Lugar_RSI

AvatarLugar do Real, do Simbólico e do Imaginário
Aqui não se fala dos conceitos de Lacan e a palavra lugar deve ser pensada em sua definição matemática

A vergonha da mulher

Lembro de todas as minhas professoras. A primeira, das primeiras letras e números, foi a D. Ernésia, a segunda, D. Rodi. Depois D. Celi, D. Clara e D. Maria Luísa. A D. Clara, na quarta série, fez quase toda a turma repetir. Estranhamente não me lembro do nome da professora da quinta série. Naquela época os alunos que concluiam a quarta série já procuravam os cursos de férias dos ginásios. Era a admissão garantida para o primeiro ano ginasial. Pagou, passou. Até uma garota que foi reprovada comigo na quarta série, não quis nem saber, apresentou-se, pagou e passou. Deve ter sido uma péssima aluna. 

E eu fiz a quinta série. Entrei no curso ginasial arrebentando. Era um dos primeiros alunos da classe. Mas a professora da quinta série, não lembro dela. Essa época era, mal comparando, como a face oculta da Lua. Dizem que lá habitam estranhos seres. Daqui não dá pra ver. Mas existem teorias...

Não obstante, a memória seletiva filtrou algumas passagens. Eu sentava na primeira fila com o Edson. Atrás sentavam a Dalila e a Nadir. Os quatro conversavam quase o tempo todo. Eu ficava surpreso porque a professora não dava esporro na gente. No início as conversas eram inocentes. As moças tinham uma linguagem, não sei se era a do "Pê" ou do "R". Eu e o Edson falávamos de trás pra frente: "Iav ramot on uc". Era uma festa. 

A coisa extrapolou. Certo dia a Nadir me chamou para ir no banheiro. Não sei se fiquei com medo de ser flagrado ou se fiquei com medo de encarar a garotinha (tradução: babaca). Acho que foi a segunda hipótese. Ela deveria ter 11 ou 12 anos. Certo dia me perguntou: Qual a vergonha da mulher? Sei lá, respondi... Qual é? Ela respondeu candidamente: são os peitos...
Mandei de pronto: então você não tem vergonha nenhuma.
Ela subiu o agasalho e espremeu a blusa contra o corpo, dizendo: ah, é?, olha aqui!
E sobressaiu um promontório, um peitinho virginal, menor que um pirulito. Não me pareceu que ela tivesse vergonha alguma, peito até podia ter.

Passaram-se sessenta anos. As mulheres perderam a vergonha, ostentam peitos turbinados. Algumas, antes despeitadas, alegam a busca da auto estima. Outras querem mais é verem os homens babarem.

Qual é mesmo a vergonha da mulher? Sabe que você tem a bunda muita feia?

1 comments:

23 de março de 2012 às 21:12 Adao Braga disse...

Lailo, esta história tem cerca de 70% da minha história também. Eu sofri com frases do tipo:

pêa, pêdao, pêé pêfe, pêio!

Eu inventava coisas também, até que fui quase expulso. E elas tinham vergonhas também. Quando sentavam de forma a deixar as pernas abertas, hi, era uma festa na garotada, e um ou dois dias sem irem na escola.

Postar um comentário

Qualquer mensagem não relacionada à postagem deverá ser colocada no Quadro de Recados e, de preferência, não contendo SPAM.
Anônimo, faça a gentileza de deixar seu nome ao final do comentário