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Aqui não se fala dos conceitos de Lacan e a palavra lugar deve ser pensada em sua definição matemática

Livrem-se do testamento do Judas!

Na Bahia a tradição de malhar o Judas se mantém. Uma família abriu o negócio de confeccionar bonecos de Judas para o Sábado de Aleluia. Para este ano foram feitos 200. "Muita gente pede para fazer com cara de políticos, mas eu não quero confusão. Cada um pode botar a máscara que quiser, mas a gente vende só com a cara de boneco mesmo", esclarece a dona do negócio.

O texto em vermelho abaixo está em Fundação Joaquim Nabuco. Clique no link para ler mais.

A malhação do Judas é um costume trazido pelos portugueses e espanhóis para toda a América Latina. Malhar o Judas ainda é uma prática comum no Brasil, apesar do costume estar desaparecendo das grandes cidades, principalmente por falta de local adequado ou pelos perigos que representa. Hoje, a brincadeira está restrita, praticamente, a algumas cidades do interior do Brasil, que continuam preservando a nossa cultura e tradições populares.

A brincadeira acontece na Semana Santa, especificamente no sábado de Aleluia. O Judas representa o personagem bíblico, Judas Iscariotes, que traiu Jesus Cristo com um beijo por 30 moedas. Consumada a traição, arrependeu-se, tentou restituir o dinheiro, mas, repelido pelos sacerdotes, enforcou-se numa corda.
A brincadeira seria uma maneira dos católicos se vingarem da traição do Judas. Antes do boneco morrer enforcado como o traidor, no entanto, tem que apanhar e ser bastante xingado.

No meu tempo a malhação do Judas era uma grande festa. Era motivo de alegria e de ódio. Os bonecos representando o Judas eram pendurados nos postes de madrugada e bem cedo ia o povaréu às ruas para ler o testamento do Judas afixado em seu peito. Ali pessoas da comunidade eram ridicularizadas. Havia as piranhas, os cornos, os políticos salafrários e os vizinhos antipáticos que, dessa forma, pagavam por seu comportamento durante todo o ano.

Senhoras zelosas da moral de suas filhas ficavam na madrugada à espera dos detratores das meninas já com a polícia a tiracolo. Quando eles chegavam com o boneco era só conferir o testamento difamador da honra alheia e recolhê-los aos Costumes (extinta Delegacia de Costumes e Diversões Públicas).

Certo menino (muito mau, aliás) todo ano construía seu Judas e chamava a garotada para malhá-lo. Só que ele ia atrás distribuindo pauladas, não no boneco, mas nos malhadores e soltando sonoras gargalhadas. Dir-se-ia o Judas redivivo vingando-se dos seus algozes.

Pois é, a tradição se perdeu na bruma do tempo. Mas que bom seria se voltasse. “Nunca antes nestepaiz” houve tantos motivos para que a população tivesse uma válvula de escape, uma Ouvidoria para suas queixas. Tantos desmandos, tanta desonestidade, tanta maracutaia, tanta incompetência, tanta irresponsabilidade das figuras que governam o país estão a pedir um testamento de Judas. Pena que não mais se fazem Judas como antigamente.

1 comments:

7 de abril de 2007 às 17:10 Sergio Ivan disse...

Meu caro "Seu Lalo".
Vc me fez recordar dos meus judas da minha infância quando as razões de malhá-los eram apenas pegar no pé de algumas pessoas por motivos, na maioria das vezes, bobos.
Hoje para se malhar, realmente, algum Judas não faltariam motivos graves. Imagune se fôssemos malhar todo o "CONGRESSO". Iria faltar material para a confecção deles. Faltaria espaço para se escrever o pq daquela malhação.
De qualquer maneira foi legal toda essa recordação.
Obrigado e bom domingo de "Páscoa"

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