Lugar_RSI

AvatarLugar do Real, do Simbólico e do Imaginário
Aqui não se fala dos conceitos de Lacan e a palavra lugar deve ser pensada em sua definição matemática

Na mão de Deus

Jesus viu as multidões, subiu à montanha e sentou-se. Os discípulos se aproximaram, e Jesus começou a ensiná-los: Felizes os pobres de espirito porque deles é o reino dos céus. Felizes os aflitos porque serão consolados. Felizes os mansos porque possuirão a terra. Felizes os que tem fome e sede de justiça porque serão saciados. Felizes os misericordiosos porque encontrarão misericórdia. Felizes os puros de coração porque verão a Deus. Felizes os que promovem a paz porque serão chamados de filhos de Deus. Felizes os que são perseguidos por causa da justiça porque deles é o reino do Céu.
Eu ia dar ênfase (detesto a palavra focar) ao trecho que menciona os mansos, mas achei que muita gente iria apreciar as outras assertivas. Eu fico pensando no tempo em que com doze, treze anos, ia todos os domingos à missa. Ainda estão nos meus ouvidos as palavras e a música de um bonito hino:
Com minha Mãe estarei, na santa glória um dia.
Junto a Virgem Maria, no céu triunfarei,
no céu, no céu com minha Mãe estarei.

Certo domingo, durante a missa, padre Artur falava, naquela entonação característica dos clérigos: - "Venham à Igreja... depois do carnaval... para confessar seus pecados... e obter o perdão do menino Jesus..."
Achei que ele estava chutando o balde, liberando a gandaia, oferecendo um salvo conduto às almas pecaminosas e cheguei à conclusão de que aquele não era o meu caminho. Adeus, templo de Jesus!

Hoje levei minha irmã à Igreja. Ela está sem carro. O trânsito estava uma loucura porque foi desviado por causa da festa de São Sebastião, festa da igreja católica, em Olinda, que é um distrito de Nilópolis. Em determinado época vários municípios descobriram que podiam manter uma Guarda Municipal, com ambulâncias, carros diversos, possantes pick-ups tipo Blazer, etc... Mas onde estão esses benditos guardas que não botam ordem na zona? Os carros vêm na contra-mão, na minha direção. Eu dou farol, buzino, xingo. Consigo impedir que os outros cruzem a rua e impeçam minha passagem; no meu sentido só havia eu, eles são várias dezenas. Eu estou certo, eles estão errados.
Manso eu não sou. Terei um lugar no reino do Céu? Não acredito muito. Mas já li Antero de Quental. Sempre existe uma chance.

Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.

Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despojo vão,
Depus do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.

Como criança, em lôbrega jornada,
Que a mãe leva ao colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,

Selvas, mares, areias do deserto...
Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente!

3 comments:

19 de janeiro de 2008 às 13:09 Anônimo disse...

Este post do Luiz Lailo daria um daqueles debates com o Lobão na MTV.
Como o caso não é esse, um comentário resumidinho é mais aconselhável para um blog.
Tem a "irmã" Pitty (nossa guia roqueira atual), aconselhando que nesses casos aí o ideal é guardar os pulsos para o final (ou seja: nunca surtar).
É aí que me enquadro.
Agora, se a saída de emergência for o Céu "antes da hora"...!
Neste último caso, não quero ser "manso" de qualidade nenhuma.
Deixa eu aqui... lerdo, mesmo!

19 de janeiro de 2008 às 13:29 Ricardo Rayol disse...

Acho que o manso se refere ao homem provido de apendices ósseos na parte frontal da cabeça e que não reagem.

19 de janeiro de 2008 às 14:06 Luiz Lailo disse...

Cuidado, Rayol, esses do apêndice ósseo, num acesso de fúria, podem te ferir.

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