Lugar_RSI

AvatarLugar do Real, do Simbólico e do Imaginário
Aqui não se fala dos conceitos de Lacan e a palavra lugar deve ser pensada em sua definição matemática

Poesia nas ruas de um município distante

Ou, a gentil menina passeando de bike

O post "O rato do campo e o rato da cidade" surgiu por causa de uma visão generosa que me foi colocada duas vezes diante dos meus humanos e pecadores olhos quando transitava pelas ruas de Paracambi... ontem. Mas o assunto do post supracitado me arrebatou, criou vida própria e a criatura prevaleceu sobre o criador. Já não havia como continuar com a arenga que lhe deu origem . O máximo que pude fazer foi prometer um futuro post sobre o Dom Ratão urbano zoando uma bela Camundonga do campo, o que faço agora.
Após passar pelo centro de Paracambi peguei uma rua de mais ou menos uns 500 metros. Foi logo no início que vi a garota na bicicleta. Digamos que tivesse uns 25 anos. Muito bela.
A mulher desconhece sua força. Procura mostrar mais que o necessário. Se a menina da bicicleta estivesse de bermuda ou com um shortinho talvez eu nem a tivesse notado. Mas sentada sobre seu fino vestido que esvoaçava à frente de suas pernas mas que era insuficiente para cobrir a parte posterior das coxas, esse manto diáfano da fantasia revelava muito e prometia o paraíso.
A rua apresentava um certo movimento mas eu não estava com pressa alguma em ultrapassar os vagarosos carros. Por uns 300 metros desfrutei daquela poética visão até que tomei distância. Pelo retrovisor pude divisar-lhe as belas feições e o decote generoso que sobressaía através do casaco aberto.
Depois percorri mais 1250 metros até chegar ao posto para repor algum gás, o GNV do carro, o meu gás sempre se manteve inalterado. Esses detalhes de distância que apresento aqui foi o que pude apurar no Google Earth. Sempre costumo consultar o Google Earth para conferir minhas andanças por esse mundo de meu Deus.
Reabastecido, peguei uma rua em direção à estação de Lajes rumo a Japeri, Rodovia Pres. Dutra e caminho de casa. Quando entro nessa rua, quem encontro? Quem encontro? Quem? Quem? Depois de quase dois quilômetros, a garota da bike.
Essa rua de Lajes tem uns quatro quebra-molas, os carros estacionam ao longo da via e às vezes não dá para ultrapassar, especialmente quando não há motivo nenhum para ultrapassar. Eu via aquelas grossas coxas pedalando com vigor emolduradas pelo esvoaçante vestido e lamentava muito não estar com a minha câmera. Após 300 metros segui meu caminho. Mais uma vez conferi pelo retrovisor o provocante decote e a vi entrar por uma rua lateral.

Li no Blog do Noblat: Victor Hugo dizia que "um dos privilégios da velhice é ter, dentro de sua idade, todas as idades". Balzac via algo de bom nos velhos - o fato de terem, eles, "tempo para amar". Oscar Wilde foi cruel - "o que há de terrível, no envelhecer, não é apenas ficar velho, mas não permanecer jovem". Sartre sentenciou : "Não se morre de velhice. Se envelhece de morrer". E Pessoa confessou: "tudo quanto pensei, tudo quanto sonhei, tudo quanto fiz ou não fiz, tudo isso irá no outono, como fósforos gastos ou papéis amarrotados".

Na segunda vez que passei pela garota notei que ela ria, talvez do velho babão. Quem sabe ela pensasse: "vou matar esse velho". O que ela não suspeitou é que eu sou um poeta, um poeta jovem, um garoto. Perdi a foto mas posso fazer-lhe o retrato falado.
Eu falava no post "O rato do campo e o rato da cidade" de uma mulher ruim de volante, perigosa no trânsito. Mas, vejam vocês, uma mulher pode ser perigosa até sobre uma bike. Vá que ela me distraísse e eu batesse no carro da frente...

1 comments:

3 de maio de 2008 às 23:06 Anônimo disse...

Que perigo hein!?

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