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Aqui não se fala dos conceitos de Lacan e a palavra lugar deve ser pensada em sua definição matemática

Horário Eleitoral Gratuito

Mas podem me chamar de Bizarrice Eleitoral Explícita

Eu tinha um colega de escola que trabalhava na sapataria do pai. A loja se chamava "O Ganha-Pouco de Nilópolis", nome bem sugestivo denotando que o freguês ali pagaria o mínimo necessário para recompensar o trabalho do dono da casa.
Às vezes eu passava na porta da loja e trocava um dedinho de prosa com o colega. Quando aparecia um freguês ele aprontava seu sorriso de vendedor e mandava o surrado chavão: "Vai um sapatinho, freguês"?
A menos que se tratasse da Gata Borralheira o freguês não iria querer uma abóbora para ser transformada em carruagem. Talvez até os celebrados sapatinhos de cristal ele tivesse no estoque. Mas foi assim que ele aprendeu a trabalhar.

Atualmente acho que os vendedores são orientados a não assediar o comprador. Se há duas classes de comerciantes mais nauseabundos, esses são certamente os vendedores de seguros e os lojistas de sapatarias.

Essa introdução serviu para demonstrar que a propaganda enganosa sempre existiu, atualmente foi elevada ao estado da arte. Está aí o horário eleitoral que não me deixa mentir. Hoje apareceu o candidato José Baixa-Renda. Pode? Terá ele trabalhado no Ganha-Pouco de Nilópolis?

Mas a bizarrice não fica nisso. Há dois candidatos, um homem e uma mulher, que adotaram o sobrenome Enéias e gritam tal e qual o falecido. Enéias, depois do Jânio Quadros, foi a maior bizarrice que já apareceu no cenário político nacional. Dava parte de político íntegro mas não tugiu nem mugiu quando compraram os deputados de seu partido que ele havia eleito com as sobras da sua fantástica votação.

Os candidatos atualmente, pelo menos os da minha cidade, têm um truque para apresentar sua eficiência. Se anunciam como funcionários de determinadas instituições. Assim, existe a Fulana da Sucam, o Cicrano do INPS (assim, com a antiga denominação), não sei quem do hospital e não falta quem não lhes reconheça a grande quantidade de trabalhos prestados à comunidade. Ora, eles ganham pra isso assim como o frentista ganha para encher os tanques dos carros. É bem verdade que eles conhecem o caminho das pedras e facilitam uma internação ou agilizam uma consulta.

Hoje me chegou às mãos um santinho do Luciano do Abrigo. Ele trabalha em uma casa de recuperação em Nilópolis que ressocializa alcoólatras, mendigos e drogados. É o Abrigo Luz nas Trevas. Pela sua foto deduzo que ele emergiu dessa escuridão; conta com o apoio do eleitor e diz que Deus é fiel. Deus não se mete em política nem em futebol apesar de vermos, antes das partidas, certos jogadores abrirem os braços e, com as mãos espalmadas e os olhos cerrados, orarem por uma vitória. Sabe-se que se reza funcionasse o campeonato baiano terminaria empatado.

Encerro com o candidato Chumbinho. Não sei se ele se considera um candidato de peso ou se pretende apenas exterminar a população de camundongos do município. As urnas dirão. E não se esqueçam, votem com moderação.

2 comments:

2 de setembro de 2008 às 19:18 Anônimo disse...

São candidatos auto-explicativos.
Resta saber se algum deles não irá querer acrescentar o título de “doutor”, caso se eleja. Afinal, segundo o presidente Lula, um diploma é um diploma!

2 de setembro de 2008 às 20:58 Ricardo Rayol disse...

imagino o que deve ter por aí porque por aqui tem cada um de lascar

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