Lugar_RSI

AvatarLugar do Real, do Simbólico e do Imaginário
Aqui não se fala dos conceitos de Lacan e a palavra lugar deve ser pensada em sua definição matemática

Falado parece um poema, escrito é um desastre

Diz até que não é um mau blog. Não é o selo o que me desagrada, muito pelo contrário, é apenas a construção da frase. Quem seria o sujeito? Oculto? Indefinido?
Análise sintática - diz até que já fui bom nisso. Aliás, no meu tempo de estudante, além da 1a. prova parcial (antes das férias de meio do ano) e da 2a. prova parcial (antes das férias de fim de ano) havia também a prova oral. Em algumas matérias como inglês, francês, português, desenho e latim os professôres não se davam ao trabalho de me arguir oralmente. Eu me sentava, perguntavam meu nome e me diziam: vai com Deus, meu filho. Nota dez, pelo meu currículo escolar.
O Português é um idioma muito traiçoeiro. Quem não tiver um mínimo de cuidado com a última flor do Lácio, inculta e bela, poderá estar se enredando irremediavelmente na popular tiririca do brejo. Eu não dispenso um dicionário e um breviário de conjugação de verbos. E não me furto a fazer uma pesquisa no Google: houve-houveram, a-há, por exemplo. Só não faço pesquisas ridículas como atrás-atraz, trás-traz. Mas você encontra: "Há tempos atraz". E pior: "A tempos atraz". Igualmente "Ele trás" quando o certo é "Ele traz".
O advento do Orkut alavancou a ignorância congênita e o descompromisso adquirido, parafraseando o filósofo e cantor nas horas vagas, Falcão. E não é só no português - os orkutianos de língua inglesa se esbaldam na vagabundagem ortográfica.
Faço aqui uma observação a um tipo de erro muito comum entre os blogueiros, como colaboração. Há muito tempo, há dez anos, há pouco tempo. Quando nos referimos a coisas já acontecidas usa-se o verbo haver. Daqui a dez anos, acontecerá a pouco tempo. Coisas futuras pedem uma preposição.
Existem várias regrinhas práticas na internet, basta pesquisar.
Mas para quem escreveu forçinha como diminutivo de força, talvez o autor estivesse com um pouco de sono.
Enfim, não deixemos que nossa obra seja vista como um mau blog. Vamos dar uma atenção ao vernáculo.

8 comments:

1 de março de 2008 às 22:06 Mara* disse...

eu tive um professor que dizia: na dúvida, não tenha vergonha de consultar o dicionário, ele foi feito para isso. não dispenso o meu surradinho pai dos burros. faço o possível para acertar pelo menos a grafia. é o mínimo que podemos fazer pela nossa língua. por falar nisso, no curso técnico que faço, na aula de informática, o professor estava nos dizendo da preocupação dos professores de português com a linguagem internetês que já foi incorporada pela maioria dos alunos. um horror!

2 de março de 2008 às 18:00 Ricardo Rayol disse...

como detesto selos e memes idiotas poderiam ter sido escritos por Drumond que eu ainda ia achar idiotas.

2 de março de 2008 às 22:29 Belcrivelli disse...

Falando em erros de português na internet, eu adoro achar animes legendados nos sites, pois não entendo nada de japonês. Mas fico muito triste com os erros que encontro nas legendas. Não que todas as legendas contenham erros, mas já vi algumas com coisas do tipo: "ç" onde é "ss", "u" onde é "o", erros de concordância, etc.
A desvalorização do português tem se agravado cada vez mais, infelizmente.

3 de março de 2008 às 16:17 Juca Ajamil disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
3 de março de 2008 às 17:33 Juca Ajamil disse...

Trabalho em uma faculdade com um corpo docente formado por mais cem professores, a maioria com doutorado e alguns até com livre docência, e alguns são incapazes de escrever um texto sem cometer erros, muitas vezes grotescos. Exemplo: acabo de receber um e-mail de um professor titular onde ele diz que "está à disposição para qdo quizer" e "com rasoável disponibilidade". Isso machuca, Luiz. E como pode ver esse descaso com a língua atinge até os mais doutrinados cidadãos.
Isso ou a doutrina adquirida nas escolas superiores não inclui o mínimo necessário: conhecimento e respeito ao vernáculo.

Para concluir meus dois centavos, penso que não foi o advento do orkut o maior responsável pela falta de respeito à(s) língua(s), mas a popularização da internet --se é que podemos dizer que a internet é para todos--. A pressa ao "teclar" em bate-papos e messengers foi o que criou o internetês, que mais tarde se espalhou por fóruns de discussão, blogs e até mesmo sites.

4 de março de 2008 às 14:57 Luiz Lailo disse...

Eu citei o Orkut porque ele já tem tradição em besteirol. Acredito que boa parte dos enganos seja por erro de "pressa". Ontem eu estava sem internet e escrevi o post em uma Lan House. Quando cheguei na palavra mixto embatuquei. Eu não tinha dicionário e perguntei ao menino da esquerda, que navegava no Orkut, como se escrevia mixto, se era com "x". Ele achava que sim. Perguntei ao da direita, que estava num joguinho. Ele disse que achava que era com "x". Pesquisei mixto no Google, tinha às centenas. Meu pecado foi não ter pesquisado misto, com "s".
Se fosse no Houaiss ele chutaria logo a minha canela: mixto não existe.

4 de março de 2008 às 15:33 Juca Ajamil disse...

Ter dúvidas com relação ao uso de "x" ou "ch", "s", "ss" ou "z" [i]et cetera[/i] é algo aceitável, porque são várias regras e ainda há exceções. Daí a escrever "quizer" e "rasoável"...

10 de março de 2008 às 11:56 Anônimo disse...

Prezado Luiz Lailo, deixo como sugestão de um tema (pois sou favorável a esse bom gosto pelo rigor da nossa língua, embora ainda me atrapalhe um tanto): sobre o Acordo Ortográfico, ficamos todos ainda aguardando uma ratificação dos países interessados?

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