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Aqui não se fala dos conceitos de Lacan e a palavra lugar deve ser pensada em sua definição matemática

Você é bom orador? Barack Obama é

Quando concluí o curso ginasial o Oduvaldo foi o orador da turma, candidato único. E mesmo que houvesse algum concorrente, não lhe faria medo, ele falava pelos cotovelos. Lembro que certa vez, quando estudávamos à noite, depois da aula, viemos até perto de minha casa conversando e percorrendo uma distância de uns 800 metros. Como ainda tínhamos o que conversar voltamos até perto de sua casa. E ficamos nessas idas e vindas não sei por quanto tempo. Certo é que botamos a conversa em dia ou nos detivemos pelo adiantado da hora.

Discurso nunca foi meu forte, não porque não me achasse capaz de ler um texto ou de improvisar algumas palavras onde quer que fosse, simplesmente não gostava de ficar sob os holofotes. Ainda bem que nunca me convidaram para desempenhar uma função onde fosse preciso discursar. Mas o pior ainda é ser apanhado no contra-pé. Meu tio, quando foi padrinho de uma vizinha num concurso de rainha em um clube do bairro - aquele concurso em que a vencedora é a que vende mais votos -, não sabia que na festa de encerramento teria que discursar. Até que começou bem:
- Tenho a grande satisfação de atender ao convite da princesa Líbia para ser seu padrinho nesta bonita festa de congraçamento onde estão presentes os sócios do clube..., aqui do clube..., do clube...
E virando-se para um dos padrinhos ao lado:
- Como é mesmo o nome do clube?

Quem contou essa passagem foi um grande amigo do meu tio, muito gozador. Por isso tenho dúvidas de que realmente tenha acontecido.

Conheci pessoas para quem qualquer festinha de aniversário era motivo para mandar uma mensagem de improviso. Outros achavam que era seu momento de falar, mas sem ter um papel para ler ficava difícil.

Sempre soube que Carlos Lacerda foi um grande orador, como também o foi o ex-governador Leonel Brizola. Em sua primeira legislatura como deputado federal, enquanto todos os demais tinham seus discursos datilografados, Brizola falava de improviso e causava grande admiração.

Nessa onda de escândalos e CPIs que ocorrem em nossa "democracia" me acostumei a acompanhar o desenrolar das ações no Congresso, as falas dos deputados e senadores. Há oradores magníficos, falando de improviso. Se fossem tão bons políticos quanto bons oradores certamente não teríamos motivos para tantas queixas.

E sabem, me ocorreu, neste momento, escrever alguns discursos. É um gênero literário. Escolho um tema, uma ocasião e prometo não ser tão massacrante quanto Fidel Castro nas suas quilométricas mensagens aos cubanos.

E quanto a Barack Obama, será ele um bom orador? Certamente que sim, mas tem a sua sombra, seu fantasma (ghost writer) na pessoa do jovem (27 anos) Jon Favreau. Na noite em que Obama ganhou as eleições e pronunciou um discurso em Chicago - "Se ainda resta por aí alguém que duvida que os EUA são um lugar onde tudo é possível..." - que comoveu milhões de cidadãos, Favreau também tinha pronto o da derrota, caso seu chefe perdesse.

A história de Favreau como grande escritor começou em um verão quatro anos atrás em Boston, quando tinha só 23 anos e trabalhava para o candidato democrata à presidência, John Kerry. Favreau viu atrás do palco da convenção um senador ensaiando seu discurso e não hesitou em aconselhar que ele suprimisse uma frase porque parecia redundante. O senador era Barack Obama.

Leia a história do jovem redator que fez de Obama um orador brilhante.

7 comments:

21 de janeiro de 2009 às 13:42 Anônimo disse...

Um bom orador é aquele que fala longamente e consegue enriquecer o tempo usado, justamente porque se falasse pouco sobre um assunto de tema empolgante poderia ficar longe do desejado pela audiência. Porém, se o conteúdo for pesado, ou indesejado, é melhor terminar com inesperadas reticências para que o entendimento da questão aconteça sem muito vínculo com o orador.

22 de janeiro de 2009 às 09:41 Aura Sacra Fames disse...

Bom título. Pena que a maioria dos bons oradores, são sofistas por natureza, espero que Obama não seja.


Abraços
aurasacrafames.blogspot.com

22 de janeiro de 2009 às 10:21 Olívia Carromeu disse...

Olá Luis,
Eu sou jornalista e já fiz algumas assessorias aonde tive que, por inúmeras vezes elaborar discursos para desembargadores e advogados. Barack pode ser bom de discurso, mas realmente tem uma mente de "27 aninhos" idealista por trás que "ajuda" alimentar Obama.
Abraços

22 de janeiro de 2009 às 13:37 Carlos Emerson Junior disse...

Tomara que Obama seja, antes de tudo, um bom administrador. Políticos falantes já temos demais no mundo, está o Lula que não me deixa mentir...
Um abração.

22 de janeiro de 2009 às 23:15 Anônimo disse...

Porém há alguns oradores que não existe redator que consiga ajudar.

23 de janeiro de 2009 às 19:20 Balinha de Menta disse...

Olá, Luiz tudo bem?
estou de volta das férias e adorei o post citando Favreau...E o senador tornou-se presidente.Como dizem os franceses "c'est la vie"!
Bjs e parabéns!

23 de fevereiro de 2009 às 09:52 Anônimo disse...

Ola, tudo bem?
esse é um assunto muito enteressante
gostei muito do conteudo, em especial sobre
nosso jovem américano de 27 anos!!!
que estar por trás de Obama.
parabens!!!

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