Fazendo um comentário num blog lembrei-me da minha correspondente francesa Marguerite Dussarrat com quem troquei cartas por mais de quatro anos. Como ela frequentemente se desculpava pela sua demora em responder às cartas suponho que a interrupção tenha sido responsabilidade dela. Eu escrevia também para uma americana, uma israelense e uma jamaicana.
Após o almoço os interessados se aglomeravam diante da sala do Aluno de Dia, que fazia a distribuição da correspondência. Era o nosso elo com o mundo, nós que ficávamos confinados durante toda a semana. Apenas aos sábados e domingos podíamos flanar pelas ruas de Barbacena. Receber ou não uma carta correspondia a uma alegria ou a uma pequena decepção.
Hoje existe a internet, as mensagens são vistas imediatamente. As previsões futuristas já são realidade - ao falar com uma pessoa você pode vê-la em tempo real, através de uma webcam.
Fiz o último update do Google Earth e procurei pelo endereço da Marguerite. O boulevard Heloïse, onde ela morava, está na foto, à direita do campo de futebol. À esquerda o rio Sena.
Pensei em tentar contactar a francesa mas lá se vão mais de 44 anos. Ela pode nem morar no mesmo endereço ou, pior, já residir em outra esfera. Fico deprimido quando ligo para alguém e sou atendido pela viúva. Aliás, um ex-colega afastado, de quem às vezes procuro ter notícias, falou para um amigo comum que meu interêsse em ligar para ele era somente para saber se ele ainda estava vivo. Que coisa mórbida!
Sou um viajante de Google. Campos de futebol, como os da foto, em Paris são dezenas, a maioria ao lado do rio Sena. Também fiquei embevecido com a malha ferroviária que existe na cidade, eu que, semanalmente, contemplo as ruínas ferroviárias que existem aqui. Se eu conseguisse contactar a Marguerite seria motivo de grande satisfação. Nessas duas semanas terei uma resposta. Tomara que eu volte ao assunto com uma bela história.
1 comments:
acho muito legal isso de encontrar pessoas que nao vemos, apesar que nao uso orkut nem pagando. mas a idade chega as coias nao sao como antes e dá nos nervos ligar e saber que morreu. credo
Postar um comentário
Qualquer mensagem não relacionada à postagem deverá ser colocada no Quadro de Recados e, de preferência, não contendo SPAM.
Anônimo, faça a gentileza de deixar seu nome ao final do comentário