Se um japonês te perguntar: - "Lembra de japona, no?" - fica complicado. Não dizem que japonês é tudo igual? Quando entro em um ambiente pela primeira vez, todos os presentes, para mim, são "japonês". Difìcilmente, se eu lá retornar, conseguirei reconhecer alguém.
Mas tenho um amigo que é um japonês entre os japoneses. Ele me detalhou, muito tempo depois, as peripécias de um atual amigo nosso por ocasião do teste psicotécnico na Petrobrás. Chegara a vez do teste de Rorschach. O teste de Rorschach é uma prova psicológica projetiva desenvolvida pelo psiquiatra suíço Hermann Rorschach. O teste consiste em dar possíveis interpretações a dez pranchas com manchas de tinta simétricas. A partir das respostas obtidas pode-se obter um quadro amplo da dinâmica psicológica do indivíduo.
Eu era um craque nesse teste. Achava borboletas, mamutes, morcegos, etc... Mas o amigo, segundo o pseudo japonês, escreveu uma única palavra: vagina. Não vou declinar seu nome, apesar de achar altamente meritória uma pessoa que só pensa naquilo.
E, tempos depois, já na Petrobrás, eu conversava com uma garota sobre testes psicotécnicos. E falando sobre o Rorschach ela disse que dava reprovação ver nos testes uma vagina ou uma xoxota (ela fazia distinção - eu não perguntei qual era e acho isso irrelevante). É claro que a imagem parecia uma perseguida, mas ninguém tinha coragem de escrever. O valente escreveu lá e foi aprovado. Talvez tenha tido até promoções na carreira por conta de sua sinceridade e objetividade.
Rebobinando a máquina do tempo. Eis-me em março de 1958 descendo de um trem na estação da gloriosa Barbacena, Minas Gerais, para juntar-me a quase duas centenas de inesquecíveis companheiros. Éramos não sei quantos alunos do primeiro ano e 39 alunos pára-quedistas - esses entrando no segundo ano da turma de 1957 -, cujos componentes já nos esperavam desde a véspera e nos receberam com grande alegria na expectativa de, dali a momentos, poder iniciar algumas sessões de trotes.
Você se lembra de uma pessoa. Algumas saem carrancudas na foto, outras com um meio sorriso e, finalmente, aquelas parecendo pinto no lixo, felizes com a vida e irradiando SEMPRE seu amor à vida. Não que as outras não o façam, mas é menos.
Lembro de um japonês feliz. Chegamos tarde, quase à hora do jantar. Os veteranos trouxeram nossas bagagens e as deixaram na varanda do alojamento. Fomos para o refeitório. E de pé, esperando uma ordem para sentar, os da mesa ouvimos um sábio conselho de um simpático japonês: - "Comam pouco. Vem trote aí. Nunca se sabe, pode-se levar um sôco na boca do estômago!"
Acho que um dos componentes da mesa era o falecido José de Albuquerque Magalhães Gomes. O sorridente japonês era o Luiz Fernando Guimarães Pondé. Lembrei desse fato justo quando acabo de receber uma sua mensagem enviada à turma, A TURMA QUASE PERFEITA. Ele que confirme o que digo, se por acaso se lembrar daquela ocasião e aqui deste japonês.
Pondé, um grande abraço.
Visite A TURMA QUASE PERFEITA.
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