo Barry White. Eu a conheci nos antigos programas de clip na televisão, justamente cantando "Change", que aparece no vídeo abaixo. 

Nascida na Inglaterra, no próximo abril ela estará completando 44 anos. Uma autêntica e linda balzaqueana.

Mais informações podem ser encontradas em sua página, aqui.

Vamos ao vídeo. Adorei a tremidinha da sobrancelha.

PS.: Tive que substituir o vídeo da postagem original, bloqueado que foi pela Sony Music. Agora não há mais a tremidinha da sobrancelha...

Cavalos de aço ou bondes puxados a burro?

Sapucaia, RJ, um cartão postal para o trem bala

Teixeira Leite, antiga Concórdia. Vergonha alheia para o trem bala

O que já foi progresso, hoje é peça de museu, nem valor romântico tem mais. As antigas crônicas asseveram que Nilópolis já foi uma localidade progressista, já teve bondes puxados a burro. Já teve também livrarias onde, na minha infância, eu alimentava meu imaginário. Comprava livretos do Pedro Malasartes e outras historietas de que nem mais me lembro. Atualmente, livros em Nilópolis, só os didáticos. De repente me dá uma louca e eu monto uma livraria, com um espaço para exposição de arte, quem sabe, um Cyber Café?

Sou um grande cliente do Google Earth. Faço viagens homéricas. Vejo fotos e me fascinam aquelas antigas, abandonadas estações ferroviárias pelo Brasil inteiro. Pessoalmente já testemunhei alguns desses abandonos. Já fotografei a grande ponte metálica na localidade Vera Cruz, em Miguel Pereira, montada sob a supervisão do engenheiro Paulo de Frontin. O cavalo de aço não passa mais por lá. Tudo acabou.

Eu me transporto ao passado e me imagino integrado ao progresso das diversas localidades servidas pelo trem "Maria Fumaça", as estações repletas de passageiros vestidos nas suas melhores roupas, a alegria da partida, a alegria da chegada. Tudo acabou.

Durante todo um ano letivo estive em Barbacena, Minas Gerais. O trem era o transporte oficial. Os alunos da Escola foram inclusive de trem até Belo Horizonte para o desfile de 7 de setembro em 1958. Tudo acabou.

Nem tudo está perdido, o trem bala vem aí. As estações abandonadas, algumas delas estão em bom estado. Não farão vergonha ao cavalo de aço do futuro. 

As crônicas sobre Nilópolis também revelam que em um dos dois rios (agora valões fétidos) que delimitam o município havia um pequeno cais para embarcações. Mas esse é assunto para outro post. Comecei a pesquisar e fui longe demais, ficarei apenas nos trens. 

Quero deixar consignado, nos anais deste blog, com uma certa indignação, que desprezamos a cultura dos países de primeiro mundo, como se primeiro mundo fôssemos e eles, o terceiro. Ferrovias, navegação fluvial não são para nós, são para civilizações atrasadas. 

O Brasil é um cartão postal de "antigas estações ferroviárias". Aboliram esse "atraso" quase que de norte a sul do país. Trem, apenas os de carga; em muitos lugares nem isso.

Parece, no entanto, que o bichinho da corrupção mordeu o pessoal e já estão falando no trem bala. Não aposto um centavo nesse projeto, pelo menos não no eixo Rio-São Paulo.

Eu vou ficando por aqui. Querer se estender no assunto renderia um livro, que trataria, inclusive, da safadeza dos governantes... homens e... mulheres.

PS: Se meu projeto andar, no Cyber Café haverá um grande mural com fotos e histórias sobre o maltratado transporte ferroviário no Brasil.

A Rampini é do cacete


Não sei o que já escrevi a respeito de cachaça. Se estiver sendo repetitivo, me avisem. 

Primeira narrativa: Adauto Rampini me dasautorizou mas eu vou contar. Ele foi a um encontro de produtores e levou a sua cachaça, a curtida, 18 meses, um uísque, na acepção da palavra. Alguém levou a Anísio Santiago, um ícone, 320 reais a garrafa no centro do Rio. Bebericaram. Depois beberam a Rampini, que eu vendo a 22 reais. Ninguém mais falou na Anísio Santiago.

Eu já bebi a Anísio Santiago, não é essa brastemp toda. A Rampini é bem mais suave. Fiquei de colocar no blog esse imbroglio. O Rampini me interpelou: Tá maluco? Ora, Adauto, o Anísio Santiago já morreu. Ninguém vai te pegar...

Segunda narrativa: Eu moro na zona do fome zero. Churrascarias, bares pizzarias, o cacete. Havia até um Frutos do Mar. Fui lá numa noite. Pedi uma fritada de bacalhau. Quando levanto a vista vejo na prateleira - Cachaça Havana. Enlouqueci. Era o antigo rótulo da Anísio Santiago. Pedi para ver de perto. O garçon ficou de me atender no dia seguinte. 

No dia seguinte fui lá, com a dona Laíla. Pedimos não sei o que. O garçom me trouxe a garrafa, um rótulo meio comido pelas traças, a chapinha bem empretecida. Quanto é a dose? Três e cinquenta, ele me respondeu. Está por fora, pensei.

Ele botou uma dose generosa. Um colar acentuado tomou conta da taça. Senti o perfume. Queimou o nariz. Cheirei novamente e novamente. A mulher perguntou, não vai beber, vai ficar cheirando? 

Você que é entendido, sabe que antes de beber é preciso cheirar. E não estou falando só da bebida. Quando desceu, queimou, queimou legal. Fiquei de comprar uma garrafa. O garçom disse que precisava falar com o dono da casa. Voltei no dia seguinte. Ele me disse que tinha levado o maior esporro. Nem era pra ter aberto a garrafa.

Bem, conheci a Anísio Santiago. Ainda sou mais a Rampini. Não fico sem ela...

A inspiração da manhã


Hoje antes do café, ou melhor - durante, trauteei uma melodia. Vivo fazendo isso. Esperando minha vez na barbearia, na fila do Banco, em situações diversas, mesmo agora. Larguei daqui, fui ao Note Flight, o site de música, escrevi 16 compassos e voltei.

Continuando. Se não escrever, esqueço. Foram três compassos apenas. Para violão. Depois achei que cabia uma parte de piano. O violão não sobressaía, não se destacava do piano, mudei para clarinete. 

Bateria, não entendo nada de bateria (drums) mas preciso praticar. Sei que não vai ficar bom, quem sabe alguém me ajuda?

De repente vejo lá, Distortion Electric Guitar. Mais uma pauta introduzida.

Na primeira parte, depois da melodia (clarinete) coloquei o piano, depois a guitarra e a bateria. Na segunda parte fiz diferente. Acabada a melodia entrei com a guitarra. Finalmente o piano e a bateria. A bateria coloquei por colocar, sei que não soa bem.

Note Flight, além de ser um site onde você exercita sua veia musical, também tem o lado social. Na aba Browse as pessoas vêem todas as músicas publicadas, podem abrí-las, executá-las, marcar como favoritas e... fazer comentários. Nesses comentários há críticas, elogios, sugestões e eles também servem como um cartão de visitas do comentarista. Há os que pedem, na cara dura, para serem visitados e comentados. É como em qualquer rede social, Twitter, blogs, Facebook, etc. Eu digo que pelo menos 50% dos americanos que me seguem no Twitter pedem para serem contatados também no Facebook.

Já publiquei um post sobre o Note Flight no blog Caldo de Cultura. Acho que ficou no lugar errado. Mais apropriado ficaria aqui no Lugar_RSI, com a tag seu lalo. Quem quiser ler esse post, clique AQUI.

A seguir a música que chamei de MATINAL, feita hoje de manhã.