Lugar_RSI

AvatarLugar do Real, do Simbólico e do Imaginário
Aqui não se fala dos conceitos de Lacan e a palavra lugar deve ser pensada em sua definição matemática

Terceirizando o compromisso

Estive observando, ali nos Artigos Publicados, que em janeiro cometi apenas 11 posts e em fevereiro apenas 10. Durante todo o ano de 2008 foram 313 posts, ou seja, 26 por mês; minha produção caiu drásticamente, com a agravante de ter agora 5 blogs. No próximo dia 28 de março o blog completará dois anos.

Fiz meu primeiro blog no UOL. Não gostei. Depois estive no Tripod. Eles - não sei se eu configurava corretamente -, me bagunçavam toda a acentuação. Vieram então, no Blogger, o Seu Lalo, de novembro de 2005 a novembro de 2006 e o Represália, de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2007.

Não gosto de me desculpar pela minha baixa frequência de postagens, mas contarei duas pequenas histórias.

Um colega de escritório me contava que um fulano, costumeiramente, lhe pedia uma quantia irrisória por empréstimo, digamos, 10 reais. E tanto se repetiam essas solicitações que ele estabeleceu um modus faciendi:
- Olha, quando você for me pagar, coloca lá na gaveta. Eu nem vou pegar. Se você precisar novamente, o dinheiro estará lá.

E ele passou a observar que o dinheiro às vezes não estava na gaveta, outras vezes, quando o amigo "pagava", aparecia. E esse processo se repetiu por algum tempo até que ele pegou o dinheiro e o amigo ficou encabulado de lhe pedir diretamente. A gaveta terceirizava.

A outra história me parece mais uma piada, mas como o relator, apesar de ter gargalhado muito ao final, ma contou numa postura de completa seriedade, aqui vai:

A pegou uma certa importância por empréstimo com B com a promessa de pagamento num certo prazo. Findo o prazo, e como ele ainda não tivesse o dinheiro, pegou a mesma importância com C com o mesmo compromisso de pagar ao final de um tempo. Pagou a B. E quando chegou o dia de pagar a C? Ora, ele pegou o dinheiro novamente com B. E, como vocês podem imaginar, para pagar a B recorreu novamente a C.

Certo dia A chamou B e C e abriu seu coração:
- É o seguinte, eu tenho feito empréstimos com um de vocês para pagar o outro, depois empresto do outro para pagar a um, isso num determinado prazo. Vocês, que são meus amigos, me tirem dessa jogada. Fiquem se pagando esse valor de tempos em tempos até eu poder acertar tudo.

A isso se chama terceirização de compromisso. Eu sei que muitos amigos vêm aqui mesmo quando não há post novo, porque eles não usam agregador. Eu, até mesmo quando o agregador não dá sinal de vida do amigo, às vezes passo lá para confirmar. Sabe-se lá?, já tive problemas com o agregador. Pior quando recebo a mensagem: "Blog Removido". Então tive uma idéia: farei uma lista de posts que eu considerar que "vale a pena ler de novo". Tenho posts interessantes que eu lamento que as pessoas nunca tenham visto.

Está fechado então, quando eu estiver sem inspiração, tempo ou saco, vocês livram a minha cara e vão lá no "Vale a pena ler de novo". Salvo os palpites sobre política, tudo o mais é atual.

Obras EmPACadas

No penúltimo dia de 2007 escrevi "O PAC e o nome da rosa". O PAC, na verdade, é apenas uma peça de marketing; serve apenas a um projeto de poder. E está sendo desenvolvido, ao contrário do que muitos pensam, seguindo um elaborado organograma.

Haroldo Barboza é matemático, analista de sistemas aposentado e poeta. Além de contos e poemas, gosta de escrever sobre política, esporte, temas infantis e sobre qualidade de vida. Mas não é chegado a futurologia. O assunto abordado no presente artigo é apenas o óbvio ululante, como diria o tricolor Nelson Rodrigues, nem tão óbvio assim, infelizmente, para as ovelhinhas do rebanho petista.

Haroldo P. Barboza
Segundo a coordenação do CGPAC, diversas obras previstas para terminar agora no segundo trimestre de 2009 envolvendo represas, ferrovias e outras do mesmo porte, estão paralisadas aguardando licenças ambientais, decisões judiciais e desentraves burocráticos. Desta forma, obras que acumulam gastos de quase R$ 60 BI ficarão mais caras devido a estes obstáculos.

Quem imagina que o governo tem grande interesse em dar andamento às tais obras com rapidez, pode tirar seu cavalo da chuva. Na verdade existe um planejamento para que os entraves (programados?) sejam retirados gradativamente de tal forma que as "suntuosas" obras sejam terminadas entre agosto e setembro de 2010 para servirem de pano de fundo da campanha presidencial que se aproxima.

Além do mais, o encarecimento atende às ricas empreiteiras que formarão os fundos destinados a patrocinar a campanha que pretende solidificar o modelo de gestão que cada vez mais empobrece nosso povo.

Mas a população imbecilizada não precisa ficar preocupada. Sua dose de anestesia para contaminar neurônios está garantida. No período de campanha eleitoral, não será preciso raciocinar sobre a baixa qualidade dos candidatos oferecidos. Nesta época, o Big Bosta Brasil deverá estar exibindo sua 12ª. versão.

Quem tem medo de José Sarney?

A jornalista Alcinéa Cavalcante, do Amapá, certamente que não. O senador a perseguiu e lhe moveu um processo por ela ter publicado em seu blog uma pintura, em um muro, que alguém fez contra o parlamentar. Houve também um comentário de um leitor descompromissado ofendendo o político, o que lhe causou grande irritação. Não sei qual foi o desfecho do caso, mas a jornalista mantém até hoje em seu blog o desenho feito no muro.

Dizem que morre o homem e fica a fama. Sarney, um dia, será tão falado quanto aquele personagem do livro A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água, de Jorge Amado. Era um defunto que foi tirado do seu velório pelos amigos de bebida, arrastado de bar em bar, sempre bebendo e até se envolvendo em brigas. Dizem que, num entrevero, em confronto com baderneiros, bateu mais que apanhou. Aliás, já corre na Praça João Lisboa, no Maranhão, uma piada contada pelos fogosos frequentadores do Largo em frente aos Correios.


SARNEY E O DIABO

Em uma de suas viagens no jatinho do "laranja" dono de uma faculdade maranhense, Sarney com aquele pijama de seda, fazia a leitura diária de seu Maquiavel em um aposento privativo do avião. No mesmo vôo, vinha sua assessoria e os puxa, quando em dado instante, eis quem aparece, ele mesmo, o capiroto. Nesse instante, para não perder a viagem, o coisa ruim disse que o jato ia cair e todos iriam morrer e começou a fazer o avião balançar muito. Apavorados, os assessores foram até a cabine onde se encontrava o tranquilo chefe e contaram o que estava acontecendo. Zangado, o Senador saiu do cômodo e foi ter com o capa preta e perguntou-lhe:

Sarney: você sabe quem sou eu?
O diabo: sim, o Sarney.

Sarney: você sabe quem mandou prender o Zé Reinaldo usando seu prestigio junto a justiça e até a PF para satisfazer os caprichos de uma filha mimada?
O diabo: Com certeza, foi Vossa Excelência.

Sarney: você sabe quem manda no Amapá e até no desafeto Capiberibe?
O diabo: é o Senhor.

Sarney: você sabe quem não deixou o atual Governador do Estado do Maranhão trabalhar e irá tirá-lo do cargo no tapetão?
O diabo: O senhor é fogo, não há dúvida que é o senhor.

Sarney: você sabe quem manda no Lula e em meia duzia de petistas?
O diabo: O Senhor é claro.

Sarney: você sabe quem mandou durante quarenta anos no Maranhão, transformando-o no Estado mais pobre do Brasil e tem o menor IDH do País. Construiu também um mausoléu num lugar que era do Estado só pra satisfazer seu ego?
O diabo: É demais, foi Vossa Excelência.

Sarney: sabe quem dá as cartas na Eletronorte, BNDES, Ministério das Comunicações, Correios, Petrobrás e tem grandes influências em quase todos os Ministérios e na Câmara dos Deputados?
O diabo: não tenho dúvidas que é Vossa Excelência.

Sarney: você sabe quem é sócio de um Banco em Miami, foi sócio do ex Banco Santos, é sócio de uma Indústria de automóveis na Índia, sócio de um grande hospital, de um shoping e de dois prédios na avenida mais movimentada de São Luís, além de possuir vários quadros famosos e livros raros em uma ilha?
O diabo: isso nem eu sei dizer de quem é, mas na dúvida... acho que é de um senador...

Sarney: sabe quem Ricardo Murad chama de painho e toma a benção todo dia por telefone antes de sair de casa?
O diabo: francamente, é o senhor.

Sarney: você sabia que agora sou Presidente do Senado só para abafar uma investigação da PF e tirar o Tasso Genro, tudo isso pra mostrar pro Lula quem manda?
O diabo: tu és pior que eu, porra!

Sarney: sabe quem possui o maior império de comunicação do Brasil para manipular pessoas em um Estado que tem um dos maiores índices de analfabetismo do país?
O diabo: cruz credo, és tu.

Sarney: sabes quem é meu genro?
O diabo: vou enfartar...

Sarney: Se liga, se eu morrer, com certeza, vou pro inferno.
O diabo: sai pra lá coisa ruim.

Nesse instante o capiroto sumiu e o avião voltou a não mais balançar e tudo ficou como antes. Moral da história. Até o diabo tem medo do que Sarney pode fazer no inferno. Que coisa!

Anna Netrebko

Eu estava para publicar um post sobre uma cantora que havia conhecido no último fim de semana. Pelo You Tube, claro. Ela é Anna Iuriiévna Netrebko, Анна Юрьевна Нетребко (em russo), nascida aos 18 de Setembro de 1971.

Antigamente a tradição era de sopranos gordas. Mentalize, amigo leitor, uma walkiria balofíssima cantando Wagner. Imagine, também, o esforço romântico de um tenor levando a ária Che Gelida Manina frente a uma dessas super-dimensionadas figuras, se bem que no tempo antigo as bem nutridas é que mandavam. Atualmente as protagonistas contribuem com mais de 50% da motivação dos intérpretes da ópera. Elas são belíssimas, tanto quanto suas vozes.

Carmen Monarcha, a paraense que foi para a Holanda e é uma das principais figuras da orquestra de André Rieu, é muito bonita. Mas Anna Netrebko possui um ingrediente adicional, uma sensualidade espontânea que contagia até a quem assiste a um simples vídeo. Já imaginaram ter a oportunidade de assistir a uma sua apresentação e receber de suas mãos uma flor ofertada, envolto na magia de sua voz? Não tem preço.

Anna Netrebko leva sua apresentação no palco às últimas consequências. Dmitri Hvorostovsky, o sensacional barítono russo, teve os lábios dessa diva muito próximos aos seus. É preciso ter a frieza de um cirurgião para não ser tomado pela emoção. O final do vídeo estava truncado, não sei o que verdadeiramente rolou mas Dmitri deve ter profundo respeito pelo rolo de pastel que sua esposa tem em casa.

Já o argentino Marcelo Alvarez teve melhor sorte. Envoltos no clima altamente romântico da ópera La Boheme, ele e Anna se entregaram a um gostoso beijo ao final da ária O Soave Fanciulla.

Um nojo esses argh... entinos!

O vídeo do post é Meine Lippen, sie küssen so heiß, de Franz Lehár, Meus lábios te beijam ardentemente, traduzido com a ajuda do Babylon. A platéia foi arrebatada pela arte dessa moça, que faz do palco sua razão de viver. A platéia ficou verdadeiramente enlouquecida.

Jarbas Vasconcelos jogando no ventilador

Eu estava para publicar umas amenidades: uma cantora maravilhosa da qual tomei conhecimento esta semana; e tenho absoluta certeza que vocês não a conhecem. Mas, caramba, este blog sucedeu ao Represália, que tinha por função precípua destilar fel contra os safados da política brasileira. Não podemos perder o foco.

A matéria que queria publicar é um pouco longa para os parâmetros do blog mas se trata de texto acessível apenas a assinantes da Veja, onde ocorreu a remandiola. Sei que outros blogs já publicaram a íntegra da entrevista do senador Jarbas Vasconcelos, onde ele, literalmente, joga merda no ventilador. Seu partido, o PMDB, tem suas vísceras expostas e lhe compete então processar o parlamentar por falta de decoro, vestir a carapuça ou fingir-se de morto. Aguardemos os desdobramentos da entrevista.

Se não puderem ler todo o texto, pelo menos detenham-se nos tópicos que pareçam mais interessantes. O que diz o senador já é do conhecimentos do cidadão mais esclarecido, porém em sua boca adquire outra dimensão.

"O marketing de Lula mexe com o país. Ele optou pelo assistencialismo, o que é uma chave para a popularidade em um país pobre. O Bolsa Família é o maior programa oficial de compra de votos do mundo"

Matéria assinada por Otávio Cabral

O PMDB é corrupto

O que representa para a política brasileira a eleição de José Sarney para a presidência do Senado? É um completo retrocesso. A eleição de Sarney foi um processo tortuoso e constrangedor. Havia um candidato, Tião Viana, que, embora petista, estava comprometido em recuperar a imagem do Senado. De repente, Sarney apareceu como candidato, sem nenhum compromisso ético, sem nenhuma preocupação com o Senado, e se elegeu. A moralização e a renovação são incompatíveis com a figura do senador.

Mas ele foi eleito pela maioria dos senadores. Claro, e isso reflete o que pensa a maioria dos colegas de Parlamento. Para mim, não tem nenhum valor se Sarney vai melhorar a gráfica, se vai melhorar os gabinetes, se vai dar aumento aos funcionários. O que importa é que ele não vai mudar a estrutura política nem contribuir para reconstruir uma imagem positiva da Casa. Sarney vai transformar o Senado em um grande Maranhão.

Como o senhor avalia sua atuação no Senado? Às vezes eu me pergunto o que vim fazer aqui. Cheguei em 2007 pensando em dar uma contribuição modesta, mas positiva – e imediatamente me frustrei. Logo no início do mandato, já estourou o escândalo do Renan (Calheiros, ex-presidente do Congresso que usou um lobista para pagar pensão a uma filha). Eu me coloquei na linha de frente pelo seu afastamento porque não concordava com a maneira como ele utilizava o cargo de presidente para se defender das acusações. Desde então, não posso fazer nada, porque sou um dissidente no meu partido. O nível dos debates aqui é inversamente proporcional à preocupação com benesses. É frustrante.

O senador Renan Calheiros acaba de assumir a liderança do PMDB... Ele não tem nenhuma condição moral ou política para ser senador, quanto mais para liderar qualquer partido. Renan é o maior beneficiário desse quadro político de mediocridade em que os escândalos não incomodam mais e acabam se incorporando à paisagem.

O senhor é um dos fundadores do PMDB. Em que o atual partido se parece com aquele criado na oposição ao regime militar? Em nada. Eu entrei no MDB para combater a ditadura, o partido era o conduto de todo o inconformismo nacional. Quando surgiu o pluripartidarismo, o MDB foi perdendo sua grandeza. Hoje, o PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte. É uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos.

Para que o PMDB quer cargos? Para fazer negócios, ganhar comissões. Alguns ainda buscam o prestígio político. Mas a maioria dos peemedebistas se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral. A corrupção está impregnada em todos os partidos. Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção.

Quando o partido se transformou nessa máquina clientelista? De 1994 para cá, o partido resolveu adotar a estratégia pragmática de usufruir dos governos sem vencer eleição. Daqui a dois anos o PMDB será ocupante do Palácio do Planalto, com José Serra ou com Dilma Rousseff. Não terá aquele gabinete presidencial pomposo no 3º andar, mas terá vários gabinetes ao lado.

Por que o senhor continua no PMDB? Se eu sair daqui irei para onde? É melhor ficar como dissidente, lutando por uma reforma política para fazer um partido novo, ao lado das poucas pessoas sérias que ainda existem hoje na política.

Lula ajudou a fortalecer o PMDB. É de esperar uma retribuição do partido, apoiando a candidatura de Dilma? Não há condições para isso. O PMDB vai se dividir. A parte majoritária ficará com o governo, já que está mamando e não é possível agora uma traição total. E uma parte minoritária, mas significativa, irá para a candidatura de Serra. O partido se tornará livre para ser governo ao lado do candidato vencedor.

O senhor sempre foi elogiado por Lula. Foi o primeiro político a visitá-lo quando deixou a prisão, chegou a ser cotado para vice em sua chapa. O que o levou a se tornar um dos maiores opositores a seu governo no Congresso?
Quando Lula foi eleito em 2002, eu vim a Brasília para defender que o PMDB apoiasse o governo, mas sem cargos nem benesses. Era essencial o apoio a Lula, pois ele havia se comprometido com a sociedade a promover reformas e governar com ética. Com o desenrolar do primeiro mandato, diante dos sucessivos escândalos, percebi que Lula não tinha nenhum compromisso com reformas ou com ética. Também não fez reforma tributária, não completou a reforma da Previdência nem a reforma trabalhista. Então eu acho que já foram seis anos perdidos. O mundo passou por uma fase áurea, de bonança, de desenvolvimento, e Lula não conseguiu tirar proveito disso.

A favor do governo Lula há o fato de o país ter voltado a crescer e os indicadores sociais terem melhorado. O grande mérito de Lula foi não ter mexido na economia. Mas foi só. O país não tem infraestrutura, as estradas são ruins, os aeroportos acanhados, os portos estão estrangulados, o setor elétrico vem se arrastando. A política externa do governo é outra piada de mau gosto. Um governo que deixou a ética de lado, que não fez as reformas nem fez nada pela infraestrutura agora tem como bandeira o PAC, que é um amontoado de projetos velhos reunidos em um pacote eleitoreiro. É um governo medíocre. E o mais grave é que essa mediocridade contamina vários setores do país. Não é à toa que o Senado e a Câmara estão piores. Lula não é o único responsável, mas é óbvio que a mediocridade do governo dele leva a isso.

Mas esse presidente que o senhor aponta como medíocre é recordista de popularidade. Em seu estado, Pernambuco, o presidente beira os 100% de aprovação. O marketing e o assistencialismo de Lula conseguem mexer com o país inteiro. Imagine isso no Nordeste, que é a região mais pobre. Imagine em Pernambuco, que é a terra dele. Ele fez essa opção clara pelo assistencialismo para milhões de famílias, o que é uma chave para a popularidade em um país pobre. O Bolsa Família é o maior programa oficial de compra de votos do mundo.

O senhor não acha que o Bolsa Família tem virtudes? Há um benefício imediato e uma consequência futura nefasta, pois o programa não tem compromisso com a educação, com a qualificação, com a formação de quadros para o trabalho. Em algumas regiões de Pernambuco, como a Zona da Mata e o agreste, já há uma grande carência de mão-de-obra. Famílias com dois ou três beneficiados pelo programa deixam o trabalho de lado, preferem viver de assistencialismo. Há um restaurante que eu frequento há mais de trinta anos no bairro de Brasília Teimosa, no Recife. Na semana passada cheguei lá e não encontrei o garçom que sempre me atendeu. Perguntei ao gerente e descobri que ele conseguiu umabolsa para ele e outra para o filho e desistiu de trabalhar. Esse é um retrato do Bolsa Família. A situação imediata do nordestino melhorou, mas a miséria social permanece.

A oposição está acuada pela popularidade de Lula? Eu fui oposição ao governo militar como deputado e me lembro de que o general Médici também era endeusado no Nordeste. Se Lula criou o Bolsa Família, naquela época havia o Funrural, que tinha o mesmo efeito. Mas ninguém desistiu de combater a ditadura por isso. A popularidade de Lula não deveria ser motivo para a extinção da oposição. Temos aqui trinta senadores contrários ao governo. Sempre defendi que cada um de nós fiscalizasse um setor importante do governo. Olhasse com lupa o Banco do Brasil, o PAC, a Petrobras, as licitações, o Bolsa Família, as pajelanças e bondades do governo. Mas ninguém faz nada. Na única vez em que nos organizamos, derrotamos a CPMF. Não é uma batalha perdida, mas a oposição precisa ser mais efetiva. Há um diagnóstico claro de que o governo é medíocre e está comprometendo nosso futuro. A oposição tem de mostrar isso à
população.

Para o senhor, o governo é medíocre e a oposição é medíocre. Então há uma mediocrização geral de toda a classe política? Isso mesmo. A classe política hoje é totalmente medíocre. E não é só em Brasília. Prefeitos, vereadores, deputados estaduais também fazem o mais fácil, apelam para o clientelismo. Na política brasileira de hoje, em vez de se construir uma estrada, apela-se para o atalho. É mais fácil.

Por que há essa banalização dos escândalos? O escândalo chocava até cinco ou seis anos atrás. A corrupção sempre existiu, ninguém pode dizer que foi inventada por Lula ou pelo PT. Mas é fato que o comportamento do governo Lula contribui para essa banalização. Ele só afasta as pessoas depois de condenadas, todo mundo é inocente até prova em contrário. Está aí o Obama dando o exemplo do que deve ser feito. Aqui, esperava-se que um operário ajudasse a mudar a política, com seu partido que era o guardião da ética. O PT denunciava todos os desvios, prometia ser diferente ao chegar ao poder. Quando deixou cair a máscara, abriu a porta para a corrupção. O pensamento típico do servidor desonesto é: "Se o PT, que é o PT, mete a mão, por que eu não vou roubar?". Sofri isso na pele quando governava Pernambuco.

É possível mudar essa situação? É possível, mas será um processo longo, não é para esta geração. Não é só mudar nomes, é mudar práticas. A corrupção é um câncer que se impregnou no corpo da política e precisa ser extirpado. Não dá para extirpar tudo de uma vez, mas é preciso começar a encarar o problema.

Como o senhor avalia a candidatura da ministra Dilma Rousseff? A eleição municipal mostrou que a transferência de votos não é automática. Mesmo assim, é um erro a oposição subestimar a força de Lula e a capacidade de Dilma como candidata. Ela é prepotente e autoritária, mas está se moldando. Eu não subestimo o poder de um marqueteiro, da máquina do governo, da política assistencialista, da linguagem de palanque. Tudo isso estará a favor de Dilma.

O senhor parece estar completamente desiludido com a política. Não tenho mais nenhuma vontade de disputar cargos. Acredito muito em Serra e me empenharei em sua candidatura à Presidência. Se ele ganhar, vou me dedicar a reformas essenciais, principalmente a política, que é a mãe de todas as reformas. Mas não tenho mais projeto político pessoal. Já fui prefeito duas vezes, já fui governador duas vezes, não quero mais. Sei que vou ser muito pressionado a disputar o governo em 2010, mas não vou ceder. Seria uma incoerência voltar ao governo e me submeter a tudo isso que critico.

Adivinhem quem vem para jantar

Quando recebo um e-mail costumo ficar esperto. Se é uma apresentação Power Point procuro descobrir o vídeo no You Tube para publicar, porque as modalidades de PPS share para blogs não têm graça nenhuma. Quando eu achar que o Power Point é "imperdível" terei o cuidado de dar-lhe um upload e recomendar a vocês que o baixem. Fiquem espertos também - brevemente, com toda a certeza, farei isto.

Recebi uma imagem que pode ter dupla interpretação: para uns é um sapo, para outros, um cavalo. E em cima dessa ilusão de ótica, que não resiste a um simples giro da figura, foi criado um sofisma por quem deu origem à mensagem: "Este desenho nos ensina claramente que devemos sempre respeitar as outras opiniões. É necessário esperar e ouvir atentamente os outros porque eles também têm o seu ponto de vista".

Eu não concordo. Um pau é um pau e uma pedra é uma pedra, independente de pontos de vista.

Mas, como eu dizia, vi que o referido desenho veio de Joe-ks, um site cheio de humor, e retirei um assunto para o blog. Queremos descobrir quem são as personalidades das fotos. Abaixo de cada foto aparece o ano em que foi produzida. Para verificar seu palpite selecione o espaço entre asteriscos - ou seja -, clique no primeiro asterisco e arraste o mouse até o segundo. Eu ia colocar a foto do Sidney Poitier, mas com este título ficaria muito óbvio. Ficou apenas o título.
1967
* Clint Eastwood *

1970

* Bill e Hillary Clinton *

1968
* George W. Bush *
1940
* Barbara Bush *

1967
* J. F. Kennedy *

Fulano é um cara jóia (mesmo!)



A notícia é antiga e bizarra. Recebo os textos do Félix Maier publicados na USINA de Letras. O título, entre outros, me chamou a atenção: "Defunto vira diamante na Suíça". Ele, por sua vez, viu no Palmares Espírita, que por sua vez leu na revista Veja (Empresa suíça transforma cinzas de cremações em diamantes sintéticos).

Os suíços, criadores da novidade, garantem que transformar o parente em jóia sai mais barato que fazer o enterro tradicional, ainda mais no Japão, de onde vem quase metade das encomendas, e cujo pequeno território dificulta enterrar tanta gente.


Parentes lapidados como jóias

A firma suíça já tem escritórios em quinze países e quer se expandir para os Estados Unidos e a América do Sul.

Breve você poderá literalmente dizer:
- Meu pai é um cara jóia!

Delegacia da mulher

Recebi hoje do meu amigo Machado. À medida que ia lendo reconhecia não ser notícia nova, já a tinha lido, mas não me lembrava dos detalhes. Então fui percorrendo os parágrafos, com grande expectativa, até o retumbante final. O mesmo irá acontecer com você, prezado e amigo leitor.Cor do texto

Se havia algo que deixava o delegado Carlos Henrique consternado, era choro de mulher. Ainda mais quando ela tinha 30 anos, era bonita e sensual:
- Mas o que foi que aconteceu, meu anjo? Conta pra mim.
Maristela - era esse o nome da vítima - fez beicinho:
- Ele me bateu.
Dr. Carlos Henrique trincou os dentes:
- Ele, quem?
- O Jorjão.
Sentiu o peito arfar:
- E quem é esse Jorjão?
- É...bem, como eu posso dizer? Ah, deixa pra lá, doutor. Acho melhor não registrar nada.
Dr. Carlos Henrique pousou a mão naquele ombro macio, carnudo:
- Posso lhe dizer uma coisa?
Maristela ficou em silêncio. O delegado insistiu:
- Com toda a experiência?
Ela balançou a cabeça, afirmativamente:
- Pode.
- Se você não denunciar esse patife, ele vai te bater de novo.
Abriu o olho roxo:
- O senhor acha ?
- Tenho certeza, meu doce - alisou o hematoma: - Aliás, vou expedir uma guia para o Instituto Médico-Legal fazer o exame de corpo de delito. Está horrível...
Apesar dos pesares, ela sorriu:
- O senhor ainda não viu nada.
- Ele fez pior ainda?
Maristela pôs a mão na coxa:
- Me deu um chute aqui...
- Ficou a marca ?
- Uma mancha enorme.
- Entre aqui no meu gabinete, que eu quero ver.
- Então, feche a porta, doutor.
Dr. Carlos Henrique deu três voltas com a chave e mais quatro com o ferrolho. Tapou o buraco da fechadura com uma fita adesiva:
- Assim está bom?
- Ótimo. Agora, ligue o ar e prepare uma bebida para nós dois.
- Vinho?
Maristela mordeu o lábio ferido e exigiu:
- Se tiver uísque, eu prefiro.
- Tenho sempre um litro guardado para essas emergências, meu anjo. Puro ou com gelo?
- Puro.
O delegado serviu duas doses. Maristela pegou a sua e bebeu tudo em apenas três goles. Estalou os beiços:
- Vou tirar a roupa.
- Mostra tudo, meu doce.. Quero ver todos os hematomas.
- Apaga aquela luz ali. Deixa só a do corredor...
Dr. Carlos Henrique estava arrepiado:
- Isto aqui tá parecendo estúdio da Playboy... tira tudo, meu anjo, tira..
- Tô tirando...pronto...O delegado, nervoso:
- Preciso acender. Quero ver de perto para poder descrever nos autos... Êpaaaa!!!
- O que foi, doutor?
- Você é homem, cara!
- É com isso que o Jorjão não se conforma!!!!!

Custos da "renovação"

Eu tenho um blog, desativado, chamado Represália. Deixá-lo lá quietinho é o meu objetivo - nada de removê-lo, não cometerei esse desatino. E eu falo isso pensando nos meus amigos que pararam de blogar e queimaram toda sua obra.

O Represália tinha por função precípua falar mal do governo. Si hay gobierno, soy contra! No entanto esses assuntos (corrupção, escândalos, maracutaias, entreguismo, jeitinho brasileiro), tudo continua neste blog sob a tag represália. Lamento apenas que certos cenários sejam de tal monta que me deixam travado, embasbacado. Minha solução é me socorrer do Reinaldo Azevedo, do Coturno Noturno, do Alerta Total, do Diogo Mainardi. Tenho também a sorte de contar com a colaboração e a amizade de Haroldo Barboza, uma pessoa viciada em escrever: contos, crônicas, humor, poesia, etc. Sua pena (seu mouse) também martela forte na tecla da moralidade pública. Sabemos quão moucos são os ouvidos da população. Sabemos que estamos lutando contra a maré, só não podemos ficar calados e parecer coniventes.


Custos da "renovação"
Haroldo Barboza

A eleição para as presidências das duas casas legislativas em Brasília realizadas agora no início de fevereiro de 2009 nos custou caro.

Por apenas UM dia de "trabalho" para esta heróica façanha, os 513 Deputados Federais, 81 Senadores e seus respectivos suplentes receberão o mês integral. Um valor em torno de R$ 19.332.000,00! E a resultante deste rombo em nossos cofres foi a entrega do comando dos antros aos "garotões" Sarney e Temer. Cheios de idéias "novas", certamente no sentido de acabar de exaurir nossas últimas reservas financeiras e de paciência.

Aproveitando o ensejo, observemos o desperdício que a nação realiza anualmente em troca de medidas que em 90% dos casos beneficiam os banqueiros, empreiteiros, fazendeiros e outros "eiros" (menos nós, fuleiros) encastelados nos subterrâneos podres do poder nacional. Focalizemos inicialmente os custos mensais.

R$ 8.208.000,00 - 513 Deputados x salário de R$ 16.000,00.
R$ 1.458.000,00 - 81 Senadores x salário de R$ 18.000,00.
R$ 11.680.000,00 - 584 x R$ 20.000,00 (viagens, gasolina, moradia, lanches, hospedagem, correios, etc).
R$ 5.840.000,00 - 584 x R$ 10.000,00 (Isto se considerarmos que um suplente gaste apenas metade).
R$ 23.360.000,00 - 5840 aspones x R$ 4.000,00 (se cada um possuir apenas 10 aspones no seu séquito).
R$ 50.546.000,00 - BAGATELA mensal acumulada até agora.
R$ 606.552.000,00 - MIXARIA anual que sai de nossos bolsos.
R$ 8.208.000,00 - 13º. dos Deputados.
R$ 1.458.000,00 - 13º. dos Senadores.
R$ 23.360.000,00 - 13º. dos Aspones.
R$ 16.416.000,00 - jetons dos Deputados quando comparecem pelo menos uma vez na câmara durante as duas férias anuais.
R$ 2.916.000,00 - Jetons dos Senadores ... idem acima.
R$ 658.910.000,00 - Rombo anual que a nação sofre com gastos diretos.
R$ 341.090.000,00 - Gastos indiretos englobando:

Contas telefônicas, compras de materiais higiênicos, curativos e de escritório, contratos (superfaturados) de limpeza de carpetes e cortinas, ar refrigerado, conexão com internet, compra de cuecas com bolsos camuflados.

Atingimos a modesta cifra de R$ UM BILHÂO para oferecer mordomias monstruosas a elementos que trabalham (para quem?) em torno de 720 horas por ano (40 semanas x 3 dias x 6 horas). Então chegamos ao valor aproximado de R$ 3.000,00 do homem/hora do legislativo! Se algum leitor mais dedicado tiver a paciência de relacionar outros itens, não ficaremos surpresos se este montante dobrar.

Como a oportunidade de estudo e cultura é vedada para 95% da população, esta parcela do povo não recebe estas informações detalhadas em nenhum balancete periódico. Esta massa de eleitores adoradores do Big Bosta Brasil (que eles consideram gado) imagina na sua inocência que UM MILHÃO é um milho grande. Rapidamente conclui que BI-LHÃO são dois (bi) milhos grandes. E continua trabalhando 2880 horas por ano recebendo em média, R$ 2,00 por hora! Talvez possibilite a compra de um quilo de fubá (de milho).

Ainda bem para estes beneméritos "defensores" da moralidade pública, pois se o povo tivesse a exata noção do que ocorre nos pântanos dos gabinetes públicos (mais sujos que banheiros de estações rodoviárias), a convulsão social prevista para 2045/2050 (quando nossas minas estiverem exauridas) seria iniciada amanhã mesmo.

Newsletters INFO


Eu recebo algumas newsletters que me chegaram como SPAM e eu oficializei. Outras, no entanto, fiz questão de assinar. É o caso das notícias do site CNET e do INFO. As notícias que recebi hoje do INFO motivaram este post.
O destaque vai para o upgrade para usuários do Windows XP diretamente para o Windows 7. Esse método garante apenas um desconto para quem possui a licença do XP, já que na verdade não se trata de um upgrade na acepção da palavra, mas sim de uma instalação por cima, apagando todos os arquivos. O usuário deverá providenciar um backup de todos os seus dados. É coisa prevista para 2010.

Outra notícia: saiu a versão 3.0.6 do Firefox. Aproveitei e baixei logo o Update Checker v 1.030 beta aqui. Uma vez rodado, o programa informa quais os aplicativos do computador que podem ser atualizados. No meu caso havia essa nova versão do Firefox, mais o Adobe, Chrome, Java, Windows Live Messenger e o Winrar. Não são consideradas as versões BETA.

E entre tantas notícias sobre tecnologia, uma extremamente bizarra: na China um funcionário de uma loja de computadores morreu depois que seu celular explodiu e atingiu uma artéria no seu pescoço. Pessoas próximas à loja disseram ter ouvido um estrondo na noite da última sexta-feira (30) e encontraram um rapaz de vinte e poucos anos caído em uma poça de sangue.

A identidade do chinês e o modelo do telefone móvel não foram revelados. O governo chinês investiga a procedência dos produtos.

A procedência dos produtos? Ora, elementar, meu caro Watson! Made in Tcháina.

Muito ajuda quem não atrapalha

Para inaugurar fevereiro vai uma piada que o remetente assegurou ser repeteco mas que eu considero inédita. É possível que ela já fosse sucesso nos melhores salões de barbeiro do Rio antigo. Para mim é novíssima. Certas anedotas têm vida longa. E eu tenho boa memória. A propósito, ainda esta semana recebi por e-mail uma piada clássica que ouvi nos anos 50 contada pelo professor de português em plena classe. O bombeiro chegava à casa e começava a se trocar. Sua esposa reclamava que estava com muita dor de cabeça e pedia-lhe que, por favor, não acendesse a luz.
Pediu-lhe, em seguida, que fosse à farmácia comprar algum remédio, mas que se vestisse novamente no escuro, sua dor de cabeça era insuportável. E assim o marido fez. Ao chegar ao seu destino o farmacêutico notou algo estranho:
- Ué, o senhor não é bombeiro? Por que está vestido de mata-mosquito?

Assunto: Não meta o bedelho quando você desconhece o contexto!

Um homem e uma bonita mulher estavam jantando á luz de velas num restaurante de luxo.
De repente, o garçom notou que o homem escorregava lentamente para debaixo da mesa.
A mulher parecia não reparar que o companheiro tinha desaparecido.
- Perdão, senhora, disse o garçom, mas eu acho que seu marido está debaixo da mesa.
- Não está não, disse a mulher, olhando calmamente para o garçom. Meu marido acabou de entrar no restaurante.

Quem já conhecia, levante o braço!