Lugar_RSI

AvatarLugar do Real, do Simbólico e do Imaginário
Aqui não se fala dos conceitos de Lacan e a palavra lugar deve ser pensada em sua definição matemática

Eu também já chutei o balde

A propósito do ato antidesportivo do sueco Ara Abrahamian, da luta greco-romana, que se irritou com a decisão do juiz suíço Jean-Marc Petoud, jogando a medalha de bronze no chão, lembrei-me de um problema ocorrido comigo num torneio interno da Petrobrás.

Não se costuma dizer que, em determinada equipe de futebol, é "fulano" e mais dez? Na equipe de jogo de damas do meu setor era eu (gostaram do grifo?) e mais dois, sequer conseguimos um jogador reserva. Não houve tempo para conhecer a competência desses parceiros, mas quando começaram os jogos, um deles nunca comparecia, o outro, quando eu olhava para o lado, já estava perdendo até as calças. E no melhor espírito esportista a equipe ia levando sempre de 2x1, o importante é participar, dizem.

Mas num belo dia eu jogava contra o Lemos e havia uma dupla opção: capturar a peça dele com a Dama (peça coroada) ou com a peça simples. Capturando com a peça simples eu ganharia a partida mas ele me observou que, pelo regulamento, eu teria que mover a Dama; e ele conseguiria o empate. Foi chamado o juiz, que bateu o martelo. Eu teria que fazer a captura com a Dama. Ainda ponderei:
- Lemos, regulamento é uma coisa, mas ninguém pode alterar as regras do jogo definidas pelas confederações.
Ele ainda respondeu que tinham procurado mas que ninguém sabia o endereço da Federação Carioca.
- Mas você sabe jogar, Lemos, e sabe muito bem quais são as regras.
Ficou o dito pelo não dito e eu dei uma bicuda no balde. Perder faz parte, fazer papel de palhaço não. Não fiz o lance, levantei-me, não cumprimentei o Lemos e avisei que estava abandonando o torneio.

No dia seguinte me disseram que o chefe do setor que, entre outras atribuições organizava os jogos, não gostou da minha reação, estava indignado e queria me punir. Era um Almirante, um militar, as estatais estavam repletas deles. Achei que era um maluco, que satisfações teria eu a lhe dar?
Quando, dali a uns dias, eu estive em seu setor por algum motivo, ele soube e me chamou em sua sala. Ele era uma pessoa de baixa estatura e de semblante alegre. Se eu tivesse que fazer seu retrato falado apontaria a figura do atual presidente do Senado, o Garibaldi Alves Filho, de voz pausada. Ele também era nordestino. Já visualizaram o personagem?
Conversamos banalidades. Lembro apenas que, à saida, sorrindo, ele observou:
- Cuidado, você está na marca do pênalti!
São assim os militares, em tudo querem se meter, pensam que são pessoas superiores que sabem de tudo e, aqui pra nós, eu fiquei achando que foi ele quem fez aquela porra de regulamento do torneio.

5 comments:

20 de agosto de 2008 às 17:31 Anônimo disse...

Lembra daquele aviso colocado para quem fosse cruzar um trecho da via-férrea, que servia para reforçar o apito do trem que se aproximava? Era o PARE-OLHE-ESCUTE - isso servia para quem não queria ter o fim trágico do velho “Portuga”, aquele personagem de “O Meu Pé de Laranja Lima”. Pois cairia muito bem para qualquer ocasião em que a gente tiver que lidar com alguém sempre disposto a fazer regras “militarizadas” para qualquer coisa, fazendo a pessoa ter a sensação de estar já quase debaixo das rodas de uma locomotiva-diesel.

20 de agosto de 2008 às 18:28 Alcione Torres disse...

Obrigada pelo comentário que fez no Sarapatel de Coruja sobre o português correto em blogs.
O que me incomoda muito é a falta de zelo de algumas pessoas. Não imagino uma blogosfera em português culto, mas se uma pessoa se dipõe a escrever que, pelo menos, procure se fazer entender. Muitos escrevem parágrafos inteiros sem uma vírgula ou ponto. Ou trocam vírgula por ponto, ponto por vírgula! Como entender um texto assim?
Existe aquela velha historinha sobre a vírgula que fez Napoleão perder a guerra. Eu já peguei um vírus por causa de uma frase sem pontuação!
Então, a idéia de fazer esta campanha foi para, pelo menos, alertar as pessoas sobre a necessidade de se ter o mínimo de cuidado com o que escreve.
Obrigada pelo apoio.
Abraços.

20 de agosto de 2008 às 20:30 Anônimo disse...

Eu chutei o balde da faculdade. Chutei o balde da família. CHutei e chuto sempre que a situação exige.

Quanto a descrição do sujeito acima, lembrei-me do pinguím, naqueles bizarros filmes do Batman quando o Dani De Vitor foi o ator.

21 de agosto de 2008 às 15:15 Newdelia disse...

E quem não o fez? Tem hora que não tem coisa melhor do que chutar o balde desde que se encontre um para isso. Se precisar eu chute mesmo. Já passei da idade de alisar. Tenho esse direito.
Qto ao seu comentário no meu blog... rsrsrs...adorei! Haja barriga prá tanto rei, não é mesmo?
Beijocas.

21 de agosto de 2008 às 17:00 Anônimo disse...

Fez muito bem! Aliás, chutar o balde é bom para o coração!!!!!
Trabalhei muuitos anos na Cia.Docas de Santos e nos anos 70 era general prá lá, general prá cá, coronel ali e major acolá!
Ufa!!!
Um abração

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