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Aqui não se fala dos conceitos de Lacan e a palavra lugar deve ser pensada em sua definição matemática

Não entro para clube que me aceita como sócio

Thereza de Marzo (clique para ampliar)

A partir dos anos 20 começavam a surgir meninas com pouco mais de vinte anos que resolveram pilotar um avião. Anésia Pinheiro Machado recebeu seu brevet em 1922 e em 23 de abril de 1923 torna-se a primeira aviadora brasileira a conduzir passageiros. Em 1943, convidada pelo governo dos Estados Unidos, fez um Curso Avançado de Aviação, recebendo licenças de piloto comercial, instrutor de vôo, instrutor de vôo por instrumento e de instrutor de Link Trainer. Várias nações tornaram-na piloto honorário de sua aviação civil e militar. Dentre as homenagens que recebeu destaca-se uma prestada pelo próprio Santos-Dumont. Um detalhe sobre o Pai da Aviação: Em 12 de julho de 1901 ele partiu de um ponto na França e retornou ao mesmo local. O fato teve grande repercussão e foi-lhe oferecida a Cruz da Legião de Honra, que ele recusou por não ser francês. Um mês depois o Aero Clube da França concedeu-lhe uma medalha de ouro.
Thereza di Marzo foi a primeira mulher brasileira a tirar o brevet de piloto. Ela desfrutava de grande prestígio nos meios aeronáuticos do País e até no Exterior, chegando a totalizar 325 horas de vôo, numa carreira coroada de êxito.
E quem não se lembra de Ada Rogato? Em 1950, num avião Paulistinha, visitou Paraguai, Argentina, Chile e Uruguai, numa viagem de 11200 km em 116 horas.

Essas aviadoras receberam inúmeras homenagens graças às suas intensas atividades no setor aeronáutico. No entanto, hoje, homenageia-se qualquer um, seja gato ou cachorro. Os propósitos são outros - agradar ao rei de plantão.

Sobre o assunto, transcrevo alguns trechos de uma carta dirigida aos "Amigos FABianos" por Rui Garavelo Machado:
Sei que a idade nos prega algumas peças, por exemplo, no lugar do pai exigente, disciplinador, educador, nos transformamos no avô condescendente, compreensível e frouxo. É natural; dizem, inclusive, que avô é para deseducar.
O que não entendo é a Autoridade Militar - mesmo os mais velhos e experientes, aceitar o papel de bobos.
Vejam, para exemplificar: Só um alienado total e absoluto concederia uma Medalha por BONS E RELEVANTES SERVIÇOS PRESTADOS À FAB E/OU À AVIAÇÃO BRASILEIRA ao Sr ZUANAZZI e à Sra DENISE.
Coitado do PAI DA AVIAÇÃO; deve estar se retorcendo no túmulo. Meninos, eu vi o Cmt FAB condecorando o Sr ZUANAZZI e a Sra DENISE. Pobre FAB. Pobre País.

Ainda sobre essa medalha maldita: Constrangido, em face da concessão de Medalhas de Santos Dumont a diretores da Agência Nacional de Aviação Civil, o presidente da ANDEP - ASSOCIAÇÃO NACIONAL EM DEFESA DOS DIREITOS DOS PASSAGEIROS DO TRANSPORTE AÉREO, Cláudio Candiota resolveu devolver a medalha de Santos Dumont que havia recebido em 1989. Parabéns.

Nesta sexta-feira a primeira-dama, Marisa Letícia, foi a madrinha das 11 mulheres que concluíram um curso de formação da FAB, entre o total de 107 aspirantes-a-oficial aviador. Já há algum tempo essa homenagem estava acertada, causando algum mal estar entre oficiais da FAB. Não existiria alguém do porte das aviadoras mencionadas no início deste post para marcar mais este acontecimento na aeronáutica brasileira?
Mas a primeira-dama, Marisa Letícia, é que foi homenageada na formatura do curso, que pela primeira vez na história contou com a participação de mulheres. Madrinha da turma, a primeira-dama recebeu a Medalha de Honra ao Mérito Santos Dumont. Criada por decreto em 1956, a medalha representa o "espírito imortal" de Alberto Santos Dumont.

Porém, acreditem, D. Marisa é a menos culpada. Vocês leram acima que Santos-Dumont havia recusado a Cruz da Legião de Honra. Nem todos podem ter a sensibilidade de Groucho Marx, o comediante americano, que dizia: "Não entro para clube que me aceita como sócio."

2 comments:

9 de dezembro de 2007 às 09:45 Ricardo Rayol disse...

A vaidade humana tira todo o senso de ridículo e simancol.

9 de dezembro de 2007 às 15:28 Anônimo disse...

Como oficial aviador, só posso dizer uma coisa: Deprimente!
Desde o início dessa "saga" das aviadoras, tudo, absolutamente tudo foi posto em torno de política. Inclusive as injustiças a que foram submetidos os "colegas de turma" dessas mulheres. Que sempre tiveram que "engolir sapos" para que elas fossem destacadas!
Enquanto o país inteiro for motivado por politicagem...isso irá acontecer.
Gostem ou não, coisas que não deveriam ter nunca acontecido, estão aí, como troféus da igualdade.

Vergonha para quem realmente dedica sua vida nessa nobre carreira.

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