Lugar_RSI

AvatarLugar do Real, do Simbólico e do Imaginário
Aqui não se fala dos conceitos de Lacan e a palavra lugar deve ser pensada em sua definição matemática

O piloto ignorou a aerodinâmica

Recebi o video por e-mail com o título: Incrível! Você nunca viu nada igual!


Acima temos apenas uma imagem. Pode clicar nela para ampliar.


Congelei a cena quando o piloto passou entre as duas torres. Achei que ele tinha tocado a asa direita numa delas. Ou terá sido apenas a ocorrência de alguns parafusos frouxos? O fato é que ele fica com meio avião, ou menos que isso. Consegue sair do parafuso ficando de cabeça pra baixo e depois reverte essa posição. Na força do motor transforma sua máquina, por assim dizer, em um helicóptero. Ouvem-se gritos desesperados de uma pessoa em terra, antevendo a tragédia que se desenhava. O ronco selvagem da aeronave dá mais dramaticidade à cena. Já próximo do solo o piloto corta toda a mistura e o avião cai pesadamente numa aterrisagem bem mais técnica do que muitos fariam com um avião integral.

Uma pessoa corre em sua direção com as mãos na cabeça, não acreditando no que vê. Eu também não acreditei e custa crer que não tenha morrido. Isso já não é ter sangue frio, é tê-lo completamente congelado nas veias.

Dizem também que, nessas situações extremas, o anjo da guarda, literalmente, leva o avião nas costas. Para quem acredita apenas em empuxo, sustentação e gravidade essa alternativa é bem aceitável.

Obama vs McCain

Break dance

Agora a eleição americana esquentou de vez. A uma semana apenas da decisão entra em cena um novo componente. Vejamos quem é bom nesse quesito.

Conhece a do mecânico?


O cara não conhece mesmo e recebe por resposta: - É toda suja de graxa.

A maioria das piadas que correm na internet é velha, algumas são chulas. Por isso mesmo tenho certo escrúpulo em postar piadas. No máximo, trocam-se os personagens. Onde era um português entra um japonês chamado Manuel, onde era um japonês entra um argentino qualquer e assim por diante. Porém mesmo que a presente piada seja velha, os personagens são novos. São dois americanos e, lógico, foi enviada por um Democrata.

De algum jeito, John McCain e Barack Obama foram parar na mesma barbearia.

Lá sentados, com um barbeiro atendendo a cada candidato, não se falou palavra. Os barbeiros temiam iniciar qualquer conversa pois poderia descambar para discussão política.

Terminaram a barba de seus clientes mais ou menos ao mesmo tempo. O barbeiro que tinha McCain em sua cadeira estendeu o braço para pegar a loção pós-barba, no que foi interrompido rapidamente por seu cliente.

— Não obrigado, minha esposa Cindy vai sentir o cheiro e pensar que eu estava num puteiro — disse McCain.

O segundo barbeiro virou-se para Obama.

— E o senhor?, indagou.

E Obama respondeu:

— Vá em frente, minha esposa Michelle não sabe como é o cheiro dentro de um puteiro.

Aqui no Brasil dizem que a polêmica pergunta da Marta ao Kassab, sobre se ele era casado e tinha filhos, não ficou sem resposta. Ele teria dito:

- Eu até queria casar, mas tive medo de pegar uma vagabunda que pudesse me trair com algum malandro argentino.

A vice americana, Sarah Palin, inspira concurso

Uma boate de Las Vegas promoveu um concurso e a chamada nos cartazes dizia: "Envolva-se na política". As candidatas usavam penteados e óculos iguais aos usados por Sarah Palin, imitavam seus gestos e concorriam a um prêmio de US$ 10 mil e uma viagem a Washington para a posse do novo presidente.
A vencedora foi Kimberly Jones. Resta saber se ela se encontrará com Palin no dia da posse. Espero que não.

Quantas vezes você leu seu livro favorito?

Vi noutro dia uma verdade comprovada: se você leu um livro apenas uma vez, nada apreendeu dele. Só vai recordar o título, o nome do autor e umas breves passagens além do assunto tratado. Leia-o duas, três, as vezes que puder. Só há um problema - há cinquenta anos li Psicologia das multidões, de Gustave le Bon, por empréstimo. Não posso manter uma biblioteca com todos os livros que já li, a maioria por empréstimo. A solução é recorrer à pesquisa. O maravilhoso da pesquisa é que nos fornece caminhos paralelos. 

O jovem autor do blog que pesquisei assim resumiu sua leitura: "Clássico do inicio do século passado, escrito pelo médico e sociólogo francês Gustave Le Bon. Esse excelente livro trata do comportamento do individuo quando em grupo. Esse é o tipo de livro que todo cristão deveria ler para estar bem afiado para desmascarar lideres evangélicos mal-intencionados que manipulam os fiéis de forma maléfica. O livro mostra como é fácil manipular multidões, sejam elas cultas ou incultas, por serem altamente influenciadas com promessas, imagens e ilusões. 

Quem domina é aquele que consegue iludir a multidão, quem tenta desiludi-la se torna sempre vitima. As multidões são incapazes de pensar alheio ao que lhes é sugerido, essa é a realidade evangélica atual, conhecer a arte de impressionar as multidões é conhecer a arte de as governar". 

Como podem ver, ele focalizou o assunto de seu interesse, a religião, e sua crítica tem alvo certo, os pastores midiáticos. Mas reparem que, mutatis mutandis, nossos conhecidos políticos também são desnudados nesse simples resumo. 
Uns prometem milagres e vida financeira venturosa (Deus não quer que os cristãos sejam miseráveis, dizem), e os políticos acenam com promessas mirabolantes e, os mais "carismáticos", com pequenas ajudas aos mais pobres, sendo o bolsa-família apenas um exemplo.

O blog se chama Despertai, Bereanos! e pertence ao jovem Vitor Grando, de apenas 22 anos. Seus interesses são Teologia, Apologética, Psicologia e Filosofia. É difícil ver alguém assim tão jovem no físico e amadurecido no intelectual. Para quem gosta do contraditório na religião vale a pena visitar.

breves notas 21 out 2008

Hoje o dia não foi bom. Enfrentei um engarrafamento simplesmente inacreditável, sem motivo aparente. Onde a guarda municipal? Na Taquara, Rio de Janeiro, fez-se o caos. Foi até notícia na televisão. É inacreditável como o motorista é indisciplinado. Sabem que não conseguirão ultrapassar o cruzamento e se comprazem em impedir o fluxo dos carros na outra via. Onde os guardas municipais? Até agora nenhum candidato fez referência ao assunto. Digamos que eu tenha ficado duas horas engarrafado, terrível.

A cidade está esburacada. colocam quebra-molas, eufemísticamente chamados de ondulações, e também câmeras para flagrar motoristas a mais de 40 ou 50 km/hora, conforme o lugar. Além de observar essas ondulações, nem todas sinalizadas, e de controlar a velocidade, o motorista deve também evitar cair nos buracos. E então você recorda os candidatos no programa eleitoral apresentando suas "propostas" que nem sempre são cumpridas. Mas parece que o eleitor acredita.

À tarde fiquei de levar minha mãe ao médico mas ligaram da clínica comunicando que a consulta seria transferida para outro dia. O médico não iria.  Eu estava liberado então para tomar uma cerveja com os amigos num encontro que se realiza uma vez por mês. Tomei o ônibus. Nem o baixo preço da passagem nem o itinerário estranho que ele realizava me trouxe luz à razão. Só quando o ônibus deixou a estrada, passou sobre ela pelo viaduto e, após mais alguns passageiros, voltou à mesma estrada, mas já em sentido contrário, é que acordei. Eu estava num Shopping em São João de Meriti, um município vizinho. Voltei para casa. Voltar foi mais demorado e cansativo. Gastei muito tempo num itinerário relativamente curto. Mas essas coisas acontecem. Quase nunca viajo de ônibus e colocaram no ponto costumeiro um carro com outro destino. Não confirmei o destino nem estranhei o preço da passagem. Acho que na minha cabeça houve uma queima de fusíveis. Mas já os troquei. Agora está tudo bem.

Quem será a próxima Eloá?

Juntando as massas

Haroldo Barboza, colaborador

O sociólogo francês Gustave Le Bon, autor do livro Psicologia das Multidões, se tivesse a oportunidade de estudar o inconsciente coletivo do brasileiro, poderia ver confirmadas as regras e as exceções de suas teorias. Para objetivos sérios em prol da coletividade ou do indivíduo é preciso que um líder experiente conduza as ovelhinhas. Para atividades festeiras temos uma motivação expontânea. Essa é a visão do Haroldo. Vejam se concordam com ele.

A presença de milhares de pessoas nos enterros de João Henrique (RJ-2007) e Eloá (SP-2008) revela a total indignação do povo já saturado pela extrema violência.

No entanto, esta indignação é passageira. Dentro de uma semana cairá no esquecimento, e infelizmente perderemos a oportunidade de acender o estopim para efetuar uma pressão constante sobre as autoridades no sentido de efetuar uma reforma adequada neste setor vital de nossa sociedade.

Quem consegue produzir plenamente sob constante risco de vida e envolvido pela angústia de não ter certeza de rever algum familiar à noite?

A Rua Augusta (RJ) reúne entre 30.000 e 50.000 nas festas carnavalescas e das copas do mundo de futebol. Escrevi para o site deles em 2006 sugerindo que convocassem 2.000 pessoas por trimestre (convidando uma autoridade) para equacionar problemas do perímetro (Tijuca). Se criassem este hábito, contaminariam outros bairros no mesmo objetivo.

Recebi a resposta que estudariam a idéia.

Como nada aconteceu até hoje, imagino que já estejam envolvidos com o próximo Carnaval. E quem sabe com a copa de 2014. A de 2010 já deve estar planificada há vários meses. Com ou sem brigas entre torcidas adversárias.

Haroldo Barboza divulga seus trabalhos no Recanto das Letras, no Amante das Letras e também no Lugar_RSI.

O cemitério dos elefantes

Ou, o último e-mail

Criança ainda, eu via no cinema que o sonho de todo caçador era descobrir o cemitério dos elefantes, aquele lugar secreto para onde os animais se dirigiam ao pressentir o fim da existência. Entre os homens há comportamentos semelhantes. O doente se aparta do convívio social e se isola no sofrimento, muitas vezes como consequência da própria enfermidade.

Luz de Luma escreveu recentemente: "E se eu, ou outro blogueiro qualquer, morrer de uma hora pra outra, como todo mundo vai ficar sabendo? Será que vão ficar vindo aqui e olhando o mesmo post por duas, três ou mais semanas, até desconfiar que algo aconteceu?"

Nas minhas listas essas notícias são repassadas, quando não imediatamente, pelo menos anunciando a missa de 7o dia. É claro que a ninguém ocorre comunicar seu iminente passamento. Às vezes essa comunicação é silenciosa, o amigo faz uma visita, até sorri e dali a algumas semanas ficamos sabendo que ele se foi.

Darcy Ribeiro disse a uma profissional do Hospital Sarah Kubitschek, onde estava internado (com câncer): “Eu preciso desesperadamente dar uma aula, mas eu quero dar aula a uma criança, me arranja uma criança”. Ela lhe trouxe seu filho, de dez anos. Ele terminou a aula, tomou banho, barbeou-se, colocou perfume – porque era vaidoso –, deitou-se, entrou em coma e morreu poucas horas depois.

Há dois meses e meio recebi um e-mail contendo apenas três linhas em termos não muito usuais:
Lailo qual é o teu tel e o teu cel
um abração do amigo
grato pelo que aprendi com voce

Sabia que ele estava muito mal, depois um amigo comum me falou sobre o agravamento da doença. Foi a despedida. O último e-mail.
Comigo ninguém precisa ficar em estado de dúvida. Na undécima hora, quando eu for convidado para a Vinha do Senhor tenho dois poemas para deixar no blog: o soneto 71 de Shakespeare,

No longer mourn for me when I am dead
Then you shall hear the surly sullen bell
Give warning to the world that I am fled
From this vile world, with vilest worms to dwell:

Nay, if you read this line, remember not
The hand that writ it; for I love you so
That I in your sweet thoughts would be forgot
If thinking on me then should make you woe.

O, if, I say, you look upon this verse
When I perhaps compounded am with clay,
Do not so much as my poor name rehearse.
But let your love even with my life decay,

Lest the wise world should look into your moan
And mock you with me after I am gone.

Ou o poema Tithonus de Lord Alfred Tennyson,

The woods decay, the woods decay and fall,
The vapours weep their burthen to the ground,
Man comes and tills the field and lies beneath,
And after many a summer dies the swan.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . .

O verso acima, e após muitos verões também o cisne morre, serviu de título a um livro do inglês Aldous Huxley, meio romance, meio ficção, Também o cisne morre, uma crítica ao desejo sempre alimentado pelo homem de viver eternamente.

Informação útil para se livrar da crise financeira


Eu recebo uma Newsletter da LeOuve, de grande utilidade. Eu concordei com o recebimento porque traz notícias do Rio G-r-a-n-d-e do Sul, tchê (fazer sotaque de gaúcho), inclusive das regiões viníferas. E eu sou um apreciador, vá lá... de bons vinhos. Só não tenho grana para comprar vinhos da Califórnia.
Mas há notícias sobre diversos assuntos, a maioria acompanhada de Podcasts. Eu os dispenso porque posso ler o texto na quinta parte do tempo que se leva para ouvir o Podcast.

Mas chega de enrolação, como eu me livro da crise financeira? Antes, um rápido preâmbulo. Se quiser receber essa newsletter forneça seu e-mail e tecle OK. Há uma aba chamada AROMA E SABOR que é de cair o queixo. São receitas exóticas e matadoras.
Um outro tópico interessante do LeOuve são as piadas, para desopilar o fígado tão sobrecarregado nesses tempos de crise e de coração sobressaltado. Eu estou transcrevendo uma delas. O leitor tem duas opções: deixar aflorar aos lábios o sorriso que oxigena a mente fazendo a alma gozar o prazer de humores sadios ou ater-se tão somente ao que preconiza o título do arrazoado. Eu, se fosse o leitor, escolheria a segunda hipótese. É o caminho para a felicidade financeira, sem riscos.


Se você tivesse comprado, em janeiro/2005, R$ 1.000,00 em ações da Nortel Networks, um dos gigantes da área de telecomunicações, hoje teria R$ 59,00!
Se você tivesse comprado, em janeiro/2005, R$ 1.000,00 em ações da Lucent Technologys, outro gigante da área de telecomunicações, hoje teria R$ 79,00!
Agora, se você tivesse, em janeiro/2006, gasto R$ 1.000,00 em Skol (entenda, em cerveja, não em ações), tivesse bebido tudo e vendido somente as latinhas vazias, hoje teria R$ 80,00!!!
Conclusão:
No cenário econômico atual, você perde menos dinheiro ficando sentado e bebendo cerveja o dia inteiro... mas é importante lembrar, quem bebe vive menos:
a) Menos triste;
b) Menos deprimido;
c) Menos tenso;
d) Menos puto da vida!
Pensem nisso... e... se for dirigir, não beba. Se for beber, me chame! Se não me chamar, pelo menos me mande as latinhas! Que eu vendo tudo!!!

Aprendendo com a criança (na semana dela)


Em 1960, o diretor comercial da fábrica de brinquedos Estrela no Brasil, Eber Alfred Goldberg, teve a idéia de criar a Semana do Bebê Robusto, em parceria com a empresa de cosméticos e produtos farmacêuticos Johnson & Johnson.
Logo depois, em junho do mesmo ano, seguindo a iniciativa de Eber, outras empresas resolveram criar a Semana da Criança para aumentar as vendas. Faltava apenas escolher uma data e um mês.
Em comum acordo, o comércio instituía, então, o dia 12 de outubro como Dia da Criança, não só para homenageá-la como para estimular a venda de produtos infantis.

Como se vê, é o comércio e a indústria alavancando suas vendas por meio de estímulos na capacidade de se emocionar das pessoas. Tudo muito louvável, desde que ambos os objetivos sejam alcançados.
Falando pelo lado da emoção, temos, mais uma vez, a presença de nosso amigo Haroldo Barboza com sua personalidade de escritor, poeta e pai de família, construindo uma linha de raciocínio a partir de suas observações do dia a dia.


Aos 4 anos de idade, encontrava dificuldades em encaixar os botões da camisa em suas respectivas casas. Até mesmo o deslizamento do zíper em muitas ocasiões causava ferimentos nas pontas dos meus dedos.

Naquela época poucos prédios atingiam 8 ou 12 andares com elevadores. Eu morava num de 3 andares, sem elevadores. E cada degrau da escada quase da altura de minhas pernas lembrava uma pequena mureta a ser escalada ou servir de trampolim para o piso da portaria.

Ao transitar pelas calçadas, preferia caminhar junto às paredes, entre as latas de lixo, que de alguma forma me serviam como barreiras protetoras contra aquelas altas pessoas sempre apressadas, parecendo prestes a me atropelar.

Ao levar o garfo à boca, tinha a impressão de que o mesmo poderia atravessar meu pescoço. O prato de sopa com 330 ml de líquido mais parecia um pequeno balde no qual me afogaria se absorvesse todo aquele conteúdo.

A escova dental me lembrava um enorme espanador, que se fosse esfregada com muito vigor, poderia me arremessar para dentro do vaso sanitário, que a esta altura, parecia um tanque de lavar roupas!

O tempo passou, cresci, fui perdendo alguns medos pela convivência regular com o ambiente. Mas fui adquirindo outros piores, incutidos em minha mente pelas afirmações de dezenas de pessoas carregadas de preconceitos gratuitos ou dispostas a formar minha personalidade segundo um padrão duvidoso de avaliação do ser humano. A vizinha da casa à esquerda dizia que "manga com leite causava úlcera". Só perdi este temor aos 18 anos, quando coloquei esta fruta acidentalmente no liquidificador pensando ser um pêssego. Lamentei o tempo que deixei de saborear esta gostosa vitamina. O vizinho do lado direito dizia que "andar era ótimo para saúde". Por isto me mandou várias vezes ao mercado da esquina me recompensando uma vez por semana com sacos de jujubas. Bem mais leves do que aqueles de 3 ou 4 kg que eu trazia para ele. Se andar era bom, por que ele me incentivava a não correr atrás da bola na praça em frente? Pior era o médico que nos orientava "caminhar na areia" para enriquecer o pulmão. Só não explicava o cigarro entre seus dedos. O dono da padaria me alertava para não brincar com o "Pedroca", pois seu tio estava preso numa cadeia no Nordeste. Será que de lá ele enviava maus fluidos ao meu colega de traquinagens e alguma névoa maligna poderia envolver minha cabeça? Por que na hora de dormir me cantavam o "Boi da cara preta" no lugar de uma sinfonia ou do hino da pátria?

Agora, decorrido mais de 50 anos desta época de sonhos e descompromissos, tardiamente percebi quantas vezes iludimos crianças com fantasias danosas em nome da moral, dos bons costumes e da higiene. Uma maneira talvez acomodada de manter o guri elétrico quieto sem articular idéias construtivas, tais como empilhar 3 ou 4 garrafas de vidro perto da panela de feijão. Por que os adultos preferem inventar um fato assustador para uma ação infantil ao invés de perder 10 minutos explicando as conseqüências de tal ato? Deve ser a pressa de sair para encontrar famílias amigas que marcam reuniões em festas noturnas enquanto seus herdeiros ficam em casa "acompanhados" de vídeos explosivos ou filmes de terror que começam às 21:30 hs e ajudam na formação de jovens desajustados capazes de atirar nos próprios avós em busca de recursos para comprar drogas. No lugar da simples entrega da mesada (cujos gastos não fiscalizamos), tem mais valor a doação de 30 minutos por dia (sou feliz por que fiz isto) ao lado da sua criança amada para orientá-la para sua vida futura na coletividade. Coloca-la a par de questões relativas à limpeza da praça, por exemplo. Bem como explicar porque não devemos ter pombos em gaiolas. Estas mensagens podem ser passadas enquanto se brinca no meio da sala, após o jantar. Deixa-las acompanhar novelas e debates dos políticos enganadores certamente causarão influências negativas em suas personalidades durante a fase de confecção e lapidação de caráter.

Portanto crianças, ainda que vocês não compreendam perfeitamente as sutilezas e indiretas deste texto, tenham pena de nós adultos, que repentinamente entre 25 e 40 anos, fechamos nossos corações para os atos singelos que vocês praticam com tanta naturalidade e os empurramos por trilhas nebulosas da vida. Tenham certeza de que muitos de nós invejamos suas atitudes e alguns até pretendem que vocês se tornem "responsáveis" para deixarem rapidamente para trás este período de pureza e alegria que sedimenta o caráter de cada ser humano. Tenham compaixão de nossos pobres espíritos flagelados e viciados na materialidade, que não percebem como vocês conseguem felicidade tendo um pequeno espaço, dois gravetos, duas tampas de garrafas de plástico, um pedaço de barbante, dois lápis coloridos, uma folha de jornal e um colega para ajudá-lo a materializar sonhos. Mostrem-nos como se idealiza e se pratica um mundo de amizade sem interesses, sem planos maldosos para causar mal ao companheiro que partilha do seu projeto nem tirar vantagem sobre terceiros de forma escusa.

Crianças do mundo: salvem este planeta enquanto é tempo. Vocês não precisam gritar, marchar em bandos nem portar armas para isto. Apenas sentem-se, ergam seus braços para nos receber com perdão e abram bem seus olhos, que se tiverem lágrimas, refletirão com mais beleza a pureza que vocês armazenam no coração!

Ajudem-nos a eliminar o egoísmo que nos arrasta para o abismo da insensibilidade regada apenas por interesses avarentos. Forneçam as sementes de amor que brotam em seus corações e devem ser adubadas com pingos diários de respeito, boa vontade para ouvir e solidariedade para ajudar na construção de um futuro melhor para todos nós!

Nós podemos fazer a diferença na verdade do futuro.

Fim de mandato


"O rei morreu. Viva o rei!" ou, em outras palavras, "rei morto, rei posto!". E o cachorrinho sacramenta estas verdades colocando a pá de cal. Errr... não é bem cal!

Quer conferir seu voto?

Há quem reclame da não emissão de algum tipo de documento que permita uma recontagem dos votos depositados na urna eletrônica. No entanto a conferência dos votos de cada candidato por seção eleitoral pode ser feita clicando-se aqui . É bem verdade que não dá para conferir cada voto, mas se na sua seção não pingar um reles voto para o seu candidato, em quem você tem a certeza que votou, olha a confusão aí.

O boom da bolsa

Pronuncie pausadamente evitando o cacófato.
O boom da bolsa de valores é a alta súbita na cotação de valores ou mercadorias, mas pode ser também o som forte repentino como numa explosão, onde não fica pedra sobre pedra. E é nesse sentido que empreguei a palavra, face ao desânimo geral nas Bolsas do mundo inteiro. Vejam as fotos, capturadas do site UOL.

Corretor indiano desesperado em Bombaim

De certo modo não é compreensível o desespero e a profunda consternação que se abate sobre os corretores das Bolsas já que eles não deveriam estar diretamente envolvidos nas transações. Porém não há quem se exponha ao fogo sem se queimar e a convivência com pessoas que ganham muito dinheiro com facilidade faz com que esses corretores acabem por arriscar algum do próprio bolso.

Sujeito a chuvas e trovoadas

Lembro-me de um antigo corretor que, nas quedas acentuadas da Bolsa do Rio (naquele tempo ainda existia), seu rosto assumia toda a dimensão da tragédia mas, para não desanimar o cliente, ele dizia apenas: "a Bolsa está com um pouquinho de baixa". Já quando ocorria o inverso ele abria um largo sorriso, seus olhos piscavam de satisfação e ele alardeava em alto som: "Bolsa em alta! Bolsa em alta"!

Como diria o filósofo Zé Simão, "Vai que eu não vou"!

Por aqui o presidente Lula avisa insistentemente: "Senta que o leão é manso", mas eu duvido que exista alguém que se arrisque sequer a chegar perto da jaula do bichano.

Vizinho você não escolhe, amigos sim

Amigo é uma coisa maravilhosa; e é uma dádiva dos céus o fato de você poder escolhê-los. Aliás, não é bem assim, ambos se escolhem, ambos regam e adubam aquela plantinha chamada amizade. Já do amor me contaram diferente; me disseram - o amor é uma flor roxa que nasce no coração do trouxa. Mas não quero discutir isso agora, quero apenas falar de amizade e, en passant, sobre essa instituição chamada vizinho.

Vizinho não se escolhe a menos que se tenha alguma grana para comprar um terreno de 50 X 50 metros e construir uma casa no centro. Além do razoável distanciamento é de supor que esses vizinhos que eu "escolhi" comprando um imóvel caro e em área nobre tenham um bom nível de civilidade. Meu terreno tem 10 X 30 metros. Desconfio que o vizinho dos fundos anda envenenando meus gatos. O da direita pegou uma discussão comigo porque fez uma porcaria de um telhado e quando fiz uma melhoria na casa cismou que a chuva invadia sua casa por minha culpa. Atualmente não falo com ele e, se estiver morrendo, a depender de mim pode encomendar o caixão. O outro vizinho é meio marrento, já tomou certas atitudes comigo que não gostei. Inclusive fez cara feia. Eu o trato à distância. Reza o dito popular, "os incomodados se mudam". Nenhuma chance. Assunto encerrado.

Abri uma tag para o diHITT. Aceitei vários convites para amizade sem sequer olhar os blogs das pessoas. Espero que não sejam vizinhos inconvenientes. Acumulei cerca de 200 amigos sem saber ao certo o que era essa nova rede social, agora estou aprendendo aos poucos. E esse pouco que sei quero repassar a quem sabe menos que eu e está mais perdido que cego em tiroteio. Uma coisa é certa, não se pode ser feliz sozinho, porém com cinco mil amigos (não sei se há alguém nessa faixa) também fica muito difícil. Então eu já vou querer começar a saber se meus 200 amigos estão regando aquela plantinha preciosa chamada amizade. Quero saber se estão saboreando os maravilhosos frutos da minha frondosa mangueira que caem em seu quintal ao mesmo tempo deixando que eu possa colher algumas amoras que pendem para o lado de cá.

Aguardem outros artigos a respeito muito em breve.

Esquentando os motores para a eleição

Há eleitores que levam a dúvida para as urnas. Eu já elegi meus candidatos desde a descoberta do Brasil, não sou tão longevo como o Raul Seixas, que nasceu há dez mil anos atrás e não tem nada nesse mundo que ele não saiba demais; no segundo quesito também sou fraco - dou palpite em certos assuntos por abusado. Só sei que nada sei.

Meu candidato a prefeito em Nilópolis já exerceu a função. Apesar de eu ser contra a reeleição, os outros candidatos têm defeitos bem maiores. Um faz parte de uma dinastia - pai, tio, sobrinho, irmão, enfim, uma família que quer se perpetuar no poder, o que não é nada saudável. 
O segundo é o deputado que "supostamente" tentou extorquir 4 milhões de reais de Carlos Cachoeira, oferecendo proteção em uma CPI. Seu azar: os interlocutores gravaram todos os diálogos. Na Assembléia Legislativa o corporativismo livrou-o da cassação. Como lembra o comercial do rádio, "ele está com muito, com muito mesmo", e quer mais. Está gastando uma nota preta para se eleger. Tem eleitor que é cego. 
O terceiro é um ilustre desconhecido, que se promove com promessas mirabolantes e ecológicas como soem fazer os candidatos do Partido Verde; salvarão o planeta. 
Finalmente o Neca, já foi meu aluno e é nele que vou votar. No fim de semana passou com seus correligionários aqui em minha rua, abraçou-me e reclamou que lhe soneguei alguns ensinamentos. Ele não sabe agora como repintar os postes do município, aliás, todos os próprios da cidade. Isso é um problema que causa indignação - as cores do município são o azul e o branco mas o atual prefeito pintou todos os prédios da administração, escolas, hospitais, postos de saúde, com as cores de propaganda do seu partido, um verde desbotado e um tom de abóbora idem. 

Minha vereadora é uma protetora de animais, amiga da minha filha, que é veterinária. Se eleita for - não é assim que falam os políticos? - propugnará por retirar das ruas os milhões de cães e gatos abandonados, sem falar nos eqüinos que vez por outra perambulam pelas ruas violando os sacos de lixo e deixando no asfalto seu esterco "perfumado". Vou lhes contar, quando passo de carro pela roça sinto aquele cheiro do esterco e acho uma coisa inebriante bem como o cheiro de mato, fortíssimo em certos lugares. Mas está no lugar apropriado. Não vou ao extremo de dizer, como o ex-presidente Figueiredo, que prefiro o cheiro de cavalos a cheiro de povo. Roça é roça, cidade é cidade. E Nilópolis é uma razoável cidade, não condiz com o transporte de materiais de construção feito em carroças puxadas por cavalos.

O TSE é uma peça de faz de conta. Um seu representante dava entrevista hoje no rádio dizendo que o eleitor passa fome, é bem verdade, mas não deve trocar seu voto por pequenos favores ou dinheiro dos candidatos, aquela promessa de emprego, aquele milheiro de tijolo - até carteira de motorista o eleitor corruptor pede. Mas da bolsa esmola do Lula trocada por votos e apoio ao sapo barbudo ele não falou nada.
A propaganda eleitoral do TSE, que pretende instruir o eleitor, na verdade é uma confissão de incompetência. Dizem ao eleitor para ter cuidado ao votar, afinal são 4 longos anos para colocar alguém naquele posto, isto é, transferem toda a responsabilidade ao eleitor. E no entanto confirmam a candidatura de pessoas que estão na cadeia, que têm provas suficientes para estarem presas mas não têm provas contra suas candidaturas. Parece as histórias da carochinha que meu pai contava para mim e minhas irmãs quando mal tínhamos largado as chupetas. 

Você vai analisar as propostas do político? Você ainda entra nessa? "Você me conhece!", "vou lutar pelo social!", "me ajude a continuar com esse trabalho!". A filha do faquir Garotinho, aquele que fez greve de fome, é candidata a vereador. Seu pai gravou para ela: "Minha filha vai lutar pelo social", e ela está bem nas pesquisas. Cada eleitor escolhe um candidato, e ambos se merecem. E a esperança passa ao longe, esmaecida, se bem que alguns ainda cantem: Liberdade, Liberdade! Abre as asas sobre nós! Mas quem está sujeito ao voto de cabresto não tem direito à liberdade.

Nilopolitano, vote Neca! Vote Solange Cerqueira vereadora, 33.666.