Lugar_RSI

AvatarLugar do Real, do Simbólico e do Imaginário
Aqui não se fala dos conceitos de Lacan e a palavra lugar deve ser pensada em sua definição matemática

Vale a pena..., ou não?

As "subtilezas" do idioma (um amigo gostava de falar assim)

Em inglês se diz: "Work is what makes life worth while". 
Trabalho é o que faz a vida valer a espera, ou ainda, o esforço. No entanto a expressão corrente em português, também em espanhol, é: "trabalho é o que faz a vida valer a pena", ou seja, você é condenado e a pena é compensatória. Em francês se diz "valoir la peine".

Como podem ver, algo restou da Torre de Babel, não só nesta expressão como em muitas outras. Os diversos idiomas guardam uma relação muito estreita. Porém eu não gosto desse modo pelo qual as pessoas se referem a coisas prazeirosas prazerosas. Por exemplo, quando alguém diz: Vá assistir ao recital de violão do virtuose fulano; vale a pena. Seria como dizer, vale o castigo.

E quando se diz, perdi uma boa oportunidade, foi uma pena. Ou ainda, que pena! Que pena seria essa? Seria um castigo leve? Faz sentido.

Mas isso ainda não é tudo. Quando uma veneranda senhora, digna dos maiores encômios, falta a um compromisso o respeitável cidadão lhe diz: "A senhora me deixou na mão". Todos entendem do que se trata, mas degustem cada palavra. Não parece estranha esse história de deixar na mão? Mas ninguém malda. É o enriquecimento do idioma pela participação popular. 

8 comments:

27 de setembro de 2008 às 20:45 Tatiana Carlotti disse...

Uau! Uso sempre vale a pena... Vou parar imediatamente, nada vale "a pena". Quer dizer, depende da pena, se for a pena que escreve, aí vale! Tudo é possível de ser escrito. Mas se for, como você diz, a pena terrível dos castigos, nem sonhando. A vida já é dura demais! A vida é dura... O que será que significa isso? Beijao, Luiz.

27 de setembro de 2008 às 20:53 Anônimo disse...

A expressão "deixar na mão", ouvi esta semana e repliquei:

- Quem te deixou na mão foi sua mulher!

Eles riram e pensaram que foi uma piada, o que também não deixa de ser.

27 de setembro de 2008 às 22:22 Anônimo disse...

Pois é...!!! Foi justamente quando um certo tipo de povo se deixou levar por uma expressão confusa... mais ou menos assim: "sem medo de ser feliz"... Que a coisa foi dar nesse pagamento de pena, ou "pagação" de mico mesmo, coisa do capeta que lá da presidência vai aliciando bispos, os quais (estes últimos) não querem mais ensinar aos seus crentes a diferença entre "pagar o dízimo" e "patrocinar campanha", ou que isso pode valer a pena (de prisão) se for encontrado acolchoando a cueca!

27 de setembro de 2008 às 23:25 Anônimo disse...

Passa o risquinho na palavra 'prazeirosas', ao digitar, você deslizou o dedo em uma tecla indevida. Expulsa o 'i'.

beijão e boa semana.

28 de setembro de 2008 às 01:53 Anônimo disse...

O Fernando Pessoa dizia que tudo vale a pena se alma etc., etc... essas expressões se incorporam ao dia a dia e em qualquer língua.
Um abração.

28 de setembro de 2008 às 02:01 Newdelia disse...

O bom, principalmente, do nosso idioma é exatamente isso. Nem sempre se entende o que outro quer dizer e vice-versa. É deixar acontece. Muitas vezes é até melhor que a interpretação não seja ao pé da letra, né? rsrsrs....
Beijos.

28 de setembro de 2008 às 06:17 vandehugo disse...

E alguém pode me explicar por qual motivo se usa a expressão "pois não" para dizer sim?
- Posso entrar?
- Pois não.
- Obrigado.

28 de setembro de 2008 às 14:12 Anônimo disse...

É,Liuz, eu que o diga como professora de Português. Se formos levar em consideração todas as expressões estranhas, realmente ficaremos boquiabertos com quanta coisa sem nexo. Valeu o texto! Gostei do seu blog! Muito bom tê-lo como novo amigo. Luciana

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