Lugar_RSI

AvatarLugar do Real, do Simbólico e do Imaginário
Aqui não se fala dos conceitos de Lacan e a palavra lugar deve ser pensada em sua definição matemática

O professor, o estudioso e o intuitivo

Essa placa está na sede do município de Ituberá, Bahia. E dizem que baiano burro já nasce morto. Na verdade ele pensa como um poeta, mas escreve como um troglodita.

Há crítica para tudo. Antes do advento do "Sonhar com Rei Dá Leão", quando a escola de samba Beija-Flor começou a se transformar no bicho papão do carnaval carioca, haviam uns enredos muito sobre História, e os críticos diziam que a agremiação devia abandonar aquele ranço de "professor". Palavras deles.
O candidato à presidência da república na eleição passada, Cristovam Buarque, que ficou conhecido pelo seu apelo para a necessidade de se dar um choque de educação no país, recebeu o epíteto de candidato de uma nota só.
Não se dá o devido valor à educação nestepaiz. Há indivíduos, que se "deram bem", que se vangloriam de serem analfabetos e fazem troça dizendo que os "doutores" estão a seu serviço. É a carroça puxando o burro, é o rabo balançando o cachorro.

A língua portuguesa nos coloca muitas armadilhas. Algumas delas podem ser contornadas com um mínimo de raciocínio, outras apenas os bancos escolares dão jeito. Em certos trechos da estrada, quando eu viajo, está lá aquela placa dizendo: Reduza a velocidade. Certíssimo. Mas o meu alter ego brinca comigo lendo assim: Reduza à velocidade, com crase, que é muito como os sem noção escrevem por aí.
EletrEcista, ManEcure, CoMCerta geladeira, ESclusivo, Vende-se TAUBA, Loja das bolÇas, estas são algumas da placas que se vêem em uma página de um engenheiro, que fez o site para "mostrar o grau de educação do nosso povo e o quanto estamos longe do nível mais básico de sermos lidos e entendidos".
Placas erradas é um bom site para quem gosta de publicar coisas bizarras.

Tenho um livro sobre jogo de xadrez que diz logo nas primeiras páginas: atacar, defender, esperar, quando? onde? como?
As disciplinas escolares são bem assim - uma confusão total. Na matemática certos alunos não conseguem fazer uma simples transposição dos termos de uma equação, o básico 2x - 1 = y + 4, onde y é igual a 3. O problema do pessoal que odeia matemática é querer aplicar a adivinhação, a decoreba, ao invés do raciocínio.
Eu confesso que, no colégio, meu Waterloo sempre foi a Física, nas suas modalidades Dinâmica e Termodinâmica. Conseguir colocar no papel a relação entre as forças, a análise dos movimentos, a troca de calor, para mim sempre foi muito difícil.
Eu tinha um professor em Barbacena que propunha questões altamente cabeludas nas quais, à exceção dos gênios, quase toda a turma "boiava". Depois ele dava o bizu na maior tranquilidade: - Simples, Qp = Qg, calor perdido é igual a calor ganho.

Existe nos blogs, nos foruns, no Orkut - mas no Orkut é baderna mesmo - a mania de se escrever "a muito tempo" com referência a fatos passados, quando o certo é "há muito tempo" - olha o meu ranço de professor. O que está na foto abaixo é apenas uma barbaridade. Para uma relação futura de tempo ou para se quantificar distâncias usa-se a boa preposição "a".
Estou aqui pensando num modo de encerrar este post. Eu poderia propor um meme cultural, um selinho com a alternativa errado-certo, por exemplo, exitar-hesitar, ou, para usar o que foi aqui mencionado, muito tempo-daqui a pouco.
Porém digamos que eu leve para uma das comunidades do Orkut, a república das sintaxes anarquistas, um tópico novo - Qual foi o êrro mais estapafúrdio que você já viu na internet?
Eu poderia ficar decepcionado - ou a maioria poderia não estar nem aí para por reparo em textos errados... ou não saberem o que significa estapafúrdio. Eu tenho humildade para ir ao pai dos burros.

Deus deu a esse cidadão bem mais do que ele merece.

5 comments:

26 de junho de 2008 às 14:37 Anônimo disse...

Muito bom o post, cada placa...

Abraço,
B.

26 de junho de 2008 às 15:18 Ricardo Rayol disse...

digamso que sou partidário de tudo que disse, o incrível é que vemos (ou lemos) coisas bizarras ppor aí como o maldito miguxês.

26 de junho de 2008 às 16:44 Anônimo disse...

Essa aí é assaz sina louca do português!

30 de junho de 2008 às 17:56 Anônimo disse...

Mim é índio, por isso mim escreve assim!!!

30 de junho de 2008 às 19:37 Luiz Lailo disse...

Eu agora mesmo estava ouvindo um conceituadíssimo cantor brasileiro e repeti o trecho duas ou três vezes para me certificar de que meus ouvidos não estavam me enganando.
O distinto cantava IMPREMSÃO. Não importa se é com M ou N, não é com nenhum dos dois mesmo...
E não aparece nenhum produtor maluco para corrigir essa barbaridade, essa linguagem indígena, como fala a querida Carromeu.

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