Lugar_RSI

AvatarLugar do Real, do Simbólico e do Imaginário
Aqui não se fala dos conceitos de Lacan e a palavra lugar deve ser pensada em sua definição matemática

Produção é a palavra de ordem

Vocês já devem ter ouvido falar em dar produção. Há trabalhadores que faturam, não por trabalho bem feito, mas por quantidade, por quilometragem.

Quando comecei a trabalhar em programação de computador me apresentaram à máquina perfuradora de cartões, aqueles mesmos que se perfuravam com um estilete nas casas lotéricas quando surgiu a loteria esportiva. Algumas vezes, quando o programa era pequeno, eu mesmo digitava os cartões, caso contrário o rascunho ia para as digitadoras. E elas ganhavam por tarefa, davam produção, e deixavam passar alguns errinhos.

O método para a correção era posicionar o deck de cartões entre alguns cartões JCL (job control language) e tentar compilar o programa. Quando recebíamos a listagem lá estavam as error messages, cartão por cartão. E nas máquinas perfuradoras redigitávamos os cartões errados. Quem era mais esperto duplicava o cartão até chegar no erro, corrigia e seguia duplicando. Era mais rápido. O passo seguinte era executar o programa e tentar descobrir porque o idiota do computador não finalizava as tarefas que tão diligentemente lhe havíamos passado. Mas isso é outro capítulo.

Há muito profissional que dá produção - jornalistas, escritores e... blogueiros.
Um tio me contava que Balzac, aquele da mulher de trinta, escrevia alucinadamente; numerava as páginas e as jogava, por cima dos ombros, para trás. Depois juntava os cacos, revisava e saía pros abraços. Quantas vezes não vemos, no prefácio de um livro, os agradecimentos de um autor à esposa, a uma equipe, aos filhos pela colaboração na revisão da obra. É um trabalho insano.

O pensamento é sem dúvida mais rápido que a luz, quanto mais se comparado aos dedos. Na ordem para escrever a palavra TAMBÉM, quando a letra B é enviada os dedos ainda não escreveram o M. Então fica TABMÉM. Assim acontece nas frases. O cérebro envia a palavra e os dedos perdem a palavra anterior. Não outra explicação. Desculpem, não há outra explicação.

Hoje li uma palavra que detonou toda esta glossolalia: "Você é um [membro da família] Fulano. Haja como um".
Meu Deus, seria esse haja a terceira pessoa do singular do imperativo afirmativo do verbo AGIR? Impossível. Seria o verbo HAVER na mesma pessoa e modo? Não vejo sentido. Uma comentarista do texto foi até cruel. Disse que o autor havia comido mosca e tinha inventado um verbo novo. Haja Deus, arrematou.

Não se brinca com o verbo haver impunemente. Tenho aqui gasto o meu latim tentando explicar aos meus cinco leitores que usa-se o verbo haver quando se trata de tempo passado (há algum tempo aqui estivemos) e a preposição a, quando se trata de tempo vindouro (daqui a três anos, ela se formará). Quando sair a unificação ortográfica as coisas ficarão bem piores.

Lula participou nesta última sexta-feira, em Lisboa, da abertura da VII Conferência de Chefes de Estado e de governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Entre os assuntos em debate está a expansão do ensino da língua portuguesa. Vocês me entendem, o Lula é que foi tratar disso. Não vai dar certo.
E como diria o José Simão, eu perco o companheiro mas não perco a piada. Depois a culpa é de quem dá produção.

8 comments:

29 de julho de 2008 às 21:15 Anônimo disse...

Vamos deixar aqui uma explicação que até mesmo o presidente Lula poderia entender.
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- Presidente, já há um primeiro mandato completado, isto é, Vossa Excelência (já há algum tempo) lidera com dedicação os aloprados. Existe um segundo mandato a se completar, cabendo saber quantos serão eles daqui a alguns anos.
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Só tem um problema: o Lula fala em escala de produção, e nem mesmo escreve!
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Fonte: Vikipedia Paciência Masnundá

30 de julho de 2008 às 01:53 Newdelia disse...

Olá!
Pelo que já notei você não gosta de receber selos, memes etc. Respeito sua opinião. Só que mais uma vez não resisti e deixei um Meme prá você no meu blog. Acho que com ele poderia até sair um bom post. Fique à vontade para recebê-lo ou não.
Beijos.

http://esturdio.blogspot.com/2008/07/meme-cultural.html#links

30 de julho de 2008 às 01:53 Newdelia disse...

Olá!
Pelo que já notei você não gosta de receber selos, memes etc. Respeito sua opinião. Só que mais uma vez não resisti e deixei um Meme prá você no meu blog. Acho que com ele poderia até sair um bom post. Fique à vontade para recebê-lo ou não.
Beijos.

http://esturdio.blogspot.com/2008/07/meme-cultural.html#links

30 de julho de 2008 às 01:55 Anônimo disse...

Verdadeira esta informação? IH! mas, ele foi aluno daquele famoso professor de gramática portuguesa, ao menos por uma ou duas aulas, talvez esteja pensando que isto é suficiente.

30 de julho de 2008 às 11:52 Luiz Lailo disse...

Olá New,
Eu até fiz a primeira tentativa e não apareceu nada de relevante. Como a corda continuava apertada no meu pé, fiz a segunda tentativa. Água (você já jogou batalha naval?).
Mas pode ter certeza de que vai surgir um post relacionado. Até abrangendo outros assuntos nos quais me sinto como se estivesse pisando em ovos.

30 de julho de 2008 às 16:21 Newdelia disse...

Aff!!! Mas tinha que ser com o seu artigo? Ok, pode me matar. Sorry! Eu sou dona de fazer isso. Minha filha quer me matar quando vê que faço isso, SEMPRE!
Já arrumei a caca lá, certo?
Me perdoe mas, eu faço isso constantemente. Por escrever já muito tarde, por não usar o WLW ou por não estar usando o meu pc. Não justifica, eu sei. Portanto, fique à vontade para puxar minha orelha.
Beijos.

30 de julho de 2008 às 16:25 Newdelia disse...

Luiz, sinta-se à vontade para receber o meme, ok? E acontece mesmo. Pode não aparecer nada de interessante, mas nem precisa se preocupar com isso. O que vale é saber que tenho muito carinho e respeito por você e pelo seu trabalho no blog.
Beijos.

31 de julho de 2008 às 05:55 Anônimo disse...

'meta' é palavra de ordem. perfurei muitos cartões na 029 e conferi outros tantos na 059. eu fazia parte da turma das espertas, duplicava os cartões. e haja cartões para corrigir tantos erros! sinto que não tenha guardado algumas dessas relíquias como lembrança, quando falo para os jovens como era me olham com cara de espanto e incredulidade como se eu estive delirando.

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