A Petrobrás é uma empresa que sempre prestigiou a disseminação da cultura entre seus funcionários. Assim é que mantém uma orquestra sinfônica, já por demais conhecida dos aficcionados, e vem patrocinando audições de músicos de primeira linha que se apresentam após o expediente, pelo menos aqui no Rio de Janeiro.
Fazem parte desse incentivo à cultura os inúmeros concursos literários dos quais participam os petroleiros; e na parte de esportes a empresa também faz sua parte, organizando diversos certames e contratando pessoas categorizadas para dirigir os torneios. Nos campeonatos internos de damas de que participei, conforme se pode ler no meu blog Shashki, sempre era convidado para ser o juiz o conhecido campeão carioca Julio Mindello.
Fazem parte desse incentivo à cultura os inúmeros concursos literários dos quais participam os petroleiros; e na parte de esportes a empresa também faz sua parte, organizando diversos certames e contratando pessoas categorizadas para dirigir os torneios. Nos campeonatos internos de damas de que participei, conforme se pode ler no meu blog Shashki, sempre era convidado para ser o juiz o conhecido campeão carioca Julio Mindello.
Num concurso literário denominado Prata da Casa, realizado em 1997, sagrou-se vencedor meu estimado amigo Haroldo Barboza, matemático, poeta ocasional, esportista, analista de sistemas e autor do livro: Brinque e Cresça Feliz. Eu o convidei para valorizar este espaço. É o que ele faz a partir de hoje com um de seus trabalhos premiados na Petrobrás - Mordomia no cemitério.
Laura passou o lenço levemente sobre os olhos, tomando o cuidado de não prejudicar a sofisticada maquiagem que lhe consumiu 45 minutos pela manhã. De relance, observou a sobrinha Delma ajeitando algumas flores no caixão de Tenório. Os murmúrios dentro da capela giravam em torno da falta de sensibilidade do Destino. Há mais de meia hora que todos comentavam:
- Que coisa triste, hein! Dr. Tenório, rico, apenas 46 anos, deixa dona Laura bonita e sozinha no mercado (não tinham filhos). Será que ela vai se casar de novo?
- Possui boas chances. Com 35 anos e herdeira de uma boa fortuna, em breve vai arranjar um bom e simpático sujeito e vai esquecer esta fatalidade!
Laura acenava e apertava diversas mãos (como seu marido tinha puxa-saco) com delicadeza, para não estragar o esmalte. Estava ansiosa por ver o caixão escorregar para a cova e dar logo inicio à sua nova vida ao lado do Dr. Argus, o médico de "confiança" da família ! Ela irá na próxima semana à Itália. E dentro de vinte ou trinta dias (quanta pressa), se encontrará com Argus na Holanda.
Lentamente ela deu quatro passos para a esquerda e quando teve certeza absoluta de que ninguém estava observando, sussurrou perto do amante:
- Tem certeza que a dose que colocou no vinho dele fez efeito? Às vezes tenho a leve impressão de que ele está respirando fracamente.
- Calma, querida! Dentro de 15 minutos o caixão descerá e nossas angústias terminarão para sempre. Se estiver vivo, vai acordar lá embaixo! Não pude exagerar na dose para que o médico que assinou o óbito não percebesse nada! Vá conversar um pouco com algumas daquelas velhotas para disfarçar. Relaxe.
Às 12:30 Laura sentou-se no sofá e pediu um conhaque a Delma, com duas pequenas pedras de gelo. Tirou os sapatos e tomou dois goles lentamente.
- Delma querida! Onde está o celular? Vou ligar logo para a agência de turismo e tentar marcar uma viagem para a Europa, para ver se consigo esquecer esta tristeza.
- Ah tia! Não zanga comigo. Aquele celular que meu amado tio Tenório adorava, ele um dia me pediu que se morresse, gostaria que eu o colocasse dentro do ...
O telefone tocou! Laura atendeu. Do outro lado, uma voz fina lhe perguntou:
- Estou falando com Mme. Laura Cardoso?
- Exatamente - respondeu ela!
- Meu nome é Afonso. Sou delegado da 5a. D.P. Recebi um telefonema estranho há poucos minutos. Creio que é um trote de mau gosto, de um sujeito dizendo chamar-se Tenório Cardoso, que estava dentro de um caixão, pedindo que eu o tentasse libertar rápido, pois o ar talvez não fosse suficiente para mais de 2 horas. Por gentileza, a senhora me permite falar por dois minutos com seu marido?
- Que coisa triste, hein! Dr. Tenório, rico, apenas 46 anos, deixa dona Laura bonita e sozinha no mercado (não tinham filhos). Será que ela vai se casar de novo?
- Possui boas chances. Com 35 anos e herdeira de uma boa fortuna, em breve vai arranjar um bom e simpático sujeito e vai esquecer esta fatalidade!
Laura acenava e apertava diversas mãos (como seu marido tinha puxa-saco) com delicadeza, para não estragar o esmalte. Estava ansiosa por ver o caixão escorregar para a cova e dar logo inicio à sua nova vida ao lado do Dr. Argus, o médico de "confiança" da família ! Ela irá na próxima semana à Itália. E dentro de vinte ou trinta dias (quanta pressa), se encontrará com Argus na Holanda.
Lentamente ela deu quatro passos para a esquerda e quando teve certeza absoluta de que ninguém estava observando, sussurrou perto do amante:
- Tem certeza que a dose que colocou no vinho dele fez efeito? Às vezes tenho a leve impressão de que ele está respirando fracamente.
- Calma, querida! Dentro de 15 minutos o caixão descerá e nossas angústias terminarão para sempre. Se estiver vivo, vai acordar lá embaixo! Não pude exagerar na dose para que o médico que assinou o óbito não percebesse nada! Vá conversar um pouco com algumas daquelas velhotas para disfarçar. Relaxe.
Às 12:30 Laura sentou-se no sofá e pediu um conhaque a Delma, com duas pequenas pedras de gelo. Tirou os sapatos e tomou dois goles lentamente.
- Delma querida! Onde está o celular? Vou ligar logo para a agência de turismo e tentar marcar uma viagem para a Europa, para ver se consigo esquecer esta tristeza.
- Ah tia! Não zanga comigo. Aquele celular que meu amado tio Tenório adorava, ele um dia me pediu que se morresse, gostaria que eu o colocasse dentro do ...
O telefone tocou! Laura atendeu. Do outro lado, uma voz fina lhe perguntou:
- Estou falando com Mme. Laura Cardoso?
- Exatamente - respondeu ela!
- Meu nome é Afonso. Sou delegado da 5a. D.P. Recebi um telefonema estranho há poucos minutos. Creio que é um trote de mau gosto, de um sujeito dizendo chamar-se Tenório Cardoso, que estava dentro de um caixão, pedindo que eu o tentasse libertar rápido, pois o ar talvez não fosse suficiente para mais de 2 horas. Por gentileza, a senhora me permite falar por dois minutos com seu marido?
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