Histórias dos amigos dos meus amigos
Hoje encontrei um velho amigo com quem há muito não falava. Disse-lhe que o havia visto na televisão onde aparecera não como artista, mas como homem do povo. Não, não foi no “se vira nos trinta”. Mas que estou a falar demais. Isto não vem ao caso. O que interessa no momento é que lhe falei, entre outras coisas, que eu escrevia na internet. Não, não era um livro, muito menos de ficção. Minha imaginação é pobre, não consigo nem engendrar uma mentira. Não por virtude, mas é que minha ausência de espírito me põe a salvo de ser um arquiteto do falso, do imaginário, do maquiavélico. E apesar de tudo isso já passei por mentiroso. Grande injustiça! Teria exagerado nas verdades?
Não é difícil a vida de blogueiro. Meu amigo logo me forneceu munição. Candidatou-se a ser personagem das histórias [dos amigos] dos meus amigos. E é uma sua história que passo a narrar.
Cearense é cabra macho, isso todo mundo sabe (?) e nosso amigo (já é nosso amigo) até se animou a dizer que, apesar da idade, ainda estava “coisando” e até me adiantou o nome da “santa”. Mas vamos pular essa parte porque nada tem a ver com a narrativa principal.
Certo dia o irmão lhe telefona do Ceará – ele mora no Rio de Janeiro. E, aflito, lhe contou que seu filho estava lhe causando graves problemas, grandes aflições, enormes angústias e lhe pedia, encarecidamente, para ficar com o rapaz por algum tempo em sua casa até que ele se acalmasse um pouco e deixasse de provocar transtornos. O irmão merecia. Afeto de irmão. Concordou em receber o sobrinho mas ficou deveras preocupado. Será que ele matara alguém no bairro, ou violentara alguma donzela, ou seria caso de roubo? Estaria consumindo drogas e dissipando o dinheiro do pai?
Tudo pelo irmão. Foi ao aeroporto encontrar o peralvilho. Peralvilho, vamos ao pai dos burros: “diz-se de ou indivíduo afetado nas maneiras e no trajar.” Afetado nas maneiras? Mas não lemos que o menino era um indivíduo altamente problemático?
No aeroporto nosso amigo não encontrava seu sobrinho. Mais problemas. O avião já havia chegado há algum tempo. De repente o avista. Estava conversando com alguns rapazes. Como eles, ria muito e gesticulava mais ainda. Quando viu o tio a descontração aumentou: “Tiu! Titiu! Eu já estava tão preocupado, tiu... Achava que já estava perdido.” E desandou a chorar. Como se dizia no circo, senta que o leão é manso!
O problema então seria explicar à vizinhança que o arruaceiro de que lhes falara praticava, na verdade, outro tipo de arruaça. E passaram-se dois anos até que o menino voltou para o Ceará. Será que ele ficou mais calmo como esperava o pai? Meu amigo ligou para o irmão e pediu notícias. Soube que o sobrinho estava com um comportamente mais devagar e até tinha arranjado uma namoradinha.
Aqui pra nós, vocês já souberam de alguma borboleta que virasse crisálida?
1 comments:
Reza a lenda que quando um morto sai "vivinho" do túmulo, sem ser nem múmia nem nada, ele se chama de: um zumbi. Mas um caso desse - de uma alegre pavoa querer deixar de correr atrás de peru -, é difícil encontrar nos reinos da Natureza. A regressão para onde nunca se esteve...? Nem zumbi é tão do outro mundo assim!
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